Por André Lopes
Do site de Ailton Medeiros
Palavras que se diz, se diz e não se pensa
Lula vai publicar uma coluna mensal no “The New York Times”. Mas isso não significa que o ex-presidente está obrigado a redigir seus artigos. Como colunista ele certamente delegará a tarefa a algum escriba como sempre fez.
Todos os presidentes têm seus ghost-writers.
Juscelino teve três: Augusto Frederico Schmidt e Álvaro Lins. A famosa frase “Deus poupou-me o sentimento do medo”, pronunciada por JK na Escola Sousa Marques, no Rio, é de Schmidt.
Getúlio Vargas, que entrou para a Academia com um calhamaço, intitulado “Discursos” (lia mal e falava ainda pior), teve vários. Os mais famosos foram Osvaldo Aranha e Lourival Fontes.
Tancredo Neves, que fez memoráveis discursos ao longo de sua trajetória política, delegava a tarefa ao jornalista Mauro Santayana. Aliás, é de Santayana o termo Nova República.
John Kennedy, cujo tempo dedicava quase sempre às mulheres, teve ghost-writers. No caso dele foram três: Arthur Schlesinger, John Kenneth Galbraith e Ted Sorensen. E graças a eles, Kennedy entrou para a história como grande orador. Um deles se tornou célebre.
Em novembro de 1963, dois estudantes negros, James Hood e Vivian Malone, tiveram garantido pela justiça americana seu direito de estudar na universidade do Alabama, até então exclusiva “para brancos”.
George Wallace, um ex-boxeador e governador do Estado, que era contra, tentou barrar a entrada dos dois estudantes se fixando na entrada da universidade. Bob Kennedy, irmão do presidente e ministro da Justiça, enviou tropas federais para a capital, Montgomey, com a finalidade de assegurar o cumprimento da decisão judicial.
À noite, Kennedy fez o discurso, escrito por Sorensen, que entraria para a história dos direitos civis americanos. No documentário “Crise”, de Robert Drew, há uma seqüência em que Sorensen aparece no Salão Oval da Casa Branca discutindo o teor do discurso com o próprio presidente.
Muita gente costuma elogiar os pronunciamentos de Barack Obama. Pois bem, até Obama tem seu ghost-writer.
Trata-se do jovem Jon Favreau. Para quem não sabe, Favreau é o autor do discurso da primeira posse de Obama, considerado uma peça histórica. Quando escreveu, Favreau tinha 27 anos.
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Nos seus diários, GV diz que está escrevendo discursos. Ele era culto e capaz de escrever. Poucos presidentes depois deles sabiam escrever.
Eu coloquei no artigo Juscelino na wikipedia isto do Ghost dele.
Tenho tudo do GV. Os discursos de 1950 , campanha presidencial deram livro de 500 paginas e retratam tudo do Brasil, cada cidade em que discursava falava da historia e da economia do lugar.
Escrito por ele ou por ghost as 500 paginas, o fato é que hoje candidatos não falam coisa com coisa.
Ciro falou em 2018 de SPC e Marina de creches, por exemplo. São totalmente vazios comparados com GV.
e eu tenho o livro da campanha presidencial de JK, hoje raríssimo.