As brigas internas na Polícia Federal

Prezado Nassif,

A despeito da greve dos Policiais Federais, instituição da qual faço parte há mais de 15 anos, muito se poderia escrever sobre o momento, perigoso, que vive a instituição. O que a sociedade hoje assite nada mais é do que o descalabro em que se encontra, motivado por brigas intestinas e fratricidas, o que, indubitavelmente, conduzirá o órgão à sua derrocada. De nada adiantam greves, com reflexos de prejuízos incomensuráveis à sociedade, se o próprio órgão não consegue se entender, minimante que seja. Quem poderia pacificar, que é o governo, por meio de suas “autoridades”, na verdade se riem e desdenham, pois é crivel que há uma decisão deliberada de enfraquecer a instituição, solapando-lhe atribuições e verbas, por consequência. Hoje, o país assiste ao começo do fim da Polícia Federal justamente em razão dos desentendimentos internos motivados pela vaidade e orgulho, que nada mais são que o “pai” e a mãe” de todas as mazelas humanas. Pra não ficarmos apenas no discurso repetitivo, tomo a liberdade de postar uma carta aberta de um “delegado de polícia federal” que se preocupa com os rumos da INSTITUIÇÃO e não da própria CARREIRA e, humildemente sugiro que leiam, pois ela é o fiel retrato do lento e aguniante processo de autofagia da POLÍCIA FEDERAL do Brasil:

“Há muito que vejo os irmãos dentro da família Policial Federal hostilizando-se, chegando, hoje, a se tratarem como verdadeiros inimigos.

Estou na PF há mais de 10 anos e sempre fui um entusiasta, um otimista em relação à importância da PF no contexto nacional, sendo que aos que me perguntavam sempre estimulei a fazer concurso para entrar na PF, algo que não faço mais, pois nossa casa vive em conflito e não há dúvida de que a estrutura institucional que conquistamos às duras penas ruirá com o peso de tanto ódio e ressentimento.

No DPF, diferentemente do que ocorre em outros órgãos, convivemos com colegas que vão para as ruas conosco, para as operações, situações reais onde há efetivo risco de morte, onde cada missão pode ser a última, e é inaceitável que estes colegas não possam desfrutar do mesmo padrão de vida que nós, delegados, que nossos filhos não possam estudar nas mesmas escolas, que não possamos morar em residências com o mesmo padrão ou desfrutar dos mesmos ambientes de lazer.

Um policial federal é um policial federal independentemente do cargo que ocupa e o valor de cada um não está no quanto recebe em seu contracheque, pois o que um policial realmente leva adiante em sua vida é o reconhecimento pessoal, é a marca da sua dignidade, é a estima dos seus colegas, conquistada no dia a dia do trabalho, nos riscos que enfrentam juntos, nos problemas que surgem e nas soluções apontadas. O sucesso de nossas missões é o nosso legado no DPF e a nossa recompensa é ter nossa cabeça erguida diante de nossos inimigos, os criminosos, os quais volta e meia prendemos e que inevitavelmente retornam e retornarão às ruas.

O que mantém viva a Polícia Federal é o espírito de corpo, de grupo, esta é nossa verdadeira força, pois sozinhos somos alvos fáceis, mais um que pode ser assassinado a qualquer momento num ato de vingança de qualquer bandido, mas juntos somos temidos e respeitados, e esta é nossa fortaleza.

Os argumentos relativos à trava salarial, grave empecilho ao prosseguimento das negociações atuais, não subsistem, posto que baseados apenas no argumento de autoridade. A fundamentação do nosso direito de sermos bem remunerados está na própria função policial, na sua natureza, nos riscos que lhe são inerentes e na exclusividade do exercício do cargo, sendo que o papel que cada um desempenha dentro de nossa casa é irrelevante para determinar o que cada um deve ganhar como subsídio.

A responsabilidade pelo exercício de chefias deve ser recompensada com as remunerações de funções e gratificações correspondentes, sendo estes os únicos diferenciais, a meu ver, dignos de nota e qualquer outra diferenciação é mera discriminação e argumento vazio.

Não se pode diminuir a importância de nenhum cargo dentro do DPF para justificar diferenças salariais, pois isto expõe nossas fraquezas ao povo brasileiro, o qual nos respeita pelo conjunto de nosso trabalho e não pelas atribuições relativas a cada cargo.

Creio que os males decorrentes da autofagia que se opera dentro do DPF hoje são muito superiores às questões jurídicas que estão sendo trazidas para o debate, verdadeiras bobagens que serão solenemente ignoradas pelo Governo quando decidir acerca da reposição salarial.

Acredito que a reestruturação salarial é justa, devendo-se discutir apenas seus detalhes, se os padrões voltarão ou não, se a terceira classe continuará, quais as diferenças entre níveis e subníveis etc. O nível superior já foi reconhecido aos escrivães, papiloscopistas e agentes (EPA’s), cabendo às outras categorias apenas auxiliar estes colegas e alcançarem um padrão salarial tão digno quanto aquele que hoje desfrutam os delegados e peritos.

Com relação à carreira jurídica dos delegados, tal proposição tem obtido êxito nos Estados da Federação e caberá aos delegados decidirem se querem ser considerados homens de polícia ou juristas e se devem ou não ser remunerados por conta de tal condição. Deve-se aguardar para ver como evoluirá esta questão.

Em face de todas as questões que foram levantadas nos últimos dias em virtude do movimento paredista, senti a necessidade de me posicionar acerca dos fatos, pois não sou homem de meias palavras. 
Esta é a minha opinião.”

José Leandro da Silva é Delegado de Polícia Federal

 

 Trata-se, pois, de um pedido de socorro deste humildade servidor federal para que a sociedade tenha conhecimento de que a POLÍCIA FEDERAL está a mercê dos “doutos delegados” e que eles estão entregando-a, de bandeja, para que o governo, o maior culpado, se desfaça de um dos mais importantes órgãos que travam luta contra a corrupção e a impunidade. O Brasil precisa dizer e escolher que tipo de Polícia ela quer…certamente não é esta que aí está!

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. Polícia Federal no coraçao

    Olá, meu nome é Lucas eu tenho apenas doze anos de idade, porém entendo muito bem sobre o assunto, desde pequeno amo filmes policias, como: Tropa de Elite, A história do Comando Vermelho,Cidade de Deus, Cidade Dos homens, Era uma Vez, entre outros renomeados filmes nacionais, meu sonho quando alcançar a maior idade (18 anos), é começar a faculdade de Direito para me tornar um Escrivao da Polícia Federal independente do salário, só de estar lá vai ser uma honra, usar aquele distintivo, portar uma arma ( Pistola), todos os dias pesquiso sobre tudo que ocorre na polícia Federal, patentes, salários, e fico cada dia mais apaixonado, sei que nao é tudo as mil maravilhas, risco de vida enorme, trabalhando 41 horas semanais ( sem contar horas extras), no estado onde moro tem DPF-RJ, mais vou fazer concurso público e trabalhar na PF de minha cidade ( Volta Redonda), cidade do sul do Estado do Rio de Janeiro.Para fechar queria fazer uma pergunta : “Quando voce passa no concurso público e é nomeado voce vai escolhido para a PF de sua cidade ou pode sair para qualquer local do estado ?” “Eu posso ser locado para fora do meu estado”? Responda por favor;

     

     

    ORGULHOSOS DE SER FEDERAIS
    POLICIAIS DESSE IMENSO BRASIL
    DEFENDENDO OS PRINCÍPIOS LEGAIS
    INTEGRAMOS SUA VIDA CIVIL

    1. Parabéns

      Lucas, parabéns pela sua determinação. Tenho certeza que você chegará lá. Caro Lucas, quando você faz concurso para o DPF, é possível que tenha que ir para outra localidade. A cidade em que você irá trabalhar depende de como o edital do concurso  trata essa questão.. o edital é o documento que traz as regras do concurso. É nesse documento que há informações como essa.

      Pode ser que as vagas do concurso sejam divididas entre cidades. Nesse caso, você poderia concorrer à vaga apenas para a localidade que você quer ir.. Ou pode ser que seja uma lista única, e que você escolha a localidade de acordo com a sua colocação no concurso. Geralmente os primeiros colocados têm preferência para escolher onde querem trabalhar.

      Estude muito que você conseguirá escolher um bom local para morar, mesmo que não seja na sua cidade natal.

      Grande abraço

    2. Parabéns

      Lucas, parabéns pela sua determinação. Tenho certeza que você chegará lá. Caro Lucas, quando você faz concurso para o DPF, é possível que tenha que ir para outra localidade. A cidade em que você irá trabalhar depende de como o edital do concurso  trata essa questão.. o edital é o documento que traz as regras do concurso. É nesse documento que há informações como essa.

      Pode ser que as vagas do concurso sejam divididas entre cidades. Nesse caso, você poderia concorrer à vaga apenas para a localidade que você quer ir.. Ou pode ser que seja uma lista única, e que você escolha a localidade de acordo com a sua colocação no concurso. Geralmente os primeiros colocados têm preferência para escolher onde querem trabalhar.

      Estude muito que você conseguirá escolher um bom local para morar, mesmo que não seja na sua cidade natal.

      Grande abraço

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