Um Brasil sequelado, por Zeca Dirceu

Perdas geradas pela pandemia de covid-19 não só afetam milhares de famílias, como também englobam crise econômica, desemprego e fome

Deputado federal Zeca Dirceu (PT). Foto: Gustavo Bezerra

Um Brasil sequelado

por Zeca Dirceu*

Faz quase três anos que desafiei o Ministro Paulo Guedes a apresentar o estudo que fez priorizar os seus amigos banqueiros em sacrifício dos brasileiros menos favorecidos com a Reforma da Previdência Social. O fato tomou grande repercussão e hoje, mais do que nunca, sem um pingo de arrependimento, eu não mudaria uma só palavra de tudo o que disse a ele.

Naquela época, eu já previa o caos econômico que assolaria a população mais carente do nosso país, só não sabia que teríamos que passar por um período tão difícil com um Governo desastroso e, além disso, ainda suportar uma pandemia.

O atual Brasil sequelado extrapola as perdas causadas pela epidemia de Covid-19. São mais do que as 655 mil famílias que choram por seus entes queridos que se foram, vidas que poderiam ter sido salvas com a compra de vacinas no momento adequado. É um luto triste e com muitas outras adversidades a vencer.

Queria também poder falar que o maior desafio do momento pós epidemia é o atraso da política para tratamento de pessoas com sintomas pós – Covid, mas isso também não é possível. Mesmo que o assunto seja sério, grave e negligenciado até bem pouco tempo pelo Governo, e ainda que o próprio Ministério da Saúde tenha reconhecido que um percentual entre 30% a 75% das pessoas que foram contaminadas pelo coronavírus, apresentam sintomas após a doença ter sido “curada”.

Infelizmente, e graças à incompetência de Bolsonaro e sua turma, essas não são as únicas e profundas dores sentidas por milhões de pessoas no nosso país. São pais e mães desempregados e sem apoio de uma política social, muitos que precisaram ir com suas famílias inteiras morar na rua, fora a qualidade nutricional das refeições da população que despencou com a alta dos preços dos alimentos e do gás de cozinha. O Brasil voltou a passar fome!

E as sequelas desse desgoverno não param por aí! Tem ainda o aumento dos combustíveis, a Amazônia devastada, os povos originários ameaçados e a boiada literalmente passando junto com a imagem internacional do Brasil, que sempre foi motivo de orgulho, e hoje está virando cinzas.

Guedes é o espelho de Bolsonaro e vice versa. O projeto de priorizar milionários sempre foi claro e cada vez mais evidente com as ações do Governo, prova dos lucros dos bancos que ultrapassaram R$ 175 bilhões nos últimos dois anos, enquanto a maioria esmagadora da população lambe suas feridas e tenta se recuperar a todo custo desse terrível pesadelo dos últimos anos.

Quando perguntei a Guedes quais foram as informações técnicas que o levaram a tomar medidas que afetaram os mais pobres com sua postura de “Tigrão” e tratar os empresários milionários de outra forma muito mais solidária, ele afetado emocionalmente e no calor do momento respondeu rapidamente:

– “Tchutchuca é mãe, tchutchuca é a vó!”

Não poderia esperar outra coisa do representante econômico desse Governo, que, além de completamente irresponsável, é machista e misógino! As mulheres, mães e avós de família, são de fato as que mais batalham, resistem e sofrem num cenário como o que estamos passando.

Depois de tudo isso que vivemos na pele, Guedes continua repetindo que a economia do país está melhorando. E a minha questão para ele continua sendo a mesma:

Melhorando para quem? Embora a resposta a gente já saiba!

Porém, não há tempestade que não passe e já estamos vislumbrando, neste ano decisivo, os raios do sol da esperança brilhando e iluminando esse tempo sombrio para renascer um Brasil feliz de novo, com dias em que a população possa fazer planos para uma vida melhor, e que vão além da luta pela sobrevivência. Um momento em que os sonhos voltem a ter estrutura e possibilidade de serem realizados.

O ano de 2022 promete! A estrela dos brasileiros voltará a brilhar!

* Zeca Dirceu é deputado federal (PT-PR)

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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