As UPPs nas escolas

Por FERNANDO AUGUSTO BOTELHO – RJ

De O Dia

UPP põe polícia dentro de escolas

PMs darão aula para pais e alunos em unidades de áreas pacificadas

POR ADRIANA CRUZ

Rio – A PM prepara nova ofensiva nos territórios ocupados pelas oito Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs). Depois de retomar áreas dominadas pelos traficantes sob a ditadura do fuzil, os policiais vão invadir as salas de aula… como professores. A tropa vai atuar na prevenção ao uso de drogas com aulas para estudantes e, pela primeira vez, para os pais de menores de 18 anos.

O Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que tem 97 instrutores, planeja atender, a partir de agosto, três escolas da rede municipal, uma estadual e duas mantidas pelas comunidades, nos morros da Providência, no Centro; Pavão Pavãozinho, em Copacabana, e Babilônia, no Leme. O objetivo é estender o programa a todas as áreas hoje pacificadas, mas onde antes o projeto não entrava.

A corporação vai enviar ofícios às unidades para assinatura do convênio. As aulas para pais devem começar em junho no turno da noite e aos sábados nas sedes das UPPs. Lá, os interessados também poderão fazer as inscrições a partir do dia 17. “Ninguém é ingênuo de achar que a venda e o consumo drogas acabaram nas áreas ocupadas. O que não temos mais é venda ao ar livre e a ostensividade das armas. As pessoas precisam também aprender a dizer não às drogas”, avalia o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte.

Segundo o responsável pelo Proerd, o tenente-coronel Nélio Monteiro Campos, há metodologias de ensino diferentes para alunos da Educação Infantil, alunos do 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental e pais. As crianças menores terão lições, por exemplo, de como usar telefones de emergências e não falar com estranhos. “São cinco lições com duração de duas horas cada”, afirmou o oficial. Para alunos até o 5º ano, serão 20 horas de aula sobre álcool e drogas.

Pais receberão informações, em 10 horas, sobre tipos de droga e violência. “Falamos sobre como supervisionar os filhos e melhores estratégias de prevenção contra a violência e as drogas. Temos 12 instrutores treinados para isso”, explicou Campos.

Em 18 anos, programa nunca ‘subiu o morro’

Desde que foi criado na Polícia Militar, em 1992, o Proerd nunca entrou nas comunidades que ganharam UPPs e que, antes, eram consideradas áreas de risco. No restante da cidade, o programa foi implantado após treinamento de policiais do Rio com agentes da Polícia de Los Angeles, Estados Unidos. Até hoje, o programa já passou por 4.430 escolas e atendeu 380.404 crianças.

“Só no ano passado, foram 65 mil crianças. Este an,o capacitaremos mais policiais do Rio e faremos treinamentos com agentes de outros estados”, afirmou o tenente-coronel Nélio Monteiro Campos. A implantação do Proerd nas áreas de UPPs é mais um passo da PM em busca de integração com a comunidade.

No mês passado, como O DIA publicou, crianças de 9 e 10 anos do Ciep Antoine Magarinos Torres Filho, em frente ao Morro do Borel, na Tijuca, desenharam e escreveram o que pensam sobre a ocupação policial para a instalação da nova unidade na comunidade. O resultado revelou meninos e meninas cheios de esperança: as armas já não aparecem mais nas mãos de traficantes — estão com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), rabiscados com fardas pretas e sorriso no rosto. Os policiais passaram a ser visto como heróis.

Luis Nassif

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