São Paulo – Para a economista e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Cesit-Unicamp) Marilane Teixeira, a audiência realizada pela Comissão Especial da Câmara, nessa quarta-feira (8), com o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode ser considerada um “fracasso” da perspectiva de quem buscava obter dados para fundamentar a “reforma” da Previdência.
Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, a assessora sindical na área de relações e gênero criticou um dos principais argumentos utilizados pelo ministro no colegiado que analisa o mérito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, o de combate aos privilégios. “Mais de 80% das pessoas recebem entre um e até no máximo três pisos previdenciários, que correspondem a R$ 3 mil. Falar de privilégios para quem recebe esse valor é uma falta de bom senso que mostra, de alguma forma, o distanciamento que a equipe econômica de Bolsonaro tem da realidade objetiva do nosso país”, rebate.
“É muita hipocrisia da parte dele (Paulo Guedes) ir para a audiência e falar de concentração de renda, alguém que viveu a vida inteira justamente fazendo fortuna com base na especulação financeira”, ressalta.
Leia também: Guedes diz que Previdência é ‘fábrica de privilégios’ e ataca quem ganha menos
Há ainda outros pontos, de acordo com Marilane, que faltaram ser comentados pelo ministro e sua equipe. Entre eles, o que será feito com o montante poupado, estimado em R$ 1 trilhão em 10 anos; como farão o financiamento da transição e de que forma se dará o regime de capitalização que rompe com o modelo tripartite que envolve Estado, trabalhadores e empregadores.
Ouça a entrevista na íntegra
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Faltou perguntar quem irá continuar pagando os já aposentados uma vez que o modelo que financia suas aposentadorias será extinto. Será o Estado? Mas ele já está deficitário e sem as atuais contribuições acabaram em pior situação ficando exatamente como no Chile.
E a auditoria da dívida pública? Ela precisa ser feita antes da reforma previdenciária.
Falta solicitar ao sr. ministro que deixe, para não passar vergonha, de usar a expressão “Não fazer a reforma é condenar nossos filhos e netos “.
Concordemos que se filhos e netos do sr. ministro passarem dificuldades financeiras no futuro é sarcástico. Uns, diriam deboche.
Ficaria bem e melhor, e mais sincero, se discursasse “Com ou sem reforma de regalias na estrutura de remunerações do Estado os filhos, netos, bisnetos e os bisnetos desse estão fu ….”
Paulo Guedes vai fazer o governo de Bolsonaro a receber uma desaprovação popular confessa ideia de fazer os aposentados a passar fome.