Habitações em SP: a diferença entre o nada e o quase nada

Do Estadão

Secretaria municipal questiona programa de vereadores do PT

Sem usar imagem de Haddad, inserção bate na saída de Serra da Prefeitura, sem citar nomes

ISADORA PERON , RICARDO CHAPOLA 

Um dia depois de o candidato à Prefeitura de São Paulo José Serra (PSDB) garantir na TV que vai cumprir todo o mandato se for eleito, a campanha do petista Fernando Haddad veiculou ontem uma propaganda criticando a saída do tucano da administração municipal em 2006, quando resolveu concorrer ao governo do Estado.

“Sabe aquele candidato que abandonou a Prefeitura no meio do mandato? Que deixou um vice para tomar conta da cidade? E que tem costume de pular de galho em galho? Tá aí mais uma vez, querendo se passar pelo novo”, diz o comercial de 30 segundos.

A inserção traz imagens de uma vitrola antiga, cuja agulha começa a arranhar o som. É a deixa para o narrador dar seu recado: “Está na hora de mudar de música”. Surge então um tablet na tela que começa a tocar o jingle de Haddad. O nome de Serra não chega a ser citado. O petista também não aparece na peça.

A campanha de Haddad já havia criticado Serra por esse motivo. Em seu programa de estreia no horário eleitoral na TV, o candidato repetiu por duas vezes que a cidade estava “cansada de prefeitos de meio mandato”.

No horário eleitoral do rádio, coube ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alfinetar o tucano. No primeiro dia de propaganda, Lula afirmou que na disputa havia um prefeito que não gostava de cumprir o mandato. “Não sei por que quer ser prefeito de novo”, disse o ex-presidente. “Talvez para perder”, provocou.

A saída de Serra da Prefeitura em 2006, um ano e três meses após tomar posse, é considerada um dos principais componentes que elevam o índice de rejeição do tucano. Segundo a última pesquisa Datafolha, 43% dos paulistanos não votariam nele.

Anteontem, Serra abordou o tema de forma direta pela primeira vez no horário eleitoral. Na TV, afirmou que achava natural os eleitores terem dúvidas quanto à sua permanência no cargo e garantiu que, se eleito, irá “cumprir o mandato inteiro”.

Nos últimos dias, o candidato do PSDB passou a explicar voluntariamente o episódio da renúncia, mesmo quando não é questionado por eleitores ou jornalistas. Ontem ele tocou no assunto ao subir ao palanque de um buffet na zona leste de São Paulo para falar a um grupo de mil mulheres idosas. “Tem muito boato se espalhando. Um deles é o boato de que, se for eleito, eu saio para me candidatar em dois anos. Eu fiz isso uma vez, sim, mas fiz com o apoio da população de São Paulo”, justificou-se.

Mudança de tom. Após ter criticado o Bilhete Único Mensal, uma das principais propostas da plataforma de Haddad, o candidato do PRB, Celso Russomanno, voltou atrás e disse que “adorou a ideia”. A mudança de tom ocorreu após o petista afirmar que o adversário havia revelado desconhecimento sobre as finanças municipais durante o debate na Rede TV anteontem ao ser questionado sobre o projeto.

Russomanno, no entanto, negou desconhecer a situação financeira da capital. “Não (demonstrei desconhecimento). Adorei a ideia. Se for viável, eu sou o primeiro a adotar. Só pedi para que ele (Haddad) me apresentasse um estudo de viabilidade”, declarou o candidato do PRB.

A Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo contestou ontem os números utilizados em uma propaganda de televisão dos candidatos a vereador pelo PT. A peça afirma que a gestão Gilberto Kassab (PSD) entregou 330 unidades habitacionais construídas em parceria com o programa federal Minha Casa Minha Vida, na faixa destinada a famílias com renda de até três salários mínimos. Contudo, segundo a Prefeitura, já foram entregues, no total, 680 unidades.

O vereador José Américo (PT), um dos coordenadores da chapa, afirma que o vídeo usa dados divulgados pelo Ministério das Cidades em dezembro de 2011 e, desde então, teriam sido entregues mais 150 unidades, totalizando 480 – número a ser utilizado nas próximas peças. Para ele, tanto um número quanto o outro são “absolutamente incompatíveis” com o tamanho da cidade e revelam o “desprezo” da Prefeitura com o programa. Américo disse ainda que a campanha seguirá usando os dados do Ministério das Cidades, pois reputa serem mais confiáveis que os da Prefeitura. / BRUNO LUPION

Luis Nassif

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