A palavra de Patrus Ananias

Hora de decidir

Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, especial para o Blog

Ao primeiro anúncio de desgaste do mercado ancorado no sistema financeiro, algumas empresas reagem prontamente, quase em uma equação de estímulo-resposta, com demissões. À possibilidade de queda no consumo, preserva-se o lucro no mais alto patamar possível a um elevado custo social, com graves conseqüências para muitas famílias. As notícias sobre recessão ou a mera possibilidade desse quadro no horizonte – próximo ou distante – acionam o instinto de sobrevivência do capital. Mas por quanto tempo mais a economia pode sustentar-se com base em uma visão tão restritiva que desconsidere outras relações na sua composição, tais como a relação com o mundo do trabalho que trate os trabalhadores e trabalhadoras em sua dimensão cidadã e humana?

“É a crise”, responderiam muitos com olhares duvidosos sobre um futuro incerto. A frase soa como terminante. Mas não convence porque está longe de esgotar o assunto. Etimologicamente, crise vem do grego krísis que, segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, quer dizer “ação ou faculdade de distinguir, decisão”. Por extensão, a palavra assume a acepção “momento decisivo, difícil”. No latim, crisis significa “momento de decisão, de mudança súbita”. Interessante que a palavra crise ganha curso na economia, segundo o mesmo Houaiss, a partir do século 19, justamente na consolidação do sistema capitalista. Em economia, crise designa “grave desequilíbrio conjuntural entre a produção e o consumo, acarretando aviltamento dos preços e/ou da moeda, onda de falências e desemprego, desorganização dos compromissos comerciais”. Mas também há outra acepção na mesma rubrica: “fase de transição entre um surto de prosperidade e outro de depressão, ou vice-versa”.

Não há como negar o sentido guardado na etimologia da palavra. Estamos em momento de transição, que nos coloca o tempo todo decisões graves a tomar. Como vamos atravessar esse período e o que virá depois depende da nossa postura e das nossas escolhas diante do impasse. Tradicionalmente, as escolhas dos que conduziram a economia mundial passaram ao longe da classe média, pequenos produtores e empresários, trabalhadores, pobres e excluídos. Poucos se enriqueceram muito, criando um grande abismo com os muitos que permaneceram muito pobres. Agora, a crise que se anuncia no centro do sistema capitalista, provocada pela especulação a partir dos países mais desenvolvidos, sela o veredicto e confirma que a fórmula estava errada. Afinal, o mercado não é auto-regulado, não encontra o equilíbrio adequado por si mesmo. As desigualdades não sustentam a economia por muito tempo.

Por que motivo, então, persistir no erro? Vários segmentos que tiveram bons lucros no período recente, muitos deles com investimentos financiados com recursos de fundos públicos, começam a anunciar e promover demissões, gerando insegurança nos trabalhadores e também na própria sociedade, enquanto o momento deveria ser de fortalecer os laços de solidariedade para sustentar a economia. A crise acaba produzindo a perspectiva de recessão justamente para aqueles que não a produziram. Esse é o erro histórico que não pode mais se repetir, sob pena de sermos cobrados no futuro. No Brasil, o governo do presidente Lula tem adotado uma postura inequívoca ao lado dos mais pobres, mas também de apoio ao setor produtivo da economia, mantendo uma boa linha de diálogo. Mas sabemos o quanto é importante adotar medidas para proteger os mais pobres dos perversos efeitos da crise do sistema financeiro, para que não recaia sobre eles a fatura de mais uma conta e continue alimentando um círculo vicioso de produção de desigualdades que, por sua vez, continuam alimentando situações de crise.

Cabe aos empresários, contudo, fazer também sua parte. Os que optam por anunciar tão rapidamente medidas dramáticas e graves como as demissões acabam se distanciando das soluções mais permanentes.

Os que já ganharam muito no passado são agora chamados a contribuir na busca de soluções coletivas e impedir o avanço da crise que ainda não chegou ao Brasil na dimensão que se descortina no mercado internacional. O nosso país está com uma vigorosa capacidade de responder a momentos decisivos como o que vivemos e é chegada a hora de aproveitar e explorar essa possibilidade. Quando a economia mundial começar a sua recuperação, aqueles que estiverem melhor preparados conseguirão mais espaços nos mercados, tanto interno quanto externo.  Do ponto de vista de cada empresa, aquelas que mantiveram seus funcionários estarão prontas para aproveitar as oportunidades. Do ponto de vista do mercado nacional, os salários dos trabalhadores revertem-se num mercado consumidor interno com benefícios para todos. No curto prazo, isso pode implicar em reduzir um pouco a margem do lucro para crescer com mais segurança. É importante que se diga: aceitar redução não significa renunciar ao lucro, mas compreender a sua função social dentro da cadeia coletiva de desenvolvimento integral e integrado do país onde todos se beneficiam com a redução de desigualdades.

Lembremos que nas origens do sistema neoliberal que desemboca agora na situação de impasse econômico em que vive o mundo, uma frase era recorrente entre seus defensores para justificar a economia de mercado e renunciar à presença do Estado e dos mecanismos de proteção e regulação sociais: “não há outro caminho”. Com isso, tentaram silenciar por muitos anos alternativas importantes que indicavam outros caminhos, como o que estamos adotando no Brasil, mostrando que é possível dividir o bolo para fazer crescer.

O tempo da economia impõe um descompasso do tempo de reflexão da política, exigindo respostas rápidas, baseando-se na máxima “tempo é dinheiro”. Mas essa própria formulação pode também nos remeter a outra postura. Talvez seja hora de inverter a equação que impõe a velocidade e investir também neste ativo, o tempo, para buscar, de maneira mais refletida e justa, soluções mais duradouras e coletivas.

Os empresários estão sendo chamados a responder, com mais efetividade, ao discurso da responsabilidade social e isso exige uma postura coerente e com medidas práticas, para dentro e para fora das empresas, a começar pelas justas relações trabalhistas que estabelecem com seus empregados. Por conseqüência, implica na consciência do impacto que significa a geração e eliminação de postos de trabalho para o setor econômico e para o país inteiro. Nossa responsabilidade é com nossa nação. Zelar por ela é dever do Estado compartilhado por todos. Que saibamos responder a esse chamado, no momento em que todos – governo e sociedade – estamos desafiados a construir novos patamares para uma sociedade que garanta mais justiça e segurança para todos. Façamos as escolhas certas,

Luis Nassif

30 Comentários

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  1. Muito bom Patrus! Por que ele
    Muito bom Patrus! Por que ele não se oferece para ser o candidato do PT à presidência em 2010? Tem muito mais carisma e visão do todo que a Dilma. Será que o Lula é tão autocentrado que não quer ninguém do seu campo que o ofusque? Tomará que não…
    PATRUS PARA PRESIDENTE EM 2010!!!

  2. “À possibilidade de queda no
    “À possibilidade de queda no consumo, preserva-se o lucro no mais alto patamar possível a um elevado custo social, com graves conseqüências para muitas famílias.”

    É a frase núcleo, já diz tudo, Patrus Ananias tem toda a razão, o fato das demissões serem de fato concretizadas por algumas empresas, é a pior besteira que elas fazem, poderá dar o perigoso efeito “dominó” aí, salve-se quem puder.

  3. Admiro o Patrus Ananias.
    Admiro o Patrus Ananias.

    Dito isto, esse texto é um amontoado de generalidades. Pode servir para marcar posição dentro do Governo. Para mim, eleitor, não teve serventia nenhuma. O problema é COMO CHEGAR LÁ. Sem entrar no mérito dessa questãozinha chata mas essencial, nada feito.

  4. Um dos comentaristas admira o
    Um dos comentaristas admira o Patrus, mas desqualifica o texto dele, colocando a pecha de “amontoado de generalidades”. E ainda se coloca, de modo equivocado, como “eleitor”, como se todos brasileiros e brasileiras acima de 16 anos não o fossem e dando a entender que sua particular opinião representaria a opinião dos eleitores. E diz que o problema é “COMO CHEGAR LÁ”. Eu é que pergunto: chegar lá onde?

    Um outro comentarista diz que o governo utiliza “2 pesos e 2 medidas”. E que o empresariado injustiçado recebe sempre a pecha de “maldoso” só porque “preserva seu patrimônio”.

    Primeiro é uma inverdade sem tamanho dizer que o governo não libera dinheiro para o setor empresarial através de diminuição de impostos (lembram-se do IPI dos automóveis, não faz tanto tempo…) e de transferência de dinheiro direto a juros mais baratos (lembram-se do BNDES e da TJLP de 6,25%, muito menor que o que a população em geral tem acesso…). Isso para dar apenas 2 exemplos.

    Mas o mais incrível é o comentarista não perceber a diferença entre o patrimônio PRIVADO do empresário e o patrimônio PÚBLICO do Estado. Essa mentalidade de que o dinheiro do Estado é dinheiro do governante de plantão é que é um dos efeitos colaterais da propaganda CONTRA o Estado dos tempos do pensamento único. Pensamento este que está cada vez mais enterrado pela História, depois da estatizações do sistema financeiro e transferência de dinheiro PÚBLICO do Estado para o setor PRIVADO feitas recentemente em algum dos países mais poderosos do mundo (EUA e Reino Unido como exemplos…).

    Deveríamos, como de fato já estamos começando a fazer, desenvolver mecanismos de controle democrático informatizado para que o patrimônio do Estado seja cada vez mais PUBLICO.

    E parem de identificar o “setor produtivo” com o “setor empresarial privado”. Ou será que os investimentos em Saúde e Educação feitos pelos Estado (inclusive as universidades públicas) não são produtivos e fundamentais para o setor empresarial privado. E quando a Saúde e a Educação passam a ser desenvolvidas pelo setor empresarial privado, então magicamente se tornam produtivas? Se a mesma atividade se torna privada, então ela passa a ser produtiva? Que coisa mais ideológica,não?

    Acharia até muito interessante se discutíssemos de maneira racional e conseqüente qual é o setor realmente produtivo da sociedade. Talvez os defensores do setor empresarial privado se sentissem incomodados em serem lembrados da existência das trabalhadoras e dos trabalhadores.

  5. Uma pergunta ao “sabereta”
    Uma pergunta ao “sabereta” sociólogo: Por que o governo não propõe às empresas demissionárias uma troca: se não dispensarem funcionários podem ficar sem recolher impostos até que a demanda de seus produtos volte ao patamar de quando contratou os funcionários?” A resposta é simples: pimenta no dos outros é refresco. O governo não abre mão de arrecadação para proteger emprego, agora o empresário é sempre maldoso quando preserva seu patrimônio. 2 pesos e 2 medidas.

  6. Boas intenções não resolvem
    Boas intenções não resolvem problemas. Peça ao ministro para explicar à Vale, que é controlada por fundos de pensão nacionais, de funcionários de empresas estatais, que não demitam só para ajudar os trabalhadores; mesmo com os preços dos minérios em baixa e forte queda nas vendas globais. Quanto tempo será que a empresa conseguiria sobreviver se não efetuasse cortes? E por que governo e sindicatos não quiseram, antes, quando havia tempo e possibilidade para tanto, negociar a modernização das relações trabalhistas e sindicais no Brasil?
    Essa é uma questão que não pode ser tratada agora com superficialismos, discursos populistas e voluntarismos. É preciso ir a fundo em todas as distorções que nosso Brasil insiste em manter. Falar é fácil. Por que o governo não baixa impostos incidentes sobre a contratação de mão de obra para evitar demissões? É fácil fazer bonito com o chapéu dos outros. Cada vez mais, querem que entes privados assumam o papel que cabe ao governo: criar as condições econômicas para a manutenção de empregos. Isso é papel de governo. Ele arrecada impostos para atender diversas necessidades sociais. O governo é sócio oculto de todas as empresas. Não assume riscos, não investe um centavo no negócio, mas recolhe seu quinhão, sempre considerado insuficiente pelos burocratas de plantão.
    Veja por exemplo que muitos, agora, criticam as empresas automobilísticas americanas e o governo americano pela ajuda que o segundo está ofertando ao primeiro. Mas vale uma pergunta: em mais de cem anos de existência quanto a GM, Ford e Crhysler já não recolheram de impostos? Será que agir como o governo brasileiro, que critica as empresas e as sufoca com tributos, e na hora da dificuldade apenas dá uma banana é uma atitude correta?
    E mais: as montadoras americanas vem sua competitividade evaporar diante de histórico de acordos sindicais inviáveis. Hoje as industrias americanas somam 1 milhão de trabalhadores aponsentados que têm seus benefícios bancados pelas companhias, que na prática empregam apenas 300 mil trabalhadores. Outro dia, ouvi no rádio uma frase significativa de José Pastore: até parece que não são as montadoras que mantêm planos de previdências inviáveis para seus trabalhoadores, mas empresas de previdência privada que mantêm fábricas de automóveis, tal é a disparidade da situação lá. Aqui deveriam parar de fazer populismo e demagogia para arregaçar as mangas e criar um ambiente mais saudável para as empresas e para o emprego.

  7. Desde a Segunda Guerra
    Desde a Segunda Guerra Mundial, o capital adotou a estratégia do capitalismo “em um só país” (no caso, nos países capitalistas centrais, o famoso G-7).
    Todas as crises desde então tem por objetivo manter os demais como neo-colonias, dependentes de crédito, de tecnologia, de leis…
    É só levantar a cabeça, estão aí os BRIC, que vem uma crise para detonar a capacidade produtiva , a inserção de pessoas no sistema…
    Isso é um perigo para eles… melhor continuar trabalhando (tendo que administrar a consciência)apenas para os mesmos de sempre.
    E dá-lhe novos produtos materiais ou financeiros, para consumo dos mesmos… e arrocho e más condições de vida para os demais…
    Por isso é vital a hegemonia da mídia.

  8. Tristão,

    As empresas
    Tristão,

    As empresas passaram por um período de pujança econômica, e agora que sofrem um declínio já se apressam em demitir para que continuem com o lucro nas alturas, não há sacrifício, entende ?

    Vale dizer que a resposta lucro-demissões é imediata, já a resposta lucro-aumento de salários é retardatária.

    Não que o governo esteja perfeito, muito tem que se melhorar, principalmente no que tange ao que disse: tributos.

    Abraços

  9. eu, que na área de
    eu, que na área de comentários deste Blog do Nassif venho sendo um dos mais insistentes (e renitentes) críticos do governo Lula, já no post sobre Franklin Martins não me esquivei de elogiá-lo, pelo que agregou não apenas à área de comunicação, mas, principalmente, pela qualidade da análise conjuntural e proposição de iniciativas táticas.

    do mesmo modo, se o mundo hoje volta aos olhos ao Brasil para sempre citar o exemplo do Bolsa Família, credite-se o sucesso a Patrus Ananias.

    se não fosse ele, o Bolsa Família teria sucumbido como apenas mais uma campanha de marketing, como lamentavelmente tem sido a tônica de um governo movido a índices de popularidade.

    sem Patrus não existiram concretamente as políticas sociais de Lula.

    mais além, Patrus sempre se manteve sabiamente afastado das fogueiras das vaidades, mantendo-se discreto e humilde, como aqueles raros que nunca abandonam o princípio de ser um homem público aquele dedicado a servir à coletividade.

    a presença do Ministro neste Blog do Nassif é uma honra, pela oportunidade de interatividade franca e leal.

    e é também um motivo de orgulho, pela chance de participar da construção e consolidação de um novo tipo de mídia.

    quanto ao texto, que enseja várias linhas de reflexão e debate, permitam-me uma única consideração:

    – Ministro, não nos iludamos. que se faça o chamamento. mas o grande empresariado brasileiro já se mostrou inapelavelmente incapaz de fazer as escolhas certas no que tange a construção de uma nação e a formação de um povo.

    façamos nós, as escolhas corretas!

    é preciso gerar um novo empresariado.

    e nosso único caminho para isto está em integrar a economia informal e multiplicar as oportunidades através não somente de criação de empregos mas da legalização das pequenas iniciativas, dos empreendedores locais, da formação de amplas cadeias produtivas a partir de arranjos locais de micro negócios.

    para o Brasil crescer e se tornar uma grande potência, é preciso financiar e qualificar os pequenos produtores.

    só assim a imensa criatividade de nosso povo será liberada a serviço de um projeto de nação.

    abraços
    .

  10. Creio que no capitalismo não
    Creio que no capitalismo não cabe outra solução,não tem mercado demiisão, se a queda é temporária é necessário segurar a mão-de-obra, pois pode faltar no processo de recuperação.

    A escolha não está entre a função social dos empresários ou não.
    A escolha esta entre manter os altos lucros do setor financeiro com os juros da dívida pública ou manter o ritmo de crescimento do mecado interno reduzindo os juros da dívida pública para permitir uma ação anti-cíclica do estado no Brasil.

    Com juros sendo reduzido a 0,25% a cada 45 dias ou 1% nominal a caa 6 meses, não haverá recuperação de mercado nenhum no Brasil, e sim aumento da dívida pública em função da queda de arrecadação de impostos e taxas.

    O fato é que a atual crise demonstrando que os exageros do mercado precisam ser corrigidas por uma ação do estado, foi justamente o que o COPOM deixou de fazer ao longo de 2008, quando o incentivou o mercado a derrubar o dólar para R$ 1,55.

    Por várias vezes foi alertado que uma forte queda do dólar iria provocar uma forte correção no momento seguinte, colocando em risco o controlte da inflação no Brasil.

    Antes de qualquer coisa no Brasil, precisamos corrigir a Política Monetária, e a atual crise financeira internacional exige uma correção brusca na Política Monetária, ou ou profunda recessão que faça o que o COPOM não quer fazer, para manter os enormes lucros do setor financeiro com a rolagem da dívida pública, principalemte agora que se anuncia uma forte retr~ção do crédito no Brasil.

  11. Muito bom texto, e necessário
    Muito bom texto, e necessário nesse momento. Faltou dizer que a demissão também pode ser usada como manobra para barganhar facilidades e benefícios do governo, manipular a opinão pública e influênciar decisões políticas do congresso. Um exemplo suspeito que ocorreu recentemente foi uma mega-empresa que estava se dando muito bem com a alta das comodites demitir um caminhão de gente, e vir a público pedir amenização das leis trabalhistas.

  12. “Por que motivo, então,
    “Por que motivo, então, persistir no erro?”

    Por que o governo do Sr. Ministro transformou o sistema financeiro num casino?

    Por que o governo do Sr. Ministro mantém essa política patética de juros altos?

    Sr. Ministro, é essa política monetária, mantida há + de 10 anos e blindada pela mídia, quem alimenta essa perversidade econômica.

    Criatividade Sr. Ministro! Criatividade para propor mecanismos mais inteligentes para as relações trabalhistas em períodos agudos de crise. É disso que precisamos, conversa fiada já temos de monte.

  13. Sou um dos que lhe garantiram
    Sou um dos que lhe garantiram uma votação tão expressiva nas últimas eleições.

    E tenho firme convicção de que foi um voto muito bem escolhido.

    Mas…

    Tive satisfação em ler alguns comentários muito semelhantes à idéia que faço.

    O discurso é muito bonito. Cheio de ponderação e bom senso. Mas que não passa disso…de um discurso.

    Muita ideologia e pouca ação.

    Cai muito bem do alto de uma cátedra…mas continua muito distante do que a gente mais precisa, ou seja, soluções.

    Criatividade e ousadia, ministro. Seria um ótimo começo.

  14. É verdade o que Patruz diz,
    É verdade o que Patruz diz, quem busca lucro somente, em prática, não tem compromisso social nenhum. Difícil encontrar empreendedores que tenham uma visão social do negócio. Difícil uma coisa casar com outra.

    Mas o fator mais relevante foi ele ter deixado de mencionar que muitos se esforçam, os empresários podem não estar assumindo seu papel, mas o pior mesmo, é que o BC de Henrique Meirelles e da banca não querem que o país saia desse atoleiro. Enquanto mantiverem essa política estaremos fadados ao fracasso. Vão baixar os juros quando estivermos mortos. Kaynes dizia que inflação é como uma gravidez, hoje tem 1 mês, daqui a pouco tem 9 meses. Mas nunca li Keynes mencionar que a solução seria o aborto. E além do mais, quem disse que gravidez seria algo ruim? Tem outra conotação, vida, sobrevivência, continuidade e claro, uma criança.

  15. Arkx, sinceramente? Eu teria
    Arkx, sinceramente? Eu teria vergonha de fazer esse tipo de comentário, “favorecer os ricos fingindo que protege os pobres”, aqui nesse blog, aliás, nem blog é mais, é uma comunidade. O nível é tão alto que fica difícil acompanhar todas as discussões: política, música, literatura, etc. Se você disser que precisamos de muito mais que: várias novas faculdades, Cefet em todos os estados, ProUni, bolsa família; e que dizer do salário mínimo? Levamos décadas reinvidicando que ele fosse equivalente a US$100,00 (está US$200,00); levamos anos e anos, gritando como loucos pelas ruas, “fora o FMI”, cadê o FMI? E a impagável divida externa? Ela não foi auditada como queríamos – mas estamos com ela equacionada – eu concordaria com você. Aproveite a sua teoria de que: “Lula está para o Brasil, como Mandela para a África do Sul e Fidel para Cuba”; e desenvolva o raciocino mostrando a onde eles têm semelhança, confesso que não entendi. Sugestão para você e quem mais se interessar: Passear num super mercado e observar o tipo de consumidor e o que contem o seu carrinho de compras. Você vai ficar surpreso de como melhorou o nível de consumo dos mais pobres.
    PS.: Conheço o Patrus, e ele não precisa de entrelinhas para dizer o que pensa.

  16. a teoria e a prática em
    a teoria e a prática em patrus ananias andam sempre juntam e por isso ele merece toda a minha admiração. É essa prática que permite e permitirá ao país beneficiar o mercado interno e escapar daquela histórica dependencia de país unicamente exportador.

  17. Admiro o Patrus, mas
    Admiro o Patrus, mas sinceramente não acredito 1 mm na possibilidade de que a exortação à generosidade do empresariado tenha repercussão. Creio que o governo deveria agir em outra direção.

    1. É absolutamente necessária a redução da SELIC. Não se pode prosseguir remunerando o capital especulativo em detrimento da capacidade de investimento e de aplicação no fortalecimento do mercado interno. Hoje, não tenho precisamente o índice, mas algo em torno de 1/3 da dívida interna segue pós-fixada. Isto representa algo como R$ 400 bi. A redução de 1% da Selic significa, portanto, quase R$ 4 bi por ano de economia. Reduzir em 2% a SELIC aumentaria em 60% a disponibilidade para ampliar o Bolsa Família, por exemplo. Além disso, o governo deve repactuar os títulos pré-fixados, reduzindo as taxas e alongando os prazos.

    2. O governo deve expandir o Bolsa Família na direção do que o Eduardo Suplicy tem chamado de Renda Básica de Cidadania. Isto implica em ampliação do universo de atendimento e elevação do valor dos repasses. A política de transferência de renda deve funcionar menos como uma política de atendimento de pobres e mais como um fator de redução das desigualdades. Neste sentido, a vocação do Programa para o “Imposto de Renda Negativo”, como defendia o Suplicy no início, é primordial. É importante lembrar que o recurso do Bolsa Família vai direto para o consumo, de maneira absolutamente descentralizada, alcançando as microempresas, que são as maiores empregadoras do país. Em função da utilização menos intensiva da tecnologia, o aquecimento da demanda dos pequenos negócios incrementa quase de imediato o número de ocupações, reduzindo o desemprego aberto e mantendo e interiorizando a riqueza.

    3. Nesta mesma linha, defendo a expansão do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, São quase 300 organizações credenciadas. Enquanto a liberação dos compulsórios ficou represada pelos bancos, sem converter-se em crédito, uma injeção de 300 milhões de reais através destas organizações teria um impacto muito forte no financiamento da economia popular, nas áreas onde a economia é informal pela incapacidade de atender às exigências burocráticas e contábeis.

  18. Mauro,

    Você diz: “Um dos
    Mauro,

    Você diz: “Um dos comentaristas admira o Patrus, mas desqualifica o texto dele, colocando a pecha de “amontoado de generalidades”.”
    – O comentarista sou eu.

    “E ainda se coloca, de modo equivocado, como “eleitor”, como se todos brasileiros e brasileiras acima de 16 anos não o fossem e dando a entender que sua particular opinião representaria a opinião dos eleitores.”
    – Sou brasileiro, e tenho mais de 16 anos. Portanto, sou eleitor. Minha opinião particular representa a minha opinião particular.

    “E diz que o problema é “COMO CHEGAR LÁ”. Eu é que pergunto: chegar lá onde?””
    – Aqui:
    “Mas sabemos o quanto é importante adotar medidas para proteger os mais pobres dos perversos efeitos da crise do sistema financeiro, para que não recaia sobre eles a fatura de mais uma conta e continue alimentando um círculo vicioso de produção de desigualdades que, por sua vez, continuam alimentando situações de crise.”

    Ou o Patrus Ananias está preparado para dizer que medidas são essas, ou o texto dele não passa de uma declaração de bom-mocismo. Para mim, aliás, desnecessária, já que sempre o considerei (e continuo considerando) um excelente político e, até onde posso julgar, uma excelente pessoa. Por isso o texto não me serviu para nada.

    A sonoridade das boas intenções exerce um papel hipnótico sobre a esquerda. É evidência de bom coração. Mas também é evidência de falta de cabeça. Não temos mais o direito de nos comportarmos assim.

  19. Fico feliz com a participação
    Fico feliz com a participação do Ministro Patrus aqui no blog. Ele tem participado de diversas reuniões, inclusive do Encontro dos países da América Latina e do Caribe que têm compromissos com o evento “Grupo do Rio”, mas nunca são colhidas suas declarações. Por esse texto fica explícita sua posição em relação à função do Estado, sobre a relação de antagonismo que é falsamente produzida entre trabalhadores e empresários em tempos de krisis, crisis ou crise (momento de decisão) e, na fatura, que recairá inexoravelmente sobre os mais pobres. O Ministro Patrus, inclusive, faz um chamamento sobre o compromisso do empresariado progressista em relação à “responsabilidade social”, programa que, através de isenções fiscais, se propõe a ter uma atuação mais participativa desse mesmo empresariado em relação aos mais pobres. Propus um forum de debate sobre esse assunto em minha página aqui no blog do Nassif. A página está aberta a todos. O caminho pode ser pelo meu nome no Google: Ivanisa Teitelroit Martins. Proponho o debate inserindo a posição das três principais centrais sindicais. O convite está feito. Espero vocês.

  20. É interessante notar que
    É interessante notar que diversas pessoas públicas de boas intenções não conseguem entender a lógica do Capital ou do capitalismo. Como disse Oscar Niemeyer, Lula e muitos outros desse governo parecem ser muito bem intencionados mas esquecem a natureza do modo de produção em que vivemos e de sua intrínseca lógica de acumulação através do lucro/mais-valia. Desejam melhorar o capitalismo e isso é impossível, você pode até melhorar alguns capitalistas mas não todo o sistema pois aí já seria a transformação do próprio modo de produção em outro sistema.

  21. Enquanto me despeço dos
    Enquanto me despeço dos amigos do blog (os já consolidados e os que virão) com aquele abraço que traduz o desejo de um fim de ano muito lindo e um ano novo pleno de luz, aproveito para registrar, mais uma vez, os parabéns ao Nassif pela credibilidade lograda pelo blog.

    Mas, por outro lado não posso me calar e deixar de dizer: tem gente que cobra de cada declaração, de cada exposição de princípio uma receita para salvar o Brasil. Eta turminha pragmática. Parece até que não existe mais a História, aquela que se constrói ao longo de um processo, nem sempre tranquilo.

    Parabéns Ministro Patrus. Como sempre prática e teoria ali, coladinhas.

  22. Se você quer ter sucesso é
    Se você quer ter sucesso é preciso ser o primeiro, ser diferente e ser ousado. Me parece que o Sr. Ministro Patrus Ananias entende perfeitamente bem disto e pelos comentários até aqui colhidos trata-se de um homem de ação. Assim aqui vão meus parabéns pelo excelente trabalho desenvolvido junto às populações mais carentes de nosso imenso Brasil. É uma dívida social que merece ser reparada.

    O ministro escreveu ,

    ****************
    “À possibilidade de queda no consumo, preserva-se o lucro no mais alto patamar possível a um elevado custo social, com graves conseqüências para muitas famílias.”
    ****************

    Infelizmente, uma generalidade lançada ao debate, não têm o condão de transformá-la em verdade, pior do que isso, como faz alusão desabonadora a um segmento imprescindível ao funcionamento da Nação, a saber, que a cobiça e a ganância desmesurada do empreendedor o leva a sacrificar no altar do lucro o pobre e o indefeso.

    Tal linha de argumento gera uma pré-disposição contrária e desnecessária ao espírito de colaboração que deveria existir, tanto mais nessa hora, onde a boa vontade entre as parte faz a diferença.

    O truque de efeito que o Governo procura existe e é manter a economia na insustentável leveza do ar, como fazê-lo? Depende de um novo acordo internacional de difícil extração. Para complicar, no verão falta ar.

  23. luzete,

    ninguém quer aqui
    luzete,

    ninguém quer aqui “salvar o Brasil”.

    no máximo, no máximo, o que se procura é um modo razoável do governo salvar a si mesmo.

    .

  24. Ivanisa

    qualquer
    Ivanisa

    qualquer responsabilidade social num país de ainda tremendas desigualdes e forte tradição autoritária como o Brasil requer, antes de tudo, responsabilidade do BC na condução da política monetária.

    se não se mudar o patamar das taxas de juros e do superávit primário qualquer política social será apenas compensatória e jamais de fato includente.

    .

  25. Geraldo Galvão Filho,

    não me
    Geraldo Galvão Filho,

    não me culpe por sua análise do Brasil ser movida pelo marketing do governo Lula.

    a política econômica neoliberal é baseada em três pilares:

    – juros altos;
    – metas de inflação estreitas;
    – elevado superávit primário.

    esta é a política econômica da Direita, preconizada por Milton Friedman e Margaret Thatcher. e onde foi aplicada produziu estagnação econômica, aumentou as desigualdades sociais e quase sempre foi implantada através de regimes autoritários. por isto, para que ela se aplique no Brasil é preciso que o Copom funcione nos moldes de uma ditadura.

    a política econômica define o perfil de um governo. todas as demais políticas, principalmente as sociais, são derivadas da política econômica.

    esta política econômica da Direita é a que Lula adota em seus 6 anos de mandato. em seu aspecto mais definidor o governo Lula é de Direita.

    pessoas como você se recusam a ver a realidade que está na frente de seus olhos, ou seja:

    – Lula com a mão esquerda afaga os desfavorecidos com o assitencialismo do Bolsa Famlia, e o faz para poder com sua mão direita saciar os poderosos, distribuindo a eles a maior taxa de juros reais do mundo.

    vou repetir para ver se você consegue entender:

    – Lula rentabiliza o cassino financeiro, o mesmo que se encontra agora em colapso no mundo, com a maior taxa de juros reais do mundo, sem que haja qualquer justificativa política ou econômica para isto.

    vergonha deveria ter aqueles que apoiam Lula sem exigir que o governo mude esta vergonha política de juros altos
    .

  26. Arkx,

    Admiro a força da sua
    Arkx,

    Admiro a força da sua argumentação. Sempre é muito clara e incisiva. Não o conheço pessoalmente, muito menos sua história e trajetória pessoal, mas vê-se que você tem grande preparo e enorme disposição para o embate político.

    Apesar disso, acho que você se esforça em centrar sua análise na pessoa do Lula, quando o que está em questão é o governo como um todo. Faz parte da argumentação, personificando-a torna-se mais simples a confrontação. Entretanto, sigo observando os limites do governo e atribuo isso à coalizão que fez-se necessária construir. Apenas para exemplificar o que digo, observo a perda, por exemplo, de Olívio Dutra, que construiu o Ministério das Cidades. Assim como Olívio foi responsável pelo desenvolvimento do OP em Porto Alegre, estruturou o processo participativo mais fecundo do Governo Lula, que foram as Conferências das Cidades. No primeiro ano de mandato, ele conseguiu mobilizar conferências em mais de 3700 municípios, com um regimento democrático, que arejou a discussão da política urbana no país, modificou regras de financiamento habitacional, etc. Durante sua presença no Ministério foi alvo de toda articulação de substituição de Ministério, até que finalmente e lamentavelmente caiu. O processo que ele liderou perdeu energia, e as Conferências que seriam anuais perderam o ritmo.

    O que quero dizer é que o embate em torno do controle do orçamento público e de seus usos é fortíssimo e a transparência das disputas, ao contrário, é baixa.

    Minha visão do governo Lula é de lamento por tantas oportunidades perdidas de aprofundar a diretriz da mudança, mas ao contrário de você, não atribuo isso à capitulação ou à submissão, e sim à correlação de forças desigual na sociedade e às características do Congresso Nacional. Lamento que em todos estes anos não tenhamos evoluído a Reforma Política para a melhoria da representação, com a revisão da distorção das representações regionais, com o fim das coligações proporcionais e do financiamento privado das campanhas.

    São etapas de nossa história.

  27. caro Edmar,

    seus
    caro Edmar,

    seus comentários, réplicas e artigos (na Comunidade) tem sido excelente contraponto para o debate e também abrem importantes pontos de reflexão.

    qual a melhor escolha para o Brasil: a conciliação ampla ou o enfrentamento exaustivo?

    há dois tipos de consenso e conciliação.

    um tipo é quando a conciliação é considerada uma premissa. todos os esforços são determinados por ela e em direção a ela. geralmente é feita pela cúpula e na cúpula. um consenso frágil e uma conciliação oportunista. os resultados políticos obtidos quase sempre são dúbios e inconsistentes.

    outro tipo de conciliação é aquela produzida por um exaustivo processo de enfrentamento. não um enfretamento suicida. mas um enfrentamento consciente que se paute pela dinâmica da correlação de forças. um árduo movimento de crescimento e maturação, gerando condições para que, então, surja o consenso. um consenso construído na luta: uma conquista e não uma capitulação.

    no primeiro caso a conciliação precede e se impõe ao processo de construção do consenso.

    no segundo, é através dos enfrentamentos inerentes ao processo de construção do consenso que se forja uma conciliação.

    “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5;9)

    neste Natal, que Jesus nasça no coração dos homens

    um grande abraço

    .

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