A retirada de moradores de rua do Largo São Francisco

Do A Tarde

Kassab nega truculência na retirada de moradores de rua

Artur Rodrigues e Juliana Deodoro | Agência Estado

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) disse ontem, terça-feira, que a retirada dos moradores de rua da frente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, era para a liberação do espaço público e preservação do patrimônio. Ele negou que se trate de um projeto voltado especificamente para retirar essa população do centro da cidade e disse que não houve truculência na ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

“O objetivo não são os moradores de rua, que merecem nossa solidariedade. A ação era em relação a poder recuperar espaço público que estava ocupado indevidamente, trazendo risco para a manutenção de um espaço que estava tombado”, afirmou o prefeito. Ele disse ainda que ações parecidas podem acontecer quando houver “qualquer cidadão que esteja transgredindo a norma básica de dar direito a outros transitarem”.

O secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega, diz que não há situação parecida na cidade. Segundo ele, o patrimônio público estava sofrendo vandalismo. “Havia pichação, pessoas apoiando acampamento na parede, amarrando as barracas e cobertores, fazendo as necessidades fisiológicas ali”, afirmou.

No segundo dia desde a desocupação da calçada na frente da Faculdade de Direito, os moradores de rua ainda estavam na região. Proibidos de ficar nas imediações do prédio, eles transferiram seus cobertores, papelões e barracas para as calçadas das Ruas Benjamin Constant e Senador Feijó, perto do largo. “Estão transferindo a gente. Não podemos ficar na frente do prédio, onde é mais seguro, mas aqui eles deixam”, disse o morador de rua André Elias, de 27 anos. Segundo ele, uma pequena confusão aconteceu na madrugada de segunda para terça. “Um colega tentou deitar na frente do prédio e quase apanhou. O sossego que a gente tinha por aqui acabou.”

Para o diretor-geral do Centro Acadêmico XI de Agosto, Alexandre Ferreira, a alegação de que o patrimônio estava sendo danificado foi um pretexto usado pela administração. “Para proteger o que é público, se esquece que existe o patrimônio daquela pessoa que está ali. Essa ação é um sintoma de que algumas coisas estão erradas.”

Outro aluno da Faculdade de Direito, que preferiu se identificar apenas como Vítor, disse que havia gostado do resultado da ação, apesar de não saber como ela havia sido realizada. “Era impossível passar por aqui de noite, mas sei que os resultados são momentâneos.”

Na manhã de ontem, além das cinco viaturas e 14 guardas da GCM que protegiam o prédio, dois veículos da Secretaria Municipal de Assistência Social estiveram no local para levar os interessados para albergues. Só dois aceitaram, segundo a Secretaria de Assistência Social. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Luis Nassif

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