Do Portal Luis Nassif
28 de Outubro 1717, uma data que ninguém lembra!
A data de 28 de Outubro de 1717 foi a data em que Frederico Guilherme I (Friedrich Wilhelm I), rei da Prússia instituiu a obrigatoriedade do ensino primário no seu país, obrigando que as crianças ficassem de 5 a 12 anos na escola. Inclusive na mesma época o déspota esclarecido impediu por lei a contratação de qualquer criança que não houvesse concluído o ensino obrigatório.
Lembramos muito da Alemanha como um estado déspota e autoritário, e simplesmente ignoramos que em termos de política de ensino público este país sempre foi líder na Europa.
Fala-se muito na Revolução Francesa que procurou instituir em 1789 (72 anos após a Prússia) o ensino público, mas mesmo assim contra a opinião de Iluministas Franceses como Voltaire, que declarava como inútil a alfabetização do povo.
Os teóricos da educação insistem em ignorar o fato que por mais voltada para a criação do bom soldado, do bom operário a universalização da educação como foi feita na Prússia, foi mais revolucionária do que um monte de baboseiras filosóficas em termos de educação dos últimos 100 anos.
Decreto real que institui o ensino obrigatório na Prússia.
Só para provar a minha simples tese, foi a educação Prussiana que criou mentes como Marx, Engels e centenas de pensadores alemães do século passado.
Li a pouco uma tese de 2010, de uma das principais Universidades do país, onde na introdução sobre o ensino público está escrita a seguinte passagem:
“Com a revolução Francesa foi desencadeada uma luta pela expansão da escola pública e da articulação entre ensino primário e secundário,….”
Ou seja, a autora simplesmente ignora que na época da Revolução Francesa, o ensino público era universalizado em toda a Prússia e obrigatório em 8 anos (já haviam aumentado o ensina básico).
Logicamente, este incremento do ensino público não foi devido a teorias Marxistas, pois o próprio Marx é que estudou no Liceu Friedrich Wilhelm em 1830, mas Marx teve a sua formação graças ao próprio Friedrich Wilhelm. Provavelmente se Marx e outros grandes pensadores do século XIX se tivessem nascidos em outro país europeu não teriam deixado o legado que deixaram.
Este último parágrafo é simplesmente para ilustrar que a educação pública não nasce como teóricos modernos pretendem demonstrar no fim do século XIX e início de século XX.
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Correção
O documento está datado de setembro, não de outubro. Meu conhecimento da língua alemã é precário, mas conheço bem o estilo de letra fraktur, muito utilizado na época para compor textos em “Altdeutsche” (alemão arcaico), como disse Klaus BF em comentário. Transcrevendo o título:
“No. XCVII. Verordnung, dass die Eltern ihre Kinder zur
Schule, und die Prediger die Catechisationes, halten sollen;
vom 28. Sept. 1717.”
Pedi ajuda ao Google sobre o sentido de algumas palavras, e a tradução parece ser:
“Nº 97. Regulamenta que os pais devem manter suas crianças na escola, e os Pastores suas catequisações; de 28 de setembro de 1717.”
Dado o título, há de se observar se o ensino então estabelecido como obrigatório não era apenas religioso. O ensino religioso já existia na Idade Média e era obrigatório pelo clero (sem ser catequisado, o indíviduo não era considerado cristão e poderia ser executado pela Santa Inquisição). Só mais tarde surgiu um conceito revolucionário de ensino público, que incluía o letramento e o aprendizado das ciências.
Surgimento da escola pública
Bom dia Nassif, encontrei este artigo seu pois estou fazendo uma pesquisa onde o surgimento da escola pública e suas trasformações são expostas. Voce teria mais material que pudesse me ceder???
Desde já agradeço,
Euler Costa
Calvino e a Educação
Em 1536, Calvino apresentou um plano ao conselho municipal de Genebra que incluía uma escola para todas as crianças, na qual as crianças pobres teriam ensino gratuito. Era a primeira escola primária obrigatória da Europa.
Em uma delas as meninas eram incluídas junto com os meninos.
Calvino tinha um alvo muito claro quanto à educação. Ele desejava que os alunos das escolas de Genebra fossem futuros cidadãos da cidade, bem preparados “na linguagem e nas humanidades”, além de terem formação cristã e bíblica. O currículo que ele ajudou a elaborar tinha ênfase nas artes e nas ciências, além da ênfase nas Escrituras.
A Academia de Genebra
Não devemos estranhar que, à luz das convicções teológicas de Calvino, ele tivesse seu coração voltado para a educação da população de Genebra e da Europa em geral.
Desde 1541 encontramos registros da sua preocupação diária em como dar a Genebra uma universidade. Ele desejava criar uma grande universidade, mas os recursos da República eram pequenos para isso. Assim, ele se limitou à criação da Academia de Genebra (1559), que o historiador Charles Bourgeaud (1861-1941), antigo professor da Universidade de Genebra, considerou como “a primeira fortaleza da liberdade nos tempos modernos”.
No currículo, incluía-se o ensino da leitura e da escrita e cursos mais avançados de retórica, música e lógica.
Conforme Campos nos diz em sua pesquisa, os alunos passavam do alfabeto à leitura do francês fluente, gramática latina e composição em latim, literatura grega, leitura de porções do Novo
Testamento grego, juntamente com noções de retórica e dialética, com base nos textos clássicos.
Não é sem razão que, diante de sua capacidade no latim, se dizia que os meninos de Genebra falavam como os doutores da Sorbonne.
O currículo da Academia enfocava não somente as artes e a teologia, como igualmente as ciências.
Na mente do Reformador, não havia conflito entre fé e ciência na universidade.
Ao contrário da visão educacional escolástica medieval, Calvino considerava que o estudo da ciência física tinha como propósito descobrir a natureza e seu funcionamento, pois Deus se revelava à humanidade por meio das coisas criadas, da natureza.
Estudando o mundo, o ser humano acabaria por conhecer mais a Deus.
A Academia veio a se tornar modelo para outras escolas da Europa.