Os problemas da UNE

Por Bruno Moreno

Comentário ao post O 52º Congresso da UNE

Nassif,

Desculpe, mas este texto não demonstra a realidade da UNE atualmente e o pior de tudo, dá nome apenas a alguns bois, não a todos.

O primeiro erro é avaliar que a direção majoritária da entidade piorou ou passou a ter mais oposição com o advento do governo Lula. Aconteceu exatamente o contrário. Hoje, a direção majoritária da UNE, composta não só pela UJS/PC do B, mas também pela Kizomba/PT-DS, que tem a vice presidência, MR-8 (secretaria-geral), Mudança/PT, JSB/PSB, JS/PDT, dentre outros é absolutamente majoritária.

Na oposição estão o PSOL, o PCR e a Reconquistar a UNE-PT, mas não estão unificados. O PSTU já há um bom tempo não participa da UNE e resolveu criar uma nova entidade. Primeiramente foi a CONLUTE, que obviamente não deu certo e agora resolveu criar uma nova entidade, a ANEL. Comumente se escuta que “a UNE não nos representa” de estudantes do PSTU, ou em locais que o PSTU dirige o movimento. Ínfima minoria dos DCE e CA do Brasil. Cabe dizer ainda que desde que saíram da UNE o PSTU não cresceu no movimento estudantil, mas ao contrário, reduziu de tamanho.

Cabe dizer também, que os setores da oposição na UNE (com excessão da Reconquistar a UNE) são contrários ao PROUNI, ao REUNI, ao PDE, ao Bolsa Família, ao PRONATEC, PAC, PRONASCI, UPP, etc. Cabe dizer que esses grupos do movimento estudantil praticamente só existem nas universidades públicas, que ainda são os grandes polos do movimento estudantil, mas onde estão atualmente somente 20% dos estudantes universitários. Cabe dizer que na maioria das universidades públicas, ainda se encontram na oposição.

Esses grupos por sua vez reproduzem a mesma lógica da direita brasileira ao se referir aos estudantes das “uniesquinas”, como se este estudante, que em sua maioria é mais pobre do que o da universidade pública, fosse mais corruptível com promessas de festa e não tivesse raciocínio crítico, não quisesse discutir os problemas do ensino univeristário, da regulamentação do ensino privado, da expansão do ensino público, etc.

Deve ser ressaltado ainda que as eleições dos delegados evoluíram bastante e tornaram as fraudes mais difíceis. Antes as eleições eram por cursos, criando formas absurdas de artificialização e consequentemente fraude nos processos. Até porque era muito mais difícil haver uma fiscalização efetiva dos processos. Com as eleições por universidades, ou por DCE, como coloca o texto, passou a existir uma maior disputa de chapas, logo maior fiscalização e uma menor artificialização.

Neste último período em especial, a UNE melhorou muito, passou a realizar bienalmente um de seus fóruns mais importantes, que é o CONEB (Conselho Nacional de Entidades de Base) que réune representantes de Centros e Diretórios Acadêmicos de todo o Brasil, realizou eventos como o EME – Encontro de Mulheres Estudantes, ENUNE (Encontro Nacional de Estudantes Negros da UNE) e o Encontro dos estudantes prounistas, que aliás é o evento no qual o presidente Lula participará neste Congresso da UNE.

Com a juventude que temos atualmente, fortemente conservadora e influenciada pelos ideais neoliberais, podemos dizer com toda a certeza que o Congresso da UNE é um centro de enorme politização e de contraposição a esta lógica.

Luis Nassif

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