Por Paulo F.
Kremlin acusa revista “Time” de “putinofobia”
Por Ana Fonseca Pereira, do Público.pt
Vladimir Putin está a um passo de regressar à presidência da Rússia, mas os protestos dos últimos meses, ainda que limitados às grandes cidades, retiraram triunfalismo à sua campanha. O primeiro-ministro não esconde, por isso, a fúria quando a imprensa toca nesse ponto sensível – o seu porta-voz classificou de “russófoba” a revista “Time”, que pôs Putin em tamanho liliputiano na capa da sua última edição.
“O incrível encolhimento do primeiro-ministro da Rússia”, lê-se na capa da edição internacional da revista americana. Por baixo das letras garrafais, um pequeno texto antecipa o artigo assinado por Simon Shuster: “Putin vai conseguir um terceiro mandato, mas o seu controlo do poder é mais frágil do que nunca. E isso torna o mundo um lugar menos seguro”.
Foi quanto bastou o Kremlin reagir. “É com grande certeza que posso dizer que o autor destas palavras é um grande ‘russófobo’ ou ‘putinófobo’”, disse Dmitri Peskov à rádio Kommersant-FM, acrescentando que “esta fobia cega não lhe permite avaliar objectivamente a realidade”.
Mas a “Time” – que elegeu o então Presidente como a personalidade do ano de 2007 – não é a única a apontar para uma nova realidade na Rússia, onde após 12 anos de poder, Putin enfrenta pela primeira vez sinais de descontentamento popular, ainda assim insuficientes para pôr em causa o seu domínio político.
Numa sondagem divulgada nesta sexta-feira, o Centro Levada prevê que o primeiro-ministro vencerá as presidenciais de 4 de Março com dois terços dos votos (63 a 66%), a enorme distância do líder comunista, Gennadi Ziuganov. Um resultado aquém do conseguido pelo seu delfim, Dmitri Medvedev, em 2008 (70%), mas mais do que suficiente para poupar Putin à humilhação de uma segunda volta.
Contudo, o estudo revela que está a crescer o número de descontentes com o sistema político que ele moldou desde a sua chegada ao poder – mais de um terço dos inquiridos concorda com os protestos contra as alegadas fraudes nas legislativas que em Dezembro deram a maioria absoluta ao partido Rússia Unida. E apesar de 80% dos inquiridos acreditarem que Putin vencerá, são pouco mais de metade os que o vêem como “líder da nação”, o cognome preferido pelos seus apoiantes. “Vamos ter um líder autoritário enfraquecido”, disse Lev Gudkov, director do centro independentes de sondagens, prevendo um reinício da contestação após as eleições.
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