O Bolsa Família 2.0

”Estamos no Bolsa-Família 2.0”

Do Estadão

Economista defende efeito do benefício contra desigualdade e diz que seu aumento pode compensar contração do crédito

Wilson Tosta

O economista Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que a expansão do Bolsa-Família anunciada esta semana pelo governo federal poderá ajudar no combate à crise econômica entre os mais pobres. Para ele, ao expandir a distribuição de dinheiro em setores em que é mais alta a propensão para gastá-lo, a iniciativa, além de combater a pobreza, estimulará a economia, compensando em parte a redução do crédito. “Essa é uma medida adequada”, diz ele, por e-mail, de Washington. Néri destaca o efeito “direto e potente” do programa sobre a redução da desigualdade no País, mas reconhece que, nas pesquisas sobre o Bolsa-Família, a hipótese de que gere acomodação nos beneficiários não foi afastada.

Expandir o Bolsa-Família é uma escolha correta?

O que se pode dizer é que não existe programa de transferência de renda no Brasil mais bem focalizado que o Bolsa-Família e seus antecessores. Por exemplo, cada real gasto no Bolsa-Família tem 2,5 vezes mais chances de chegar ao pobre que cada real gasto com o reajuste do salário mínimo na Previdência. Além disso, agora o mundo está keynesiano, no sentido de que a falta de demanda agregada é o que tem de ser combatido. Essa opção implica não só combater a pobreza, mas destinar recursos para onde a propensão de gastar o dinheiro é mais alta. Ainda tem um bônus, você injeta moeda onde ela é mais escassa, gerando um efeito lubrificador na demanda, que compensa em parte o efeito da contração de crédito.

Foi correto o critério adotado, aumentar em R$ 17 o teto de renda per capita dos possíveis beneficiários?

Você está incluindo os mais pobres que não estavam no programa. Esses R$ 17 reais a mais levam os valores do critério muito próximos da nossa linha de miséria calculada pela FGV há anos (exceto que a nossa varia pelo custo de vida entre regiões R$ 142 em São Paulo, mas R$ 134 na média no Brasil). Logo, eu não poderia ser contra esse número cabalístico.

Não seria mais correto investir o dinheiro em ajudar quem já está no programa a não precisar mais dele?

O menor custo hoje para aliviar totalmente a pobreza no Brasil é de R$ 21,3 bilhões no ano. Isso é quanto custaria para completar a renda de cada brasileiro até a linha de R$ 134 reais/mês. Agora, transferências de renda têm forte efeito no curto prazo, é preciso de ações estruturais que aumentem a capacidade dos pobres gerarem sua própria renda a prazo mais longo. Mas talvez o que se queira agora seja um efeito de curto prazo em época de crise.

O Bolsa-Família não pode estimular a acomodação?

O programa pode levar à acomodação. Alguns estudos anteriores rejeitaram esse efeito no Brasil e no México. Nos nossos últimos estudos, estamos achando efeitos desse tipo. Ainda é prematuro afirmar, mas nós não conseguimos rejeitar a hipótese de que que há efeito-preguiça derivado do Bolsa-Família. Nossos resultados quantitativos estão em linha com relatos que escuto da população mais sofrida. Por exemplo, “se eu conseguir um emprego formal, eu sou excluído do programa, então eu não busco emprego formal”. Isso preocupa e precisamos de desenho mais arrojado para combater essa e outras limitações.

Quais são os efeitos do Bolsa-Família na redução da desigualdade?

No que tange a redução da desigualdade de renda o efeito é direto e potente. Cerca de 40% da inédita queda da desigualdade ocorrida a partir de 2001 se dá pelo efeito Bolsa-Família. Há impactos positivos sobre os beneficiários do programa, como aumento da matrícula de 3 pontos de porcentagem e na frequência escolar. Agora a extensão recente das condicionalidades educacionais até a faixa de 17 anos é promissora, pois só 74,5% destes estão na escola.

Se o programa tem resultados benéficos, a que atribuir as reações contrárias, a grita contra ele e contra sua ampliação?

Há uma grita interna, mas de natureza diferente daquela que houve contra os programas Fome Zero ou Primeiro Emprego, do qual participei desde a primeira hora. Esses programas caíram pois eram mal desenhados. Já o Bolsa-Familia foi criticado por alguns desde seu nascimento, mas hoje ainda não só se expande no Brasil, como em outras partes, inclusive nações desenvolvidas, vide o programa em Nova York. O programa nasceu forte e vai evoluindo ao longo do tempo. Estamos já no Bolsa-Família 2.0.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090131/not_imp315980,0.php
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Por Guilherme Silva Araújo

Nassif,

O Marcelo Neri traz algumas boas questões para o debate. Em relação ao “efeito-preguiça”, há que se esclarecer que os resultados são muito influenciados pela distribuição dos recursos do programa. Veja que os benefícios se concentram em localidades em que são raras as oportunidades de emprego formal. A forma como ele colocou o fato de não se poder rejeitar a possibilidade de o programa estimular este efeito dá a impressão de que, em todas as localidades, as chances de uma pessoa conseguir emprego formal são as mesmas, tornando a opção entre o benefício e o emprego formal uma questão de livre escolha.

Uma questão importante que ele levanta tem a ver com o fato de o programa oferecer benefícios que ainda são insuficientes para retirar as famílias da condição de pobreza e ter uma cobertura pequena demais. Hoje a linha de pobreza estaria próxima a R$260,00, o que torna necessária a expansão dos benefícios e da cobertura para que o programa seja, de fato, efetivo em retirar famílias da condição de insuficiência de renda.

Em relação aos efeitos do programa sobre a queda da desigualdade recente no Brasil, o programa tem um efeito significativo, mas o impacto sobre os índices de desigualdade são pequenos. O pesquisador Sergei Soares, do IPEA, calculou ambos os efeitos (veja Texto para Discussão nº 1293): o impacto do Bolsa-Família sobre a desigualdade foi de cerca de 21%, mas devido a sua pequena significância (o orçamento do programa gira em torno de 1% do PIB), o programa contribuiu para uma queda absoluta de 0,01 ponto no índice de Gini. Os rendimentos do trabalho foram mais importantes para a queda da desigualdade, principalmente para trabalhadores que recebem salário mínimo.

Em relação ao programa BF ser mais bem focalizado que a previdência, o Marcelo Neri deveria especificar qual sistema de previdência ele se refere. Se ele fala da Previdência Social, esta conclusão de que “cada real gasto no Bolsa-Família tem 2,5 vezes mais chances de chegar ao pobre que cada real gasto com o reajuste do salário mínimo na Previdência” sofre de sérios problemas metodológicos. No Brasil, existem diversos sistemas de previdência (Federais, Estaduais, Municipais e Privados) e diversos regimes, a depender da função que o postulante a aposentadoria exerça. O problema é que os bancos de dados não desagregam os sistemas e os regimes de previdência. O pesquisador freqüentemente é forçado a jogar todos no mesmo bojo e, então, extrair os resultados. Ao fazer isto, chega-se a conclusões que mascaram a natureza, por exemplo, da previdência social, composta em grande maioria por pequenos benefícios que, em média, são de 1SM. Esta afirmação do Neri fundamenta a proposta Giambiagi de acabar com a previdência.

Por fim, para que o programa funcione como um instrumento normalizador das expectativas em relação à demanda, sua importãncia relativa deveria ser mais elevada. Mesmo tendo por foco famílias com propensão marginal ao consumo elevada, o valor dos benefícios deveria ser ampliado e a cobertura extendida para que o programa seja capaz de sustentar a demanda agregada. Nas atuais circunstâncias, acho esta conclusão do Neri um exagero. Abcs.

Luis Nassif

30 Comentários

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  1. Acompanhando as análises
    Acompanhando as análises lúcidas de você Nassif e do Marcelo Ney, eu pergunto :
    Será difícil as pessoas ditas “especialistas” passarem os seus conhecimentos específicos aos leigos, sem a repugnante politicagem ? .

    Saudações,

  2. Está cada vez mais claro que
    Está cada vez mais claro que quase toda a gaita entregue ao sistema financeiro vira pó… a banca só sabe cuidar do próprio rabo.

    A saída para a crise é distribuir riqueza.
    Como nunca antes foi feito.

    Ao invés de entregar bilhões aos grã-finos golpistas do mercado financeiro, é preciso pulverizar esta riqueza toda acumulada pelos rentistas.

  3. Da AFP divulgado pelo Último
    Da AFP divulgado pelo Último Segundo
    http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/01/31/obama+vai+anunciar+em+breve+uma+nova+estrategia+para+relancar+o+credito+3746939.html

    Obama vai anunciar em breve uma nova estratégia para relançar o crédito
    31/01 – 09:50 – AFP
    presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou neste sábado que seu governo anunciará muito em breve sua estratégia para reerguer o sistema financeiro e favorecer a concessão de crédito aos americanos e às empresas, com a preocupação de garantir que o dinheiro não sirva apenas para enriquecer os mais ricos.

    Em seu discurso semanal, Obama conclamou novamente o Senado a aprovar rapidamente um amplo plano de recuperação da economia, superando as diferenças partidárias………..]

    ………..”Meu secretário do Tesouro, Tim Geithner, vai anunciar em breve uma nova estratégia que relançará nosso sistema financeiro e fará circular o crédito na direção das empresas e das famílias”, declarou Obama………………

    ………”Estou determinado a fazer o que for preciso para fazer circular o crédito, e os americanos não vão perdoar nem tolerar tamanha arrogância e cobiça”, avisou Obama…………………

  4. O bolsa familia sem duvida
    O bolsa familia sem duvida nenhuma é um instrumento capaz de fazer com a recessão não venha se aprofundar de vez.
    Se, isto pode gerar acomodação eu não acredito!
    O que tem gerado acomodação é, a rolagem da divida dos grandes devedores
    que deve quantias fabulosas ao governo, e suas dívidas são roladas com
    prazo de vinte anos com taxa de juro de 3%ao ano e mais IGPM!
    Assim é fácil enriquecer.

  5. Creio que avanço no Programa
    Creio que avanço no Programa Bolsa Família possa ser dado com utlização do cadastro das famílias para direcionar as ações do Governo para capacitação profissional e o desenvolvimento da agricultura familiar,
    onde o Programa do Biodiesel pode desempenhar um papel destacado.

    Talvez permitir que exclusão gradual do Programa Bolsa Família, na conquista de emprego formal, os beneficiário teriam inicialmente uma redução de 20% do beneficio concedido, 40% no segundo ano, 60% no terceiro ano, 80% no quarto e por final 100% a partir do quinto ano.

    Mas no momento apesar de favorável a elevação do benefívio do Bolsa Familia, bem como a ampliação do programa, o problema do crédito precisa ser atacado de outra forma, mesmo com considerável aumento da Verba do Programa Bolsa Família não conseguiria o mesmo impacto que a recuperação do crédito e a redução do spread.

  6. Caro Nassif,
    O programa de
    Caro Nassif,
    O programa de protecionismo lançado pelos Estados Unidos intitulado Buy America(compre a América), pode acirrar aida mais o desemprego no país,já que atinge em cheio dois dos nossos maiores empregadores a siderurgia e a mineração.
    Não está na hora de tomarmos medidas outras além de protestos junto a OMC,que como atinge outros interessados como a União Européia e membros do G20 como a Índia e até mesmo outros Brics,esta ação poderia denominar-se “Bye America(Tchau América) em contraposição.Mas estes processos da OMC são lentos e possivelmente sua resolução possivelmente se dará pós crise…
    Urge,tal qual medida de segurança Nacional para salvaguarda das corporações e dos cidadaos uma minora na carga tributável e dos juros.
    Além das questões socio-econômicas envolvidas, há questões outras como as de saúde,pois desemprego trará a reboque ansiedade,depressão,adição química(alcóol,cigarro,etc) e violência.
    Os Estados e municípios irão chiar,mas a redução tributária mais equitativa propiciará que se amplie a base de pagamento e possivelmente não comprometerá a arrecadação.Por outro lado, taxar empresas como a Indústria tabagista e outras similares no dano da saúde pública, serviria também para contrabalaçar perdas arrecadatórias.O cigarro produzido no Brasil é o quinto mais barato do planeta e no Brasil é responsável por uma sangria da ordem de cerca de 10% da verba destinada ao SUS(Sistema Ùnico de Saúde),já que promove 50 doenças associadas ao tabagismo.Para se ter uma idéia da montanha de dinheiro que estamos falando, apenas o fumo passivo responde por gastos da ordem de 20 milhões de Reais/ano!
    Portanto, além das questões de responsabilidades sócio-econômica, de responsabilidade ambiental, está a relacionada inclusive ao direito universal a saúde.
    A carga tributária e os juros,mesmo antes da crise já asfixiava a criação de empregos.A crise associada, compromete todo esforço e evolução da Indústria e do setor de agro negócios destes últimos anos.Uma reforma tributária portanto, visa salvaguardar a saúde das corporações, dos seus empregados e resguardar o direito de um futuro melhor as gerações futuras.

  7. Bolsa- família boa mesmo, de
    Bolsa- família boa mesmo, de grosso calibre, é aquela que Serra deu a Geraldo Alckmin a dar-lhe o posto de secretário de Desenvolvimento(?).
    O resto é esmola

  8. Creio que coma queda da
    Creio que coma queda da demanda externa e o aumento do nível do desemprego, a recupeação da confiança do consumidor se dará via redução dos juros para pessoa física a manutenção da políticas sociais.

    Em 2008 Os empréstimos para pessoas físicas alcançaram R$273,9 bilhões , os créditos consignados tiveram participação de 55,2%.
    Nos empréstimos contratados pelas famílias, a taxa média das operações foi 58% a.a.
    Uma redução de 20% nos juros médios cobrados das famílias significaria R$ 30 bilhões anuais a menos nas despesas da famílias com juros, quase o triplo do que é gasto com o Programa Bolsa Família.

    O nosso problema é o COPOM, que agora além do que tudo que não fez, ainda afirma que não tem nehuma responsabilidade pelo nível dos spread cobrados no Brasil.
    Permitir uma menor custo de captação pelo tesouro e pelo BNDES seria apwnas uma das formas de reduzir os spread.

  9. Essa medida do governo Lula
    Essa medida do governo Lula foi excelente!

    Tanto no economico como no social.

    Acho que deve expandir mais, e não demorar muito para isso!
    Mais nos valores, e para mais famílias!

  10. Nassif,

    O Marcelo Neri traz
    Nassif,

    O Marcelo Neri traz algumas boas questões para o debate. Em relação ao “efeito-preguiça”, há que se esclarecer que os resultados são muito influenciados pela distribuição dos recursos do programa. Veja que os benefícios se concentram em localidades em que são raras as oportunidades de emprego formal. A forma como ele colocou o fato de não se poder rejeitar a possibilidade de o programa estimular este efeito dá a impressão de que, em todas as localidades, as chances de uma pessoa conseguir emprego formal são as mesmas, tornando a opção entre o benefício e o emprego formal uma questão de livre escolha.

    Uma questão importante que ele levanta tem a ver com o fato de o programa oferecer benefícios que ainda são insuficientes para retirar as famílias da condição de pobreza e ter uma cobertura pequena demais. Hoje a linha de pobreza estaria próxima a R$260,00, o que torna necessária a expansão dos benefícios e da cobertura para que o programa seja, de fato, efetivo em retirar famílias da condição de insuficiência de renda.

    Em relação aos efeitos do programa sobre a queda da desigualdade recente no Brasil, o programa tem um efeito significativo, mas o impacto sobre os índices de desigualdade são pequenos. O pesquisador Sergei Soares, do IPEA, calculou ambos os efeitos (veja Texto para Discussão nº 1293): o impacto do Bolsa-Família sobre a desigualdade foi de cerca de 21%, mas devido a sua pequena significância (o orçamento do programa gira em torno de 1% do PIB), o programa contribuiu para uma queda absoluta de 0,01 ponto no índice de Gini. Os rendimentos do trabalho foram mais importantes para a queda da desigualdade, principalmente para trabalhadores que recebem salário mínimo.

    Em relação ao programa BF ser mais bem focalizado que a previdência, o Marcelo Neri deveria especificar qual sistema de previdência ele se refere. Se ele fala da Previdência Social, esta conclusão de que “cada real gasto no Bolsa-Família tem 2,5 vezes mais chances de chegar ao pobre que cada real gasto com o reajuste do salário mínimo na Previdência” sofre de sérios problemas metodológicos. No Brasil, existem diversos sistemas de previdência (Federais, Estaduais, Municipais e Privados) e diversos regimes, a depender da função que o postulante a aposentadoria exerça. O problema é que os bancos de dados não desagregam os sistemas e os regimes de previdência. O pesquisador freqüentemente é forçado a jogar todos no mesmo bojo e, então, extrair os resultados. Ao fazer isto, chega-se a conclusões que mascaram a natureza, por exemplo, da previdência social, composta em grande maioria por pequenos benefícios que, em média, são de 1SM. Esta afirmação do Neri fundamenta a proposta Giambiagi de acabar com a previdência.

    Por fim, para que o programa funcione como um instrumento normalizador das expectativas em relação à demanda, sua importãncia relativa deveria ser mais elevada. Mesmo tendo por foco famílias com propensão marginal ao consumo elevada, o valor dos benefícios deveria ser ampliado e a cobertura extendida para que o programa seja capaz de sustentar a demanda agregada. Nas atuais circunstâncias, acho esta conclusão do Neri um exagero.

  11. Nassif,

    Não sei se o
    Nassif,

    Não sei se o primeiro comentário foi, por isto lhe envio novamente minhas observações. Abcs.

    O Marcelo Neri traz algumas boas questões para o debate. Em relação ao “efeito-preguiça”, há que se esclarecer que os resultados são muito influenciados pela distribuição dos recursos do programa. Veja que os benefícios se concentram em localidades em que são raras as oportunidades de emprego formal. A forma como ele colocou o fato de não se poder rejeitar a possibilidade de o programa estimular este efeito dá a impressão de que, em todas as localidades, as chances de uma pessoa conseguir emprego formal são as mesmas, tornando a opção entre o benefício e o emprego formal uma questão de livre escolha.

    Uma questão importante que ele levanta tem a ver com o fato de o programa oferecer benefícios que ainda são insuficientes para retirar as famílias da condição de pobreza e ter uma cobertura pequena demais. Hoje a linha de pobreza estaria próxima a R$260,00, o que torna necessária a expansão dos benefícios e da cobertura para que o programa seja, de fato, efetivo em retirar famílias da condição de insuficiência de renda.

    Em relação aos efeitos do programa sobre a queda da desigualdade recente no Brasil, o programa tem um efeito significativo, mas o impacto sobre os índices de desigualdade são pequenos. O pesquisador Sergei Soares, do IPEA, calculou ambos os efeitos (veja Texto para Discussão nº 1293): o impacto do Bolsa-Família sobre a desigualdade foi de cerca de 21%, mas devido a sua pequena significância (o orçamento do programa gira em torno de 1% do PIB), o programa contribuiu para uma queda absoluta de 0,01 ponto no índice de Gini. Os rendimentos do trabalho foram mais importantes para a queda da desigualdade, principalmente para trabalhadores que recebem salário mínimo.

    Em relação ao programa BF ser mais bem focalizado que a previdência, o Marcelo Neri deveria especificar qual sistema de previdência ele se refere. Se ele fala da Previdência Social, esta conclusão de que “cada real gasto no Bolsa-Família tem 2,5 vezes mais chances de chegar ao pobre que cada real gasto com o reajuste do salário mínimo na Previdência” sofre de sérios problemas metodológicos. No Brasil, existem diversos sistemas de previdência (Federais, Estaduais, Municipais e Privados) e diversos regimes, a depender da função que o postulante a aposentadoria exerça. O problema é que os bancos de dados não desagregam os sistemas e os regimes de previdência. O pesquisador freqüentemente é forçado a jogar todos no mesmo bojo e, então, extrair os resultados. Ao fazer isto, chega-se a conclusões que mascaram a natureza, por exemplo, da previdência social, composta em grande maioria por pequenos benefícios que, em média, são de 1SM. Esta afirmação do Neri fundamenta a proposta Giambiagi de acabar com a previdência.

    Por fim, para que o programa funcione como um instrumento normalizador das expectativas em relação à demanda, sua importãncia relativa deveria ser mais elevada. Mesmo tendo por foco famílias com propensão marginal ao consumo elevada, o valor dos benefícios deveria ser ampliado e a cobertura extendida para que o programa seja capaz de sustentar a demanda agregada. Nas atuais circunstâncias, acho esta conclusão do Neri um exagero.

  12. Concordo com o aumento da
    Concordo com o aumento da verba e do alcance do Bolsa-Família. Só não concordo com a origem dos recursos, que acabaram sendo retirados da Educação e Saúde do país. Se houvesse prudência, bastava Executivo, Judiciário e Legislativo diminuírem a quantidade de salários e gratificações que recebem, em especial, no número de comissionados. E, claro, no corte de investimentos do BNDES, que, parece-me, se tornará a fonte do caixa 2 em 2010, junto com a ‘pilantropia’ sem controle autorizada por Lula.

  13. Discordo do Tony, o
    Discordo do Tony, o Bolsa-familia que o Serra deu pro Alckmin foi a melhor coisa ja feita na historia deste pais.
    Imagine vc, caro Tony, sendo aluno ou paciente do Alckmin. Antes um mal secretario, do que um pessimo medico ou professor. Obrigado Serra.

  14. Nassif,

    O Marcelo Neri traz
    Nassif,

    O Marcelo Neri traz algumas boas questões para o debate. Em relação ao “efeito-preguiça”, há que se esclarecer que os resultados são muito influenciados pela distribuição dos recursos do programa. Veja que os benefícios se concentram em localidades em que são raras as oportunidades de emprego formal. A forma como ele colocou o fato de não se poder rejeitar a possibilidade de o programa estimular este efeito dá a impressão de que, em todas as localidades, as chances de uma pessoa conseguir emprego formal são as mesmas, tornando a opção entre o benefício e o emprego formal uma questão de livre escolha.

    Uma questão importante que ele levanta tem a ver com o fato de o programa oferecer benefícios que ainda são insuficientes para retirar as famílias da condição de pobreza e ter uma cobertura pequena demais. Hoje a linha de pobreza estaria próxima a R$260,00, o que torna necessária a expansão dos benefícios e da cobertura para que o programa seja, de fato, efetivo em retirar famílias da condição de insuficiência de renda.

    Em relação aos efeitos do programa sobre a queda da desigualdade recente no Brasil, o programa tem um efeito significativo, mas o impacto sobre os índices de desigualdade são pequenos. O pesquisador Sergei Soares, do IPEA, calculou ambos os efeitos (veja Texto para Discussão nº 1293): o impacto do Bolsa-Família sobre a desigualdade foi de cerca de 21%, mas devido a sua pequena significância (o orçamento do programa gira em torno de 1% do PIB), o programa contribuiu para uma queda absoluta de 0,01 ponto no índice de Gini. Os rendimentos do trabalho foram mais importantes para a queda da desigualdade, principalmente para trabalhadores que recebem salário mínimo.

    Em relação ao programa BF ser mais bem focalizado que a previdência, o Marcelo Neri deveria especificar qual sistema de previdência ele se refere. Se ele fala da Previdência Social, esta conclusão de que “cada real gasto no Bolsa-Família tem 2,5 vezes mais chances de chegar ao pobre que cada real gasto com o reajuste do salário mínimo na Previdência” sofre de sérios problemas metodológicos. No Brasil, existem diversos sistemas de previdência (Federais, Estaduais, Municipais e Privados) e diversos regimes, a depender da função que o postulante a aposentadoria exerça. O problema é que os bancos de dados não desagregam os sistemas e os regimes de previdência. O pesquisador freqüentemente é forçado a jogar todos no mesmo bojo e, então, extrair os resultados. Ao fazer isto, chega-se a conclusões que mascaram a natureza, por exemplo, da previdência social, composta em grande maioria por pequenos benefícios que, em média, são de 1SM. Esta afirmação do Neri fundamenta a proposta Giambiagi de acabar com a previdência.

    Por fim, para que o programa funcione como um instrumento normalizador das expectativas em relação à demanda, sua importãncia relativa deveria ser mais elevada. Mesmo tendo por foco famílias com propensão marginal ao consumo elevada, o valor dos benefícios deveria ser ampliado e a cobertura extendida para que o programa seja capaz de sustentar a demanda agregada. Nas atuais circunstâncias, acho esta conclusão do Neri um exagero. Abcs.

  15. Caro Nassif,

    A ganância e a
    Caro Nassif,

    A ganância e a concentração de renda provaram , com esta crise, serem um péssimo remédio para a cura dos males sociais.
    O Brasil é exemplo para o mundo, temos espaço territorial, energia e grande mercado interno, além de um povo trabalhador.
    Como a maioria dos brasileiros não é rica, deveríamos propor nas escolas uma disciplina de educação financeira, aplicada desde o início da carreira estudantil, pois caminhamos para uma maior riqueza das famílias brasileiras daqui para frente, pois quando o mundo voltar ao normal estaremos preparados para um desenvolvimento sustentável!
    Um forte abraço!

  16. O governo do pres.Obama,acaba
    O governo do pres.Obama,acaba de criar um programa com o pomposo nome de “Buy America”e por aqui,a oposição e a elite critica o governo Lula,pela expansão do Bolsa-família,que na verdade deveria trocar o nome para “Compre o Brasil”e a exemplo do plano norte-americano,deveria dar(distribuir através dos programas sociais)recursos aos brasileiros,para que comprassem aquilo do qual dependem,e assim aumentasse a “roda da economia”
    Todos estão elogiando a aprovação pelo Congresso dos E.U.A,do mega-pacote de US$ 819 bilhões de dólares,porem estão esquecendo da recomendação(obrigação)que o Estado terá de priorizar a compra de insumos APENAS E TÃO SOMENTE dos fornecedores locais,o que contraria a todos os acôrdos internacionais,do qual aquele país é signatário. Feito isto,o que irá acontecer,é que a injeção destes recursos na economia norte-americana nada mais é, do que a ampliação do já combatido sistema de proteção do Estado,através de subsídios inaceitáveis,aos seus produtores de matéria-prima,que não conseguem produzir,sem a benção do Estado,prejudicando os parceiros comerciais do país.
    Que belo pacote ! Pra eles !

  17. Prestem bem atencao:

    O
    Prestem bem atencao:

    O DINHEIRO do Bolsa-Familia atinge ***diretamente*** milhoes de envolvidos. Vai pras familias envolvidas, entendeu?

    Nao tem intermediarios: bancos estao fora dessa.

    Deu pra entender?

  18. Hipótese de acomodação é
    Hipótese de acomodação é irrelevante para o Bolsa Família. Na verdade o que há é uma intrínseca dinâmica de vida que atinge as familias, antes semi-paralisadas pela pobreza. As crianças vão, realmente, às escolas e são, de fato, vacinadas. As mães contam com um pequeno crédito nas praças, gerado pela regularidade do benefício. Mas as madames não têm gostado. Segundo algumas delas, depois do Bolsa ficou impossível encontrar uma moleca que queira trabalhar em suas casas.

  19. “”a hipótese de que gere
    “”a hipótese de que gere acomodação nos beneficiários não foi afastada””

    Essa frase é mágica.

    Concordo com bolsa desemprego.

    Mas não não concordo com bolsa família.

    Uma maneira mais justa,seria ,

    Bolsa COMPLEMENTO.

    Ou ,se quiser continuar com esse papo de bolsa família, poderiamos chama-la de BOLSA VAGABUNDO. Ou Bolsa acomodação.

    E tem mais:

    Se o governo não consegue gerar empregos, vai querer dar uma cala-boca pra sua incompetência?

    Gere empregos pra todos, faça um bolsa Complemento e aí tudo bem.

    E o bolsa complemento poderia ser educação e saúde grátis,por exemplo.Além de remédios,diminuição no pagamento na conta de água e luz e etc…

    Aí seria justo .

  20. “Ainda tem um bônus, você
    “Ainda tem um bônus, você injeta moeda onde ela é mais escassa, gerando um efeito lubrificador na demanda, que compensa em parte o efeito da contração de crédito.”

    Nassif, onde falta crédito não é para os financiamento como imóveis, carro, empréstimos pra saldar dívidas de cheque especial e cartão e essas coisas ??

    Creio que esse aumento no bolsa família não vai compensar esse problema de crédito, mesmo pq as pessoas que precisam deste crédito não são as que são atendidas pelo bolsa família. Não haverá compensação à contração de crédito, o autor misturou as coisas.

  21. Assisti ontem a um empolgante
    Assisti ontem a um empolgante seminário onde participaram Eduardo Suplicy e Patrus Ananias, pela programação do Fórum Social Mundial neste minha cidade de Belém.

    Suplicy defendendo a renda básica de cidadania como um elemento importante para a eliminação dos estigmas associados ao bolsa familia: Pagar a mesma quantia para o Antônio Hermirio de Morais e para a familia de um servente do grupo votorantim.

    Patrus diz que não, que enquanto houver pobres e os recursos forem limitados, o privilégio deve ser para estes. E que o Bolsa Família é uma etapa para se chegar ao sonho do grande Senador paulista.

    Emocionante ver as convergências e divergências nos embates democráticos de um com o outro.

  22. Nada de dar dinheiro para
    Nada de dar dinheiro para especulador e ou explorador! Bolsa família é sim uma forma de diminuir as desigualdades sociais entregando o que é devido a quem merece e produz de fato! O fato de exigir dos filhos de quem a recebe frequencia mínima nas escolas garante a uma nova geração melhores dias já que a atual não tem, mas a menor perspectiva neste mundo cão que o neoliberalismo (deus mercado) inventou e destruiu! A geração de empregos é importante é claro, mas o ser humano precisa estar vivo e com saúde caso contrario nada é possível!

  23. Nassif, outra medida
    Nassif, outra medida importante seria o presidente Lula sancionar o aumento do salário mínimo para todos os aposentados e repor as perdas de quem aposentou com 10 salário e ganha 3,4 salários mínimos. Gostaria de saber por que o Nassif não faz esta sugestão ao presidente. É um direito do aposentado que pagou sobre x salários e recebe metade agora. Seria um impulso extraordinário no crédito.

  24. Caro chara,

    Eu acredito que
    Caro chara,

    Eu acredito que a aposentadoria deve ter um teto sim. Nos EUA, independente de quanto vc pagou de INSS na sua vida, o teto é de + ou – 1300 dolares por mês. O que, dependendo do lugar onde vc mora, mal dá para o aluguel.
    Ou seja, aposentadoria não é para manter o seu padrão de vida, é para permitir um mínimo na velhice. Se quiser o mesmo padrão, sugiro que comece a poupar bem cedo…
    Além do mais, não se deve continuar falando em x salários mínimos pois o seu poder de compra variou muito no últimos anos. No começo dos anos 90 era ridículo ( coisa de 60 dolares), agora continua baixo (200 dolares) mas o que ele consegue comprar mudou pra melhor.

  25. Parece que no fim do encontro
    Parece que no fim do encontro de Davos,saiu uma declaração conjunta(desta vez o representante norte-americano não ficou de fora,como das veses anteriores)onde os representantes dos governos alí presentes,passarão a ver o Deus mercado apenas como codjuvante,e não como o “sabe-tudo”e o único capaz de gerir os recursos do planeta.
    Se o que foi colocado no papel,for efetivamente colocado em prática,a partir de agora a movimentação financeira passará a ser controlada,ou pelo menos monitorada pelo velho e bom Estado.
    Outro ponto no qual foi fechado questão,foi que obrigatoriamente os países evoluídos diminuierão gradativamente seu protecionismo,e darão mais foco aos países em desenvolvimento,e que sempre haverá prioridade para aquelas nações do planeta que sorem mais com a globalização.
    Fica um pouco difícil acreditar que isto seja factível,quando sabe-se que nas entrelinhas da aprovação do mega pacote de ajuda do Estado à economia norte-americana,está a obrigação do governo de somente liberar os recursos para a iniciativa privada,se esta priorizar as compras dos fornecedores de matéria prima local. É o famoso protecionismo americano,contra a liberdade do mercado mundial,e das normas da economia de mercado.

  26. Creio que o fato de o
    Creio que o fato de o Programa Bolsa Familia ter mudado totalmente o foco das discussões em torno do programas sociais demonstra a sua amplitude.

    Hoje se discute que a reação social dos beneficiados do Bolsa Família, o que é um atestado da sua amplitude, pela primeira depois de muitas décadas não se discute os desvios, as corrupções dos programas sociais, e como fazer para que seja atingida a pupulação que realmente necessita.

    Isto demonstra que o Programa Bolsa Família já superou o principal obstáculo dos programs socias, agora a questão é como melhorar o programa.

  27. Coincidentemente, recebi esse
    Coincidentemente, recebi esse texto hoje pelo e-mail. Vc escreveu mesmo isso, Nassif? Não me parece seu estilo.

    Repasso…

    Desabafo de Luiz Nassif

    Elite privilegiada

    Falso e velho.

  28. Efeito-preguiça? Se recebo
    Efeito-preguiça? Se recebo 134 reais e aparece uma oportunidade de ganhar um salário-mínimo de 465 reais, vou desprezar por… preguiça? Dese jeito parece até que 134 reais é uma fortuna! Agora, pode realmente acontecer de a pessoa recusar um salário menor, tipo 200 reais. Nesse caso, melhor ficar em casa mesmo, cuidando dos filhos, e o empregador que vá procurar outra pessoa para explorar.

  29. Acho que daqui a pouco só vão
    Acho que daqui a pouco só vão sobrar o Ali Kamel e o Anarquista contra o bolsa família. E haja implicância. Vão ignorar tudo o que o economista falou de positivo sobre o programa, e se agarrar nesse negócio de bolsa preguiça. Já o vejo como título de mais uma coluna do Kamel. O Anarquista fala em criar empregos. Se o Bolsa família atrapalha, como foi possível criar 8 milhões de empregos formais? Será que sem o programa, seriam 50 milhões? Só se o Lula fosse capaz de fazer milagre. De qualquer forma está claro que o Kamel é cabeça-dura por má fé, já o Anarquista, acho que é só cabeça-dura mesmo

  30. Ando um pouco por fora do BF
    Ando um pouco por fora do BF nos dias de hj, mas me parece que pouca coisa mudou. Estive na participação de uma pesquisa com a Dr. Ozanira há 2anos e as questões que mais me indignavam e hj ainda permanecem em minha mente se referem as contrapartidas, aos direitos humanos e, claro à economia… Continuo acreditando sim, que o BF não passa de um cala-boca do povão. Principalmente no fato de que o programa é mal divulgado, pois muitas familias alegal que ficaram sabendo do programa através de amigas – muitas sequer sabem que existem Centros de Referencia que podem ajudá-las na inserção dos programas sociais complementares … Mas sei que isso vai depender de cidade, de região. Porém não é ser cabeça dura dizer que se deseja um programa justo e que atenda à TODOS. Se se deseja reduzir desigualdade social…. pq qualificar uma familia como sendo melhor do que a outra, já que para ter acesso ao programa é necessário se passar por uma série de critérios de elegibilidade? E se o direito a ter direitos é protegido por uma constituição pq o idivíduo que recebe o programa deve cumprir certas condições sobre pena de ter o beneficio bloqueado? E essa contração de crédito vem para quê afinal? Permitir realmente que o individuo tenha acesso à economia por meio do consumo ou seria mais uma forma de manter o miserável no seu devido lugar, já que só existe o rico pq o pobre está lá para fazer jus à sua categoria? Seria ingenuidade da parte de quem acreditar que o programa é um calaboca?

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