Turba que Celso Mello açula agride Lewandowski

Da Folha

Lewandowski é hostilizado por eleitores

Revisor do mensalão foi chamado de ‘Liberandowski’ e ‘vergonha nacional’ ao votar

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski foi hostilizado por eleitores ontem, enquanto deixava sua zona eleitoral após votar, no Brooklin (zona sul de São Paulo).

Seu papel como revisor do mensalão lhe rendeu, de um mesário, o apelido de “Liberandowski”. O mesmo rapaz perguntou se ele já tinha dado “um abraço” em José Dirceu, um dos réus que absolveu no julgamento. O mesário, um publicitário, não quis se identificar à reportagem.

Lewandowski deixou a escola Mário de Andrade por volta das 12h, de camisa azul, sorridente, dizendo que “o voto é secreto”.

Ele foi questionado se percebia, nas ruas, um tratamento oposto àquele reservado ao colega Joaquim Barbosa, relator do mensalão, que foi aplaudido no Rio, ao votar no primeiro turno, e que chegou a ganhar uma campanha virtual defendendo que vire presidente do Brasil em 2014.

“Nunca vi isso. Pelo contrário, só recebo cumprimentos. Muitas pessoas querem tirar foto comigo. Você vê aqui a tranquilidade”, disse.

Enquanto terminava de falar, eleitores dispararam expressões como “que nojo” e “vergonha nacional” a ele.

“Entrei na fila como um cidadão comum, pela porta da frente”, afirmou. No primeiro turno, ele entrou pela porta dos fundos da escola.

Para diminuir os riscos de tumultos, o juiz Alexandre David Malfatti, responsável pela zona onde vota o ministro, determinou a retirada de três repórteres do colégio estadual, com uso de PMs.

Pouco antes de Lewandowski chegar, o juiz afirmou que a imprensa não poderia acompanhar seu voto sem solicitação prévia. “Para fim de resguardo do voto do eleitor”, disse uma interlocutora.

SEGUNDA OPINIÃO

Na saída, o ministro defendeu seu papel no mensalão. “[O revisor] apresentou um contraponto, muita gente foi absolvida. […] É como quando alguém tem um problema de saúde sério, vai ao médico e depois pede uma segunda opinião.”

Sobre a divergência de sua visão com a de outros ministros (vem sendo voto vencido quase sempre), questionou: “Doze absolvições é pouco?”.

Ele descartou que o julgamento possa influenciar no resultado das eleições. “O povo brasileiro está muito maduro para fazer as escolhas conscientes, independentes, sobretudo quando nós temos uma imprensa livre, que pode apresentar todos os ângulos das questões em debate.”

Luis Nassif

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