A ação agressiva da Polícia Militar de São Paulo serviu apenas para aumentar adesão de manifestantes aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus na cidade de São Paulo.
Mais de 175 mil pessoas confirmaram presença no “quinto grande ato contra o aumento das passagens”, evento aberto no Facebook, marcado para a próxima segunda (17). A manifestação da última quinta-feira (13) reuniu pelo menos cinco mil pessoas, segundo dados da PM. Para esse evento, 28.416 haviam confirmado participação na rede social. O terceiro ato do ano, realizado no dia 11 de junho, junto três mil pessoas. Já o segundo ato, do dia 6 de junho, cerca de quatro mil participaram dos protestos.
Os números da PM são distintos do Movimento Passe Livre (MPL), organizadores dos protestos. Na última quinta-feira mais de quinze mil teriam ido às ruas, já na terça-feira (11) doze mil manifestantes teriam paralisaram avenidas do cento da capital paulista e no ato do dia 6 de junho, seis mil.
“Os governantes [do estado e da prefeitura de São Paulo] foram tão habilidosos que deram, enfim, o elemento que faltava ao desencadeamento da primavera brasileira”, considerou o professor de História Moderna da USP, Henrique Soares Carneiro. Para ele a recusa de Fernando Haddad (PT) em reduzir as tarifas logo após as primeiras manifestações marcaria o descolamento da identidade social do PT.
“Os manifestantes são eleitores e 95% dos que estavam lá e votaram na última eleição provavelmente eram eleitores dele [Fernando Haddad]. Ao invés disso, o prefeito decidiu perfilar ao lado do [governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin, legitimando a ação da PM. Assim, o PT encerrou sua condição de partido que tivesse qualquer elemento de identidade com os movimentos populares”, ponderou.
Na avaliação de Carneiro, a transição democrática no Brasil é totalmente incompleta e a principal sobrevivente autoritária política no país é a PM, de “estrutura avessa à existência do espaço democrático sendo ocupado pelo povo”. O professor também lembrou que em agosto de 2012, o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou ao Brasil acabar com a Polícia Militar, tendo em vista o volume de execuções extrajudiciais realizadas todos os anos por agentes da segurança pública.
Na tarde de sexta-feira (14) o prefeito Haddad decidiu convidar integrantes do MPL para uma reunião na terça-feira (18).
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