Xico Graziano e o “maquiavel mequetrefe”

Comentário do post “Villa, o PSTU da direita”

Xico Graziano foi escalado para dar a botinada “interna” em Villas. Está aqui e aqui. Chama o Villa de “Maquiavel mequetrefe”.

Do Observador Político / Blogs
De Xico Graziano 

Marco Antonio Villa, o maquiavel mequetrefe

Um artigo esdrúxulo artigo foi publicado pelo historiador Marco Antonio Villa no Estadão deste sábado (28/01). Para argumentar que a oposição está sem rumo, inicia por dizer que FHC faz uma análise “absolutamente equivocada da conjuntura brasileira”. Não é que o professor discorda disso ou daquilo, contrapondo opiniões, o que seria normal. Não. Ele acha que FHC não entende “absolutamente” nada da política nacional. Que empáfia!

Eu li e fiquei pensando: mas que pretensão exagerada. Quem é esse iluminado, um fenômeno acadêmico, um sabichão, que simplesmente zera a capacidade de análise política de FHC, coisa que nem seus maiores adversários ousam fazer?

Para provar que FHC nunca foi bom na política, o vaidoso professor arrola 6 episódios históricos. Pois eu estive presente, ao lado de FHC, em todos eles. E posso afirmar, e provar com documentos e depoimentos, que todas as interpretações oferecidas no artigo estão maldosamente equivocadas. Eu desafio o professor Villa para um debate público sobre aqueles episódios para ver se ele sustenta as bobagens que escreveu.

Ao criticar a oposição, e especialmente o PSDB, o pedante professor enfrenta a situação, taxada por ele como uma “cruel associação do grande capital com os setores miseráveis”, que periga se perpetuar no poder. Quer dizer, o homem é contra o governo do PT. Conclusão: mais que o famoso “fogo amigo” da política, o arrogante historiador se coloca acima do bem e do mal, posa de conselheiro do rei.

Essa espécie de Maquiavel mequetrefe não percebe, em seus delírios intelectuais, que sua mente está impregnada das velhas idéias da política, formuladas no século passado sob o dogma da dualidade que opõe a esquerda com a direita, a situação contra oposição, o povo contra as elites, utilizadas até hoje, é verdade, pelos últimos populistas, ou autoritários, que vivem de iludir e mandar no povo. Mas eles desaparecerão.

Tal referencial de análise está ultrapassado pelo fim das ideologias totalizantes, pela globalização da economia, pela crise ambiental, pela luta em favor da diversidade humana, pela defesa da paz e da tolerância, contra a violência e as drogas, pela ascensão das classes sociais, pelas modernas formas de comunicação determinadas nas redes sociais via internet. A democracia e o sistema republicano, incluindo os partidos, precisam se renovar, se abrir, para capturar a demanda que brota da juventude na era digital.

É por aqui, pelos caminhos dessa nova agenda imposta à reflexão na civilização humana, que perpassa o pensamento de FHC, mesmo quando analisa a realidade política brasileira. Por isso que o professor Marco Antonio Villa, contaminado pelos vícios do passado, não consegue entender nada, e escreve besteira. Paciência.

Promessa cumprida: desafio ao Marco Antonio Villa

O historiador Marco Antônio Villa (MAV) escreveu um artigo pretensioso e equivocado, publicado recentemente no jornal O Estado de S Paulo (Oposição

sem rumo, 28/01), afirmando de FHC faz uma análise “absolutamente equivocada” da conjuntura brasileira. Mais ainda, arrolou 6 fatos históricos para comprovar que “esse tipo de reflexão nunca foi o forte” de FHC.

Inconformado com os absurdos do professor da UFScar, imediatamente o desafiei, aqui no Observador Político, para um debate público, querendo saber
se ele sustenta seu ponto de vista. Eu estive ao lado de FHC nos 6 acontecimentos citados, e vou rebatê-los um a um, expondo minha versão aos
internautas da rede do Observador.

1. Segundo MAV, em 1985 FHC “achou que ganharia fácil de Jânio Quadros, e perdeu”. Ora, somente um estúpido da política poderia
achar que era fácil um neófito em eleições majoritárias vencer aquela eleição municipal contra o mito Jânio. Tanto é que o PMDB da época mobilizou todos os municípios paulistas para vir em caravanas para a capital ajudar na reta final das eleições. Pesou, decididamente, poucos dias antes da eleição, a repercussão negativa da entrevista dada por FHC ao jornalista Boris Casoy falando sobre sua fé em Deus. Por fim, nossa inexperiência eleitoral impediu fiscalizar devidamente o processo de apuração dos votos, onde consta ter havido grande roubalheira. FHC perdeu, mas ganhou projeção nacional e seguiu a carreira que o levou à Presidência.

2. Segundo MAV, embora FHC criticasse o governo Sarney, em 1996 somente “foi eleito senador graças ao (plano) Cruzado”. Maldade pura. Mário Covas e FHC se elegeram em dobradinha para o Senado com enorme votação graças à sua história de vida, na luta pelas liberdades democráticas, contra o arrocho salarial promovido pela ditadura. Além do brilho do governo de Franco Montoro.

3. Segundo MAV, em 1991 o então senador FHC “lutou para que o PSDB fizesse parte do governo de Collor”. Não é verdade. Quem acompanhou os dilemas da política naquela época sabe que a iminência da crise institucional obrigou os congressistas a dialogarem sobre os caminhos da República e, nesse processo, FHC e Tasso Jereissati foram interlocutores de Collor. FHC jamais “lutou” pelo adesismo, mas sim pela busca de saídas para fortalecer a
recém-conquistada democracia brasileira. Mário Covas, mais reticente às conversas com o poder, esteve sempre ao seu lado nesses dias confusos e
atribulados. Ambos não eram bocós como imagina o ingênuo professor.

4. Segundo MAV, FHC não queria, “de forma alguma, aceitar o cargo de ministro da Fazenda” de Itamar Franco. Meia verdade. FHC estava feliz com seu posto de Chanceler, mas sua proximidade com Itamar, sua capacidade de interlocução política e seu brilho intelectual o haviam levado a ser uma espécie de “primeiro ministro” do governo. Sua nomeação não foi tão surpreendente assim e, ao assumir a Fazenda, exercitou tal função de coordenação com maior capacidade ainda. Daí saiu o Plano Real, que mudou o Brasil.

5. Segundo MAV, em 2005, no auge da crise do mensalão, FHC “capitaneou o movimento que impediu a abertura do processo de  impeachment contra Lula”. Achava melhor deixá-lo “sangrando”. Outro dia FHC falou em debate da Folha sobre esse episódio. Ele confirmou que se opôs à tentativa de derrubada de Lula por supor que isso poderia criar uma fenda imensurável na sociedade brasileira, pois se vitoriosa a ação seria entendida como uma articulação das “elites contra os operários”. Os professores de história contarão no futuro esse fato de forma mais generosa que o vaidoso docente em questão.

6. Segundo MAV, é um absurdo que agora FHC tenharesolvido “defender a tese de que a oposição tenha um candidato presidencial com antecedência de 2 anos, uma espécie de dedazo”. Primeiro, FHC não defendeu nenhum candidato do PSDB. O que fez foi, ao analisar o quadro político interno do PSDB para 2014, dizer que o óbvio é uma obviedade, ou seja, que tudo indica ser Aécio Neves o próximo candidato, pois assim deseja majoritariamente o partido. a imprensa, fazendo seu papel, traduziu em manchete.

Segundo, e por fim, quero eu entender do sabichão professor: onde está escrito que é errado um partido definir um candidato com antecedência?! O PT fez isso com Lula durante 16 anos, e nada indica que tenha errado na estratégia.

A palavra está aberta.



Luis Nassif

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