Um clássico da análise política

Esses tempos sombrios, em que a velha mídia caiu no discurso mais execravelmente elitista, preconceituoso, excludente, abriram mercado para o pensamento neocon oportunista. Nesse jogo de pretender criar uma inteligentzia neocon, dois beneficiários diretos foram nosso velho conhecido Marco Antonio Villa e Alberto Almeida, autor de “A Cabeça do Brasileiro”, tema de uma capa da revista Veja que se tornou um clássico do preconceito tosco.

Confira, abaixo, uma análise do Almeida sobre as eleições, publicada hoje no Estadão. Explica a razão do encantamento da velha mídia por ele. Diria apenas uma palavra para exprimir meu espanto: inacreditável!

Sobre as causas do crescimento da Dilma

O crescimento de Dilma pode ser encaixado em três das quatro alternativas a seguir: a) acertos de Dilma e erros de Serra; b) acertos de Dilma, mais e melhores do que os acertos de Serra; c) erros de Dilma, menos freqüentes e menos graves do que os erros de Serra; e d) erros de Dilma e acertos de Serra. Esta última alternativa é a mais improvável de todas: o crescimento do candidato que erra em prejuízo do candidato que acerta.

Sobre a multiplicação das promessas

Serra vem acertando ao afirmar que vai manter e aprofundar o Bolsa-Família, mas poderia acertar mais se prometesse duplicar ou triplicar o programa, desta forma, não ficaria na defensiva toda vez que fosse perguntado se irá ou não manter o benefício caso seja eleito.

Sobre o uso da palavra “trabalhadores”

Serra vem acertando ao falar dos trabalhadores e dos desamparados, acertaria mais se deixasse de lado a palavra trabalhadores, que faz parte do nome do PT, e buscasse um vocábulo mais popular e que tivesse um significado mais forte para os pobres.

É só seguir Obama

Para fazer frente ao crescimento de Dilma é preciso falar coisas mais populares, coisas que melhorem a vida da população pobre, que é a grande maioria do eleitorado. Mais importante, é preciso falar cada vez mais coisas que as pessoas querem ouvir. É só seguir o exemplo de Barack Obama.

Clique aqui paraler a íntegra

No seu livro, todo brasileiro de classe humilde é trouxa e tem má índole. Na prática, trata como trouxas todos leitores do Estadão.

Por Daniel Marchesi

Dei uma olhada rapida na sinopse do livro, e depois procurei ler essa reportagem da veja a respeito dele.Bem, mais uma vez, vejo exatamente aquilo que o Nassif sempre diz:uma analise cheia de contorcionismo apoiada em dados estatisticos “puros” , sem uma analise mais aprofundada.

Segundo a veja, o livro prova que a elite brasileira é na verdade o oposto do que dizem os “esquerdistas “:é uma forca modernizante.

Mas quais sao as provas disso?simples:o autor fez uma serie de enquetes a respeito de tematicas variadas(politica,religiao, costumes, etc) e observou as respostas associada à cada camada social e de escolaridade.A partir disso ele “provou” que os pobres sao idiotas, preconceituosos, tradicionais, desonestos, tolerantes a corrupcao, e a elite é democratica, educada, liberal, e intolerante a acoes moralmente incorretas.

Acho que uma analise bruta dos números nos levaria a esses resultados, e todos nós,seres minimamente dotados de senso crítico,sabemos porque:quanto maior o nível de escolaridade, maior será a probabilidade de essas pessoas darem respostas “politicamente corretas” que muitas vezes nao correspondem efetivamente com a forma de agir das pessoas.

Vejo o caso de quando estava na europa, especificamente na Alemanha:ainda que hoje existam muitos europeus que discriminam arabes, negros e latinos,certamente uma pessoa razoavelmente escolarizada negaria categoricamente que tem preconceito contra esses segmentos.Mas,uma vez qndo estava em um mercado de produtos usados, um vendedor de bicicleta grego, que visivelmente era pouco escolarizado, me disse sem a menor vergonha, que no brasil devia ter mais pessoas que nos eua, uma vez que mais da metade da populacao de lá era de negros, e negros nao sao estadunidenses(mal ele sabia da igual situacao do Brasil).Ainda que eu realmente tenha duvidas que isso foi realmente uma observacao discriminatória, é certo que, uma pessoa de maior escolaridade, muito provavelmente nao falaria algo que levantasse suspeita de que ela estivesse sendo preconceituosa.

Daí vemos que não ´há como fazer uma análise seria acerca de como pensa uma populacao a partir de um simples questionário,uma vez que ele pode ser bastante impreciso no caso de pessoas de maior escolaridade,uma vez que esse estrato da sociedade tende a dar respostas mais “politicamente corretas” em detrimento de respostas sinceras.Mas nao podemos também fazer uma analise generalizada partindo da amostragem do grupo menos escolarizado, que apesar de culturalmente possa ter muitas afinidades com o segmento mais rico e mais escolarizado, as diferencas sao ainda significativamente grandes em vários aspectos, inclusive por esses segmentos terem tido uma evolucao cultural paralela e com pouco intercambio, já que a mobilidade social do brasi é relativamente baixa.

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Luis Nassif

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