A maconha no debate da descriminalização das drogas leves

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Por foo

Vou repetir aqui o que postei no outro post, sobre o plano de enfrentamento da violência:

“O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência, com foco na diminuição de assassinatos, prevê investimento pesado em perícia, compra de equipamentos para as polícias estaduais e fortalecimento das corregedorias das polícias civis e militares. O governo decidiu revisar a política de segurança porque os indicadores da violência urbana ainda permanecem elevados.”

Que tal começarmos acabando com a guerra contra as drogas, e substituí-la por uma política de saúde?

Muito mais gente morre por causa dessa guerra do que pelo consumo de drogas.

E quem consome acaba sendo jogado, pelo Estado, nas mãos do traficante.

Vou contar duas experiências que eu vivi.

A primeira é quando eu morei em Lisboa. Lá as drogas são descriminalizadas. Não significa que sejam “legalizadas”, mas apenas que tornou-se um problema médico, ao invés de caso de polícia.

Muitas vezes que eu andava pelo Bairro Alto, região boêmia da cidade, alguém me oferecia entorpecentes. Em plena rua! Não sei como a polícia lidava com eles, mas eram sempre as mesmas pessoas.

Mas o fato é que, estudos comprovam, o número de usuários de drogas caiu pela metade durante os últimos 10 anos.

Talvez pelo fato de que, ao acabar com a guerra, o Governo tenha sido capaz de investir em prevenção e tratamento.

O segundo caso é de Amsterdam, onde moro atualmente.

Diferente da maioria dos países do mundo, aqui as drogas leves são toleradas. Isso significa que você não precisa procurar um traficante na rua para comprar haxixe ou maconha. Você vai a um coffeshop, que é regulado pelo estado — não pode receber menores, fazer propaganda ou causar distúrbios na vizinhança, entre outras normas.

O Holandês é pragmático: se você não pode acabar com o problema, o melhor a fazer é tratá-lo da melhor maneira possível. E a melhor solução não é a guerra.

O resultado dessa política é impressionante: a Holanda tem um dos menores números de dependentes do mundo. 

E eu posso constatar isso, na prática: dos quase 4 anos que moro aqui, acho que só vi uma pessoa tentando empurrar drogas na rua. Para quê as pessoas comprariam drogas com eles, se podem comprar com muito mais segurança dentro de um coffeshop?

Alguns poderão dizer que isso só funciona na Holanda, por causa da educação do povo — como se as pessoas de toda parte do mundo não fossem capazes de decidir o que é melhor para si.

Mas não podemos dizer que é isso, pois malucos do mundo inteiro vêm se drogar em Amsterdam. Sim, este é um aspecto negativo da Holanda ser talvez o único país do mundo com uma política sensata com relação às drogas; mas mesmo assim, você nunca vê pessoas causando problemas.

(Nesse aspecto o efeito da maconha é melhor do que o do álcool: as pessoas ficam tranquilas, e não violentas.)

O policiamento existe, para inibir exageros, não para tentar impedir o impossível.

Outros dirão que a Holanda é um país rico, e suas soluções não funcionam para o Brasil.

Vamos olhar então para um outro país rico, o país mais rico do mundo: os EUA. Lá, ao contrário da Holanda, as drogas são proibidas e as armas são liberadas. É uma política muito parecida com a do Brasil, até porque foram eles que impuseram esta regra para a maior parte do mundo.

Resultado: a violência, o número de dependentes, e o número de assassinatos nos EUA é muito maior do que na Holanda.

“Ah”, uma outra pessoa dirá, “mas a Holanda é um país pequeno”.

Voltamos então para Portugal, que é um país pequeno, tem uma política um pouco mais aberta (embora não tanto), e obtém ótimos resultados.

Para concluir: não pensem que estou fazendo uma apologia às drogas. Não é isso. Eu sei que as drogas — todas as drogas, incluindo a maconha — podem causar sérios prejuízos à saúde.

Mas precisamos olhar seriamente para a questão, e decidir de uma vez por todas: precisamos acabar com essa guerra.

Por Cristiano Medri

Henrique Carneiro, doutor em história, professor da USP, fala sobre a demonização da maconha.

Luis Nassif

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