Sobre o “chavismo” à Brasileira, por Ilmar Franco

Sugerido por Pedro Penido dos Anjos

Do O Globo

O “chavismo” à brasileira existe?
 
Ilimar Franco
 
Uma certa intelectualidade brasileira elegeu o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para o posto de ícone teórico da política contemporânea. Foi assim transplantado para o Brasil um fenômeno interno, daquele país, chamado “chavismo”. Se esta certa intelectualidade fosse ativa no período em que Juan Domingo Perón governou a Argentina talvez, também o “peronismo” invadisse as nossas análises e povoasse a produção dos nossos analistas. 
 
Não passa um só dia sem que algum sábio nacional atribua a políticos brasileiros intenções batizadas de “chavistas”. Práticas políticas já exercitadas à exaustão ao longo da história do Brasil e do mundo ganharam um novo significado e vem sendo sistematizadas como se fossem “chavismo”. Se esta produção intelectual continuar se difundindo, em breve se terá a impressão que se trata de um fenômeno político mais representativo que o “nazismo” ou o “fascismo”. Ou então, torná-lo alguma coisa próxima do “leninismo”, do “maoísmo” ou do “stalinismo”
 
O chamado “fisiologismo” e a busca pelo aumento da fatia do governo federal na arrecadação de tributos são descritos como subprodutos do bicho papão “chavista”. Assim, muitos políticos, tratam a concentração de receitas nos cofres federais. Mas no Brasil esta é a nossa realidade desde a promulgação da Constituição em vigor. Desde 1988 e, portanto, antes de Chávez, que TODOS os presidentes da República brasileiros promovem iniciativas e aprovam legislações para reconcentrar receitas nas mãos da União. Isso ocorre via criação, ou manutenção, de novas taxas e contribuições que não são compartilhadas com os estados.

 
Como alguém pode se referir à troca de benesses por votos como uma representação do “chavismo”? O presidente Lincoln comprou votos para aprovar lei acabando com a escravidão nos Estados Unidos. Será que Lincoln seria um seguidor de Chávez? Será que o espírito do venezuelano baixou no americano? O “é dando que se recebe”, praticado por TODOS os presidentes brasileiros, merece ser chamado de “chavismo”?
 
A subtração da liberdade, a retirada de poderes do Congresso, o fechamento do parlamento, todos amplamente praticados no Brasil durante a ditadura militar, também podem ser descritos, por certa intelectualidade, como práticas originadas no “chavismo”. Como se pode tentar batizar experiências praticadas, ao longo da história no Brasil e no mundo, de “chavismo”?
 
Os que procedem desta forma, caricata, dão sua contribuição para reduzir e obscurecer o debate político. E, por fim, devo recordar que esse procedimento não é nenhum fenômeno contemporâneo ou coisa nova. A empulhação é uma prática recorrente, e internacional, que em todos os tempos tenta substituir a inteligência.
Redação

6 Comentários

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  1. “Os que procedem desta forma,

    “Os que procedem desta forma, caricata, dão sua contribuição para reduzir e obscurecer o debate político. E, por fim, devo recordar que esse procedimento não é nenhum fenômeno contemporâneo ou coisa nova. A empulhação é uma prática recorrente, e internacional, que em todos os tempos tenta substituir a inteligência.”

    Querem é criar um novo clima de “cubanização”, “repúbica sindical”. Só nisso que pensam quando começam a perder eleições. Deu “certo” no passado.

    Vá falar que plebiscito é uma coisa “autoritária” lá nos EEUU e veja se eles entendem.

  2. Começou lá atras, nas

    Começou lá atras, nas negociações da Copa e Olimpíadas, no omelete na Ana Maria Braga, no chá das cinco na casa de Dona Lili Marinho. Depois veio o mea culpa de 64, Jorge Pontual e os médicos cubanos, os ataques gratuitos de Miriam Leitão contra os jornalistas da Veja e agora Ilimir Franco escreve esse texto sem pé e sem cabeça. A Globo News já é uma notória petista, faz tempo, mas definitivamente acho que todo o sistema grobo se bandeou, mudou de lado.

    Nem precisa ser muito esperto para especular: afinal, se a Grobo tem uma DARF de 680 milhões para quitar junto a Receita Federal, não paga  e o Governo não cobra, acho que credor e devedor estão acordados em alguma coisa….ou não?

    Vamos aguardar os acontecimentos, vamos ver o comportamento dos outros jornalistas da grobo como  Willian Waack, Sardemberg, Fiuza, Noblat, etc…, pois a Miriam, o Ilimar, o Pontual, já assinaram ficha no Boca-Paga…

     

     

    1. Globo petista…

      kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk cansei.

      Tão real quanto um seguidor que apareceu hoje na minha página do feicibuque: Ali Kamel.

       

  3. A carapuça serve para a

    A carapuça serve para a maioria dos seus colegos de Globo, caro Ilmar. É preciso ficar renovando as bruxas a serem combatidas. O que não muda nunca é a imprensa brasileira, eternamente adepta do lacerdismo. O que começou mesmo antes do Lacerda ter nascido

  4. Falta de assunto . Pródigo em discurso.

    Falta de assunto . Pródigo em discurso. “Neutro” ao falar em stalinistas, quem te viu, quem te vê, Ilimar.

  5. Não sabe o que é “chavismo”

    Mais um que fala de “chavismo” e demonstra não saber o que é. A imagem dele é a da imprensa que ele representa: puro preconceito.

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