Reino Unido decide sair da União Europeia e David Cameron renuncia

Jornal GGN – Nesta quinta-feira (23), os britânicos decidiram, através de referendo, que o Reino Unido deve se separar da União Europeia, bloco do qual faziam parte desde 1973. A opção por deixar a UE ganhou por 51,9% dos votos a favor e 48,1% contra. A taxa de participação no referendo foi de 72,2%, a maior em votações no Reino Unido desde 1992, com o recorde de 46,5 milhões de eleitores registrados. A decisão ainda precisa passar pelo Parlamento.

Após o resultado, o primeiro-ministro David Cameron, que era a favor da permanência no bloco, anunciou que deixará o cargo. Porém, a escolha do novo premiê britânico deve acontecer somente em outubro. “Como primeiro-ministro vou fazer tudo que posso para segurar o navio durante as próximas semanas e meses. Mas eu não acho que seria certo para mim ser o capitão que orienta nosso país para seu próximo destino”, disse Cameron em seu pronunciamento.
 
A decisão de deixar a União Europeia impactou o mercado financeiro. Na Ásia, a libra esterlina atingiu o menor valor em relação ao dólar em 31 anos, chegando a uma queda de 11%. Os bolsas asiáticas tiveram queda de 7,22% em Tóquio, 4,67% em Hong Kong e 4,09% em Seul. Na Europa, na manhã de hoje, Londres cedia 4,91%, Frankfurt caiu 6,79% e Paris, 8,15%. Ações de alguns dos principais bancos britânicos, como Barclays, Lloyds e Royal Bank of Scotland (RBS) chegaram a ter perdas próximas de 30%. 

Da Folha

Reino Unido vota para deixar a União Europeia

Os britânicos tomaram nesta quinta (23) a decisão histórica de se separarem da União Europeia, o bloco político e econômico que hoje congrega 28 países e ao qual aderiram em 1973. O processo ainda precisa passar pelo Parlamento, mas um veto pelos legisladores é considerado suicídio político.

A negociação da ruptura -o Brexit, fusão das palavras “saída” e “britânica” em inglês- deve levar dois anos.

Com os votos dos 382 distritos do Reino Unido apurados, a opção por deixar a União Europeia venceu por 51,9% a 48,1%, abalando mercados financeiros e provocando uma onda de choque e incredulidade global.

No início da madrugada, manhã na Ásia, a libra chegava ao menor valor em relação ao dólar em 31 anos. A cotação estava em US$ 1,32, queda de 11% em relação ao fechamento de quinta (23). Na Ásia, as bolsas despencavam em Tóquio (–7,22%), Hong Kong (-4,67%) e Seul (-4,09%).

As consequências econômicas de uma saída devem se estender para o comércio —com prejuízo maior para Londres do que para Bruxelas, já que os britânicos dirigem metade de suas exportações à UE.

A consulta popular registrou índice histórico de comparecimento —72,2% do eleitorado— e recorde de 46,5 milhões de eleitores registrados.

Por volta das 4h (hora de Brasília), o premiê conservador, David Cameron, principal fiador do voto pró-UE, anunciou que irá renunciar ao cargo.

O premiê tentou acalmar o mercado financeiro e também os 3 milhões de imigrantes europeus que vivem no Reino Unido, garantindo que não haverá mudanças imediatas.

“Asseguro aos mercados que nossa economia é fundamentalmente forte. Não haverá mudanças imediatas na forma como as pessoas viajam e como as mercadorias circulam”.

A escolha do novo premiê britânico, contudo, deve acontecer somente em outubro, quando o Partido Conservador se reúne para apontar o novo líder.

O maior rival de Cameron na disputa, Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e líder da campanha pró-saída, não havia se pronunciado pela manhã. Johnson foi vaiado enquanto deixava sua residência em Londres nesta sexta-feira.

Já o líder do partido ultranacionalista Ukip, Nigel Farage, que defende a saída, defendeu a formação de um governo britânico pró-Brexit. “Agora precisamos de um governo Brexit”, disse Farage à imprensa diante do Parlamento.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou que conversará com a chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar “uma reação em cadeia de eurocéticos”.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, lamentou no Twitter o resultado do plebiscito: “As notícias desta manhã procedentes da Grã-Bretanha são uma verdadeira desilusão. Parece um dia triste para a Europa e a Grã-Bretanha”.

Na Escócia para a reabertura de um resort de golfe, o virtual candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, afirmou que os britânicos “retomaram o controle de seu país” ao optar pela saída da UE. “As pessoas estão irritadas no mundo todo”, disse. “Estão nervosas com pessoas que vêm ao seu país e assumem o controle. Ninguém sabe quem elas são.”

EFEITO DOMINÓ

A campanha do plebiscito foi influenciada nos últimos dias pelo assassinatoda deputada trabalhista Jo Cox, pró-Europa, por um ultranacionalista, dia 16. Até então, a saída levava ligeira vantagem na margem de erro.

Pesquisa do instituto YouGov divulgada logo após o fim da votação apontava 52% para a permanência e 48% para a saída da UE —sinal de quão acirrada foi a disputa. Esta não seria, porém, a primeira vez que os institutos britânicos errariam resultados. O mesmo ocorreu nas eleições gerais de 2015.

Foram 15 horas de votação sob chuva, com alagamentos e interrupções no transporte.

O placar expõe um país dividido e, segundo analistas, despertará um sentimento anti-UE continente afora.

Há risco de efeito dominó em outros países do bloco, que podem imitar a consulta popular para obter vantagem em negociações, e de impulso a movimentos separatistas como o escocês e o catalão.

O professor de política Tim Bale, da Universidade Queen Mary, de Londres, pondera que o “efeito dominó” tem mais força se o Reino Unido deixar efetivamente o bloco.

Ainda que não signifique o início de um potencial desmonte, há muitos europeus interessados em, ao menos, debater benefícios e potenciais problemas caso seus países decidam deixar a UE.

Pesquisa feita pelo instituto Ipsos Mori com 6.000 pessoas em nove países europeus em março e abril deste ano indicou que 45% dos entrevistados apoiam a ideia de se fazer uma consulta popular em seu próprio país, e um terço disse que votaria para sair do bloco.

A maioria dos franceses e italianos ouvidos concorda com um plebiscito. O instituto ouviu ainda cidadãos de Suécia, Espanha, Bélgica, Hungria, Polônia, Alemanha e do próprio Reino Unido.

Além do ceticismo quanto ao bloco, o plebiscito no Reino Unido despertou outro sentimento entre os europeus: o de não ser bem-vindo entre parte dos britânicos.

Cerca de 3 milhões de cidadãos de países-membros do bloco vivem no Reino Unido, e aproximadamente 2 milhões de britânicos estão nos outros 27 países da UE.

O livre trânsito de cidadãos da UE, uma das prerrogativas do bloco, transformou-se em um dos pontos de maior apelo durante a campanha do plebiscito. Favoráveis ao Brexit defendem que os imigrantes sobrecarregam o sistema de saúde, baixam os salários e “roubam” empregos.

Por isso, analistas avaliam que haverá muitas feridas a curar no Reino Unido após a votação. A disputa rachou o Partido Conservador e expôs fragilidades do Trabalhista. O cisma persistirá.

 

Redação

24 Comentários

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  1. A mamata dos bancos acabou!

    A mamata dos bancos acabou! No Mercosul a maioria dos países, com o excessão do Brasil, não tem o seu capital tomado por bancos e investidores estrangeiros como a Europa com o FMI e o Banco Mundial. O Brasil deve metade de seus impostos aos bancos, para pagar juros da dívida pública. O mesmo que levou a Grécia a falência. Os bancos, junto ao FMI e ao Banco Mundial, estavam sugando os países da zona do euro emitindo títulos da dívida pública a alto juros. Endividando todos os países da zona. É que o Estados Unidos estavam tentando fazer aqui na América do SUl com a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). Estas zonas que eles criam, facilitam a tomada dos recursos dos países pelos conglomerados e o sistema financeiro… Pois tira o poder dos estados e deixa nas mãos dos bancos através da dívida. Precisamos torcer para que todos os países proclamem sua independência e retomem o poder e sua dignidade corrompida pelos gananciosos do sistema.

  2. O placar foi apertado. Sabe o

    O placar foi apertado. Sabe o modelo de golpe branco que foi testado com sucesso em repúbliquetas de bananas, como Honduras, Paraguai e Brasil? Então, nada impede que ele sofra alguma adaptação para este caso, já que existem fortes interesses econômicos envolvidos.

  3. nenhuma surpresa!

    Assim como o golpe aqui no Brasil que não resistiria a 1 dia, se não fosse a mídia e o peso do stablishment, a UE no momento trata-se de uma fantasia, um conto de fadas para midiotas irem dormir que tambem não resisitiria 1 dia.

    A União colocou nas costas do povo europeu todas as regalias do stablishment europeu, socorreu os bancos com dinheiro publico devido ao golpe da piramide norte-americano, invadiu o Iraque á revelia da ONU apenas por capricho, pelo lambe-botas Blair; ao inves de levar bem estar a toda comunidade, concentrou o bem estar nos 1% do povo alemão (e mais alguns outros lambe-botas dos outros “parceiros”) e, para coroar com a cereja do bolo, deu moral para a guerra fria 2.0 tornando a Europa um dos lugares mais inseguros do mundo.  Enfim, a União, ao invés de cumprir uma utopia, na verdade concretizou uma distopia!

    O que estes lideres quizeram era o aprofundamente de um estados de coisas que não tem nada a ver com a UE: um liberalismo que coloca o povo em segundo e aventuram-se nas fantasias imperiais banidas pós-segunda guerra. Amigos, se o bloco não explodisse, o povo explodiria!; haja visto o objetivo dos ultimos ataques islamicos. Muitos atribuem estes ataques a vingança dos arabes, a um terrorismo cego.  Mas devemos considerar que um fração sifinificativa dos europeus é árabe, para não citar a França. Estes ataques são consequencia e não a causa do terrorismo. O terrorismo dorme com este lideres e não o oposto. Blair deveria ser condenado por crimes contra a humanidade, porem anda solto e feliz dando “consultorias”. Consultoria para quem? A respeito de quê? Como tornar a União mais violenta, mais retrógoda com os ideiais que forma sufocados com a segunda guerra?

    Quando Snowden estava “foragido” devido ao escandalo da NSA, o bloco fez DESCER um avião presidencial sob alegação de uma denuncia onde o avião levava um terrorista (sem citar nomes). Rasgou-se todas as regras de convidencia internacional por causa de uma “denuncia”?!?!  A Russia já estava  integrada parcialmente ao bloco, correspondendo a maior rota de expostações/importações fora do bloco. Os norte-americanos embarcam em mais uma aventura golpista fora do território americano derrubando o presidente ucraniano e quase nos colocando numa terceira-guerra mundial devido ao imbróglio Siria. O que os europeus fizeram? Baniram seu parceiro economico, acuou os russos e a OTAN hoje está nas fronteiras russas. Calma ai! Os europeus hoje tem centenas de misseis apontados para eles a troco de quê???  Empurram os russos de volta para as aventuras imperialistas nucleares que presumia-se acabado em 1997? Ganham os americanos reativando sua industria bélica e perda a humanidade!

    É por isso amigo que não vejo surpresa nestes resultados. Isto é apenas o primeiro passo de uma longa distensão politica com data de termino não definido. Como disse Lagrange, temos minado a confiança do povo a respeito do capitalismo e das ideiais liberiais. A resposta ao avanço social é o facismo. Alguem tem dúvida do futuro que nosos lideres atuais nos reservaram?

     

  4. Em nome de um falso “nacionalismo”

    Dias atrás Nassif destacou que é a esquerda brasileira a que possui sentimento nacionalista. Já a direita tende para o internacionalismo global. A saída da Inglaterra não muda essa observação, pois se observa por trás uma volta da Inglaterra para a parceria histórica e bilateral com os EUA, debilitando o bloco de união europeia, que sempre incomodou aos EUA. Aqui observamos isso na nossa direitona, saindo do MERCOSUL e dos BRICS (que traz claras vantagens ao Brasil) e se entregando descaradamente aos EUA. Destaco o contraste dado por Cuba e Colômbia, ao conseguir a paz entre o Estado Colombiano e as FARC. Cuba, demonizada pelos “demo-tucanos”, foi justamente o alicerce moral e de confiança que permitiu a aproximação das partes em conflito.

  5. Penso que estanos agora mais

    Penso que estanos agora mais perto de uma 3ª conflagração mundial causada pelos interesses anglo-saxões.

     

  6. Essa é uma das consequências
    Essa é uma das consequências do reinado truculento do BCE, de Merkel e da Troika ao longo da grave crise econômica na UE. Conseguiram aumentar a resistência a ideia de uma Europa unida. Vai haver uma enxurrada de separatismo depois da decisão dos ingleses.

  7.  O que isso significa?
    Os

     O que isso significa?

    Os partidos de “direita” na Europa exultam. A mídia de “esquerda” na Europa reage com fúria. Afirma que a variável que explicaria o resultado da votação seria o grau de escolaridade: teriam sido os menos educados que votaram pela saída. Membros do partido trabalhista inglês lamentam não terem conseguido explicar aos trabalhadores brancos de baixa renda a importância de permanecer na EU. Outros destacam a questão da imigração que é apresentada como crucial: brancos de renda e escolaridade baixas teriam sido capturados por um discurso nacionalista e racista primário.

    O “mercado” desaba no mundo inteiro. As elites políticas e os burocratas da união europeia expressam todo o seu rancor: “saiam o mais rápido possível”. Obama não gostou, Putin gostou. O The Economist diz que o impensável tornou-se irreversível. Mas o “mercado” e as revistas econômicas não são de direita? E por que “impensável”?

    O corte “direita vs. esquerda” parece esclarecer muito pouco. Melhor é contrapor establishment ao resto. Fazem parte do establishment partidos mais conservadores e partidos da nova esquerda europeia (socialista frances, trabalhista inglês, etc.). Alternam-se no poder e adotam as mesmas políticas econômicas e sociais.

    Brexit é a primeira grande derrota de algo que parecia impensável e irreversível: a governança neoliberal. Uma governança que torna o voto praticamente irrelevante, apresenta a globalização e o fim do estado de bem-estar social como inevitáveis, impede que as populações países em crise, como a Grécia, tenham qualquer poder de decisão sobre seus destinos.

    1. Não faça leitura errada do tal “mercado”:

      a queda de hoje é consequência das altas dos últimos dias, empurrada pelas informações de “virada” do Remain sobre o Exit.

      Mas o consenso dos estrategistas do tal “mercado” é que as consequências do Brexit serão muito negativas para o Reino Unido (ele tem um deficit em conta corrente estrutural que era mascarado pela inclusão na U.E.) e para a cidade de Londres. O peso do Reino Unido no mundo vai diminuir muito.

      Agora nenhum espera qualquer efeito sensível sobre a economia mundial. Vão fugir da libra e de Londres, só isso.

      1. Em momento algum afirmei que

        Em momento algum afirmei que seria um desastre para a economia mundial. Sobre as consequências econômicas para o Reino Unido, deixo para “o tal mercado”, cujos estrategistas têm demonstrado enorme capacidade de prever crises.

    2. E quem te disse que a

      E quem te disse que a ‘direita’ é homogenea? Quem disse que não existem direitas e que elas representam interesses antagonicos e formas diferentes de atingir os interesses da mesma classe? Acho que voce precisa estudar mais e praticar mais a politica para entender o que é direita e esquerda antes de falar que isso não explica nada…

      1. Estudar mais é sempre um

        Estudar mais é sempre um ótimo conselho. Deve ser seguido por todos, principalmente por aqueles que se julgam capazes de aconselhar os outros.

  8. Tenho um camarada inglês a
    Tenho um camarada inglês a vários anos. Conheci ele no Multiply (website que não existe mais) e mantenho contato com ele quase todos os dias pelo Facebook e pelo Twitter. Ele pertence ao partido Verde inglês e estava indeciso. O assassinato da deputada inglesa fez ele se decidir a votar contra a permanência do Reino Unido na União Européia. Mandei uma mensagem felicitando-o pela Vitória e sacaneando David Cameron:

    https://twitter.com/FabioORibeiro/status/746256481893388288

  9. E se o Aécio fosse o primeiro ministro inglês?

    A diferença entre os favoráveis e os contras a continuidade na União Européia, foi tão pequena quanto das eleições presidenciais no Brasil, onde o Aécio e seu partido, levaram o país ao caos, simplesmente porque não concordaram com o resultado, elgando que houve fraude, pois a diferença entre ele Dilma foi muito pequena (3,28%). 

  10. Take it easy Cameron!
    Relaxe! Chame o Aecio Neves para conversar. Na hora ele te passa o know-how pra acabar con esta palhaçada de Brexit…
    Basta pedir recontagem dos votos, ou denunciar as urnas ou financiamento irregular na campanha dos Leave…
    Se não colar, ameace “ninguém sai”! Igualzinho ao “não vai governar”….
    E, ainda tem o último às: chame os deputados-tiriricas do baixo clero dai e impeacha esta brincadeira de sair sem pagar!!!!

    Depois reclamam porque aparecem uns HITLERS da vida de vez em semore!

    Ser humano! Vai entender!

  11. é tempo dos loucos

    Atiraram e acertaram na globalização. O Brexit vai abrir as porteiras do inferno político da mediocridade. A União Européia, por ter sido capitulada pelo neoliberalismo, ampliando fossos desiguais, deu folego ao Donald Trump, nos EUA; a família Le Pen, na França; a Liga do Norte na Itália; aos neonazi da Alemanha; aos loucos políticos da Áustria, Holanda. É dominó agora. Nós jovens, estamos sendo enterrados pelo medo e imobilismo da velha geração, a mesma que criou parte dos problemas.

       

     

  12. O Reino Desunido resolveu ir

    O Reino Desunido resolveu ir pro buraco. Péssimo, principalmente para os mais pobres e os trabalhadores estrangeiros na Ilha.

  13. referendo

    O que diriam os coxinhas sobre a diferença de votos? Aqui 54 milhões de votos estão sendo cassados pelos demotucanos, será que na Inglaterra uma diferença tão pequena ai ser respeitada?

  14. Very british

    Tudo parece ter um ar muito fleugmático, tipicamente britânico.

    Até a véspera, parecia haver uma certa indiferença. Talvez causada pelas sondagens tranquilizadoras de que tudo iria permanecer como estava.

    O mundo foi dormir tranquilo (se é que podíamos estar tranquilos diante das enormes massas de refugiados) e acordou no dia seguinte diante de um pesadelo de proporções ainda desconhecidas.

    O termômetro de uma Europa pintada para a guerra parece ter subido alguns graus. E, neste caso, quando falamos Europa na realidade estamos nos referindo ao mundo todo. O pato (quáquáquá) Donald Trump já demonstrou seu contentamento.

     

  15. a saida (aparente) à direita do neoliberalismo

    Esse pode ser um golpe de morte no neoliberalismo. A UE é mais ortodoxamente neoliberal em politicas monetárias e fiscais que o próprio EUA além de ter sido nos últimos vinte anos o veículo do desmonte do Estado de Bem-estar. O caso da Gréca é escandaloso em mostara como a UE se tornou não o ‘comite executivo’ das grandes finanças, mas é gerido diretamente por elas. Os ativos gregos pelo acordo feito pelos trairas do Syriza com a }UE serão postos em um fundo que tem como um dos sócios o ministros das finanças alemão!

    Mas isso não necessariamente significa que algo bom virá daí, Se o neoliberalismo faz agua no apoio popular, não há saida visivel a esquerda. Aparentemente a extrema direita seria uma defesa da manutenção do Estado de bem estar contra o neoliberalismo da UE revivendo a oposição entre a social democracia e o liberalismo. Muitos do que apoiam hoje a extrema direita na Europa foram em algum momento adeptos da falecida social democracia que se burocratizou, aderiu ao neoliberalismo com algum falso pudor e passou a se situar no ‘extremo centro’ – analogias são possiveis com paises fora da UE… Nada mais falso do que essa aparencia que seduz – com motivo – uma parte do povo europeu atingido pelas politicas neoliberais da UE..

    Em prmeiro lugar isso é algo conservador: em lugar de ampliar o Estado de Bem estar para a Europa, uma UE de Bem-estar em lugar de uma Europa liberal  – o que seria a verdaeira oposição entre a falecida social democracia e o neoliberalismo -, a extrema direita procura manter o Estado de bem estar dentro das fronteiras nacionais. E pior do que conservador é reacionário, pois as ‘fronteiras nacionais’ são definidas em termos de um vago ‘povo’ que pode ser por local de nascimento, sangue ou ‘cultura’. O Estado de Bem estar europeu não foi construido na linha do ‘mérito’ – seja individual, seja do volks, mas da universalidade e igualdade. Além disso dividir os que sofrem com o resultado das politicas neoliberais entre nós (os nacionais, o volk) e os outros (o estrangeiro) é nada mais do que uma estratégia preventiva para impedir que o espaço a esquerda que está vazio seja ocupado pela esquerda – não mais a social democrata pois a saida da Grã Bretanha também pode representar a morte definitiva desta.

  16. vencedores do Brexit
    Escócia voltou pelo Remain e  vão fazer um novo referendo para se separarem do Reino Desunido. Irlanda do Norte também votou pelo Remain e querem referendo.  Is jovens votaram pelo Remain e os mais velhos, que são a nsiiria, pelo Brexit. Vencedores não foram os adeptos do Brexit, mas os partidos populistas nacionalistas de direita facistas como Front National de Marie le Pen ou o AFD, partido com tendências neonazistas e xenófobo  na Alemanha. Sua vice presidente von Storch afirmou hoje: “Chorei de alegria ao receber a notícia hoje.”Parabéns portanto a todos, aqui ou lá que se alegraram com a saída do Reino Desunido da UE.
     

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