Veja: o “detrito de maré baixa”

Por DiAfonso [editor-geral do Terra Brasilis]

Recentemente, a Veja publicou entrevista com Michael Walzer, filósofo político estadunidense, professor da Universidade de Harvard e autor de Guerras Justas e Injustas [editora Martins Fontes]. Na esteira do conteúdo da entrevista, o “detrito de maré baixa” [expressão usada por Paulo Henrique Amorim para definir a Vejaaqui] a introduz destacando a crítica que o analista político faz à posição do Brasil em ter se abstido na votação do Conselho de Segurança da ONU [ver imagem abaixo].

Sabe-se que  o interesse da Veja não é outro a não ser o de  criar um ambiente desfavorável à independência da política externa brasileira – iniciada no governo Lula – e, por tabela, atingir o governo Dilma.

Vale notar que, por um lado, o posicionamento do Estado brasileiro contempla uma parte ínfima da entrevista e, por outro, o “detrito” sequer menciona no destaque a posição que “outros países do Conselho e até governos árabes em geral” tomaram contra a medida indicada e, posteriormente, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. A postura dos que se abstiveram [Rússia, China, Índia e Alemanha] foi a mesma do Brasil. Isso está na entrevista e é dito pelo professor Michael Walzer com um misto de certa frustração.

Pergunta-se: por que o Brasil haveria de aderir à medida em conluio com os EUA e com os outros nove países que votaram pela aprovação de uma zona de exclusão aérea na Líbia? Para o mórbido gozo dos editores da Veja e da elite mesquinha nacional, aliada e subserviente às diretrizes de Washington?

Para além do destaque mencionado na imagem acima, a Veja não repercute [por razões que estamos cansados de saber]  um ponto de extrema relevância, quando se trata de discutir a presença dos EUA como  mentores de guerras fabricadas por interesses próprios. Afinal, a nação mais poderosa do mundo pretende ser a beneficiária-mor desses rompantes bélicos, apossando-se dos recursos naturais dos países por ela atacados e sedimentando sua vocação imperialista.

O ponto a que me refiro diz respeito à “confissão” de Walzel, segundo o qual a intervenção na Líbia ou em qualquer outro país [Iraque e Afeganistão são exemplos disso] é, na verdade,  “operação de ‘guerra’”. Não entendo de filosofia política, mas também não posso deixar de reconhecer que me esforço para ser um leitor que lê nas entrelinhas. Operação de guerra é operação de guerra e se dá quando há beligerância entre países, o que parece não ter sido o caso do Iraque [é sintomática a falsa informação  veiculada no governo Bush para atacar o Iraque e destronar o outrora aliado Saddan Hussein – aqui]… E parece não ser o caso da Líbia.

Leia entrevista completa no “detrito de maré baixa”.

Para ler o que dizem os especialistas sobre a abstenção do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, no caso da Líbia, clique aqui.

Redação

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