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As crianças deficientes e a rede escolar

Abaixo, uma seleção de comentários do post do ex-presidente da APAE. Uma boa discussão sobre como tratar as crianças deficientes na rede escolar.

Por Júlia

Com relação ao ponto número 05:

5. As escolas regulares não têm estrutura e, portanto, não estão preparadas para a inclusão de todos os alunos das APAEs. Então, por enquanto, é ficção imaginar que haverá inclusão plena, de todos os alunos das APAEs.

Acredito que isso é mais uma razão para lutar para que as escolas estejam preparadas, por tempo demais exigimos essa preparação das crianças e esperamos o dia em que o mundo estará preparado para recebê-las. Se não for com muita luta e políticas públicas de acordo, esse dia não chega.

Por Anarquista Lúcida

Pois é, Júlia, mas enquanto isso as crianças ficam prejudicadas? Nao é uma questao que se pode resolver só na base de ideologia geral; é preciso formação específica para professores — e formação que é diferente para diferentes deficiências: para surdos é uma, para cegos é outra, etc. — e materiais específicos (livros em braille; impossibilidade de uso de meios gerais para a turma inteira, como quadro, filmes, etc…, que dependem da visao, no caso de cegos; etc.). Como dar essa formação para todos os professores?

Por isso acho que a solução melhor seria inclusao nas escolas gerais, mas em turmas específicas. O caso é especialmente grave no caso dos surdos, que sao “falantes” de uma outra língua! Precisam de professores que saibam língua de sinais.

Por @cristalk

Cara Anarquista

Concordo que haja um trabalho a ser feito junto aos professores. Mas esse trabalho é menos de especialização e mais de sensibilização. Vejamos como exemplo uma criança com deficiência visual. Ela é uma criança como outra qualquer. Ela tem as mesmas “necessidades educacionais” de qualquer criança. O que há de diferente nesse caso é o aprendizado de tecnologias que tornem acessível esse aprendizado. Pode ser o braile (que alguns preveem que entrará em desuso por causa das novas tecnologias), pode ser um software que “leia” o texto de um computador. No resto, é tudo igual. Ela precisa brincar com as outras crianças. Estar no mesmo ambiente, para que se desenvolva. Deu pra entender?

Seria impossível preparar um professor para cada tipo de deficiência. Porque existem, por exemplo, milhões de síndromes. O professor tem que entender daquele aluno específico dele. E isso só pode acontecer do dia a dia com esse aluno. Assim como ele deve fazer com outro alunos qualquer.

Sobre salas com turmas só de crianças com deficiência… não adiantaria nada. Seria a exclusão dentro da própria escola.

Já se sabe que é saudável a convivência entre crianças com e sem deficiência. Umas aprendem com as outras. Todas ganham.

Por Alberto Porem Junior

Nota da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down.

De todos e para todos!

Escrito dia 09. ago, 2010 por APSDOWN em EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, entidade apartidária e independente, que tem como objetivo ainclusão das pessoas com síndrome de downna sociedade, entende que a educação é dever do estado , família e sociedade.

Considerando a importância para todas as crianças e adolescentes de crescer e aprender na classe comum da escola regular. Considerando a Constituição Federal, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e ainda as diretrizes do Ministério da Educação,o Decreto 6571 de 2008 e a Resolução No 4 do CNE/CEB. Considerando que a educação é um direito humano indisponível e inquestionável.

Considerando que a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação vem agindo em conformidade com as legislações acima citadas, disponibilizando recursos para a equiparação de direitos e igualdade de condições.

Considerando que trabalhamos diariamente por uma sociedade mais justa einclusiva, manifestamos a nossa indignaçao e repudiamos as declarações do Sr Jose Serra, no debate realizado no dia 5 de agosto de 2010, por contrariar todos os avanços duramente conquistados por entidades, pessoas com deficiência e familiares, ao questionar e instigar contra o direito à educação inclusiva garantido por Lei.

A legislação vigente é resultado de anos de luta pela garantia do direito à inclusão educacional de alunos com deficiência em turma regular . No que diz respeito às pessoas com deficiência, as verbas destinadas para a educação devem ser utilizadas para inclusão, acessibilidade e atendimento educacional especializado, ou seja, recursos para que os alunos público alvo da educação especial tenham direito ao acesso e permanência, com as suas especificidades atendidas,para que possam aprender em igualdade de condições, e de acordo com as suas possibilidades.

É preciso por fim ao aparthaid , ao preconceito e à discriminação, e não há como fazer isso sem que os alunos público alvo da educação especial estudem nas mesmas salas de aulas.

É preciso garantir e oportunizar o pleno acesso à educação, reunindo qualidade e quantidade.

Nada temos contra a entidade citada pelo Sr Jose Serra, que recebe recursos do MEC* para a realização do atendimento educacional especializado , de acordo com a Resolução No 4 do CNE/CEB. É merecedora do respeito e apreço da sociedade brasileira, pela sua história e pelos conteúdos e saberes acumulados, que são de extrema relevância para a efetivação da educação inclusiva.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi ratificada com equivalência de Emenda Constitucional em 2008, e, em respeito àspessoas com deficiência, associações e ativistas, e, em particular, ascrianças e adolescentes com e sem deficiência, pedimos que não discrimine pessoas com deficiência, no discurso e na prática.

Lutamos por um Brasil inclusivo, de todos e para todos. 

Luis Nassif

Luis Nassif

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