A Coordenação de Apoio aos Índios Cocama

Do Portal Luis Nassif
Página de Regina Silva Kokama

O POVO KOKAMA E A COIAMA

Sempre que se escreve sobre movimentos indígenas, deve-se primeiro averiguar os fatos para que se evite digamos ”propaganda enganosa”.  E dessa forma procura-se mostrar o que realmente acontece com os índios.  Geralmente procuro expressar uma realidade que não é bem aceita por algumas pessoas que insistem em divulgar uma imagem dos índios como incapazes que não podem viver sem seus tutores. 

Esquecem que os anos passaram e a tecnologia chegou para vários municípios e podem acreditar, nas aldeias (hoje comunidade), faltam escolas, assistência médica e serviços sociais mais, não faltam pessoas inescrupulosas que sempre estão tentando levar os índios a cometerem os maus feitos.

A verdade é que em 1996, quando a COIAMA foi fundada em área indígena, havia poucas ONGs indígenas no Amazonas e lembro que passei a sofrer todo tipo de discriminação pelo fato de não só abraçar esta causa como também, colocar nosso periódico “O Solimões”, que era de onde vinha o sustento de famílias, o qual parou de circular por pressões políticas.

Isso não me fez desistir e continuei fazendo parte do movimento da COIAMA, cujo objetivo era de fazer todos os procedimentos legais para que chegassem as demarcações, com o reconhecimento dos verdadeiros índios brasileiros, que precisavam continuar vivendo em seu habitat, não tão natural, pois já existiam interferências de madeireiros, com apoio de políticos, e também para que os índios Kokama do Brasil, pudesse ter seus Direitos Constitucionais reconhecidos.

Aos poucos fomos conseguindo, e com a ajuda de duas comunidades indígenas dos Municípios de Jutai e Fonte Boa que estavam sofrendo problemas de invasão em suas terras por parte de madeireiros etc… consegui no ano de 2006 ir a FUNAI de Brasília, para tratar de assuntos das demarcações.  Fui mal recebida pela pessoa responsável pelo setor de assuntos fundiários deste órgão governamental, pois a mesma chegou a me dizer que; ‘’Vocês índios vivem gastando dinheiro da FUNAI para nada’’.  Discutimos, provei a ela que nossas passagens eram por nossa conta e durante a discussão ela falou que lá não havia procedimentos da FUNAI/Manaus, sobre o que eu estava pretendendo; Mais como meus argumentos foram bastante convincentes, me levou até o setor de cadastro de terras a identificar e me mostrou todos os procedimentos de comunidades indígenas a serem identificadas e demarcadas pela FUNAI, me orientando no sentido de encaminhar documentação necessária para atender ao processo burocrático existente.

Como eu tinha em mãos documentos protocolados em Manaus fui para o Ministério da Justiça e na Secretaria de Assuntos indígenas, fiz denuncias relacionadas com a demora nas demarcações e homologação de terras indígenas do povo Cocama.

Fui também, a diversos Ministérios relacionados a causas sociais onde fui bem recebida, inclusive no Palácio do Planalto, sede do Governo Federal, onde tive a oportunidade de falar com assessores da Presidência da República sobre os problemas enfrentados pelos indígenas do estado do Amazonas, quando me dirigi ao protocolo do Palácio para protocolar documentos ao Presidente da República relacionado a demarcação de terras indígenas e direitos sociais dos índios brasileiros, que habitam em suas longínquas comunidades no Amazonas, ouvi do responsável deste setor uma frase que me surpreendeu bastante, disse ele; ‘’É a primeira vez que uma liderança indígena do Estado do Amazonas, protocola um documento para o Presidente da República aqui no Palácio do Planalto’’, fiquei pensando, e as Organizações indígenas e lideranças do meu estado, que sempre diziam para o nosso povo indígena que viajavam a Brasília para lutar em prol do nosso povo, a quem realmente eles se dirigiam para solicitarem providências?

Acabei trazendo muitas propostas que infelizmente não conseguimos realizar pelo fato de interferências externas…

Tenho plena convicção que os ofícios que enviei e que protocolei no Palácio do Planalto para o Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e seus ministros, levaram as homologações de terras indígenas do povo Cocama, por parte da Presidenta Dilma Rousseff e que outras providências que solicitei às autoridades em Brasília estão sendo analisadas e providências cabíveis serão tomadas.

No entanto, alguns parentes influenciados por políticos, decidiram criar ONGs de forma desordenada, visando apenas o lado financeiro.  Passaram a convencer os parentes desavisados, para fazerem parte dessas novas ONGs, pois diziam ser o verdadeiro caminho da salvação e com apoio de políticos, passaram a viver fazendo cursos, ganhando presentes, participando de concursos, indo a Brasília, fazer não sei o que, mais quando voltam para suas TIs, evitam até falar com os antes convencidos e tentam mudar de município.

A partir de 2003, decidiram também, (alguns índios), participar da política partidária (não só como cabo eleitoral), e resolveram se candidatar a vereadores, se numa comunidade tiver 80 pessoas, 10 são candidatos, porém, o candidato a prefeito TEM QUE SER NÃO ÍNDIO.

Como não estavam preparados para tal, passaram também a fazer parte do jogo daqueles que sempre tiveram interesses contra o povo indígena.  Quando tentavam alertá-los diziam que era inveja, pois ”agora sim, tinham sua independência”.  Resultado, a cada período eleitoral que termina, após elegerem os do contra, ficam numa situação pior do que estavam.

Não pensem que é fácil ouvir relatos de parentes que vivem cheios de esperanças porem, com dificuldades, vir a Manaus na COIAMA, contar o acontecido, pedindo orientação e solução para seus problemas.

De nossa parte, cabe orientá-los para que não caiam mais uma vez nessas armadilhas que infelizmente está vindo de dentro para fora, mas que também sofrem as influências de políticos que se aproveitam da vulnerabilidade indígena, levando-os ao caminho que prejudicam a vida de seu próprio povo.

Espero que aqueles que já estão se preparando para uma nova investida política, reflitam e voltem a pensar no bem estar de seu povo e não com interesses politiqueiros.

Luis Nassif

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