O Estado, o capitalismo e a esquerda na coalizão governante

Enviado por Mário de Oliveira

Do Jornal do Brasil

O Estado, o capitalismo e a esquerda na coalizão governante 

Marcus Ianoni
 
Economistas têm discutido as causas do pleno emprego no governo Dilma, indicador que se apresenta mesmo quando a média de crescimento caiu em relação à verificada nos governos Lula. Explicações à parte, outro fato positivo do período atual é o aumento no volume de gastos públicos do governo federal com políticas sociais. Pleno emprego e políticas de bem-estar, que programa é esse? Há uma semelhança estrutural com o que se passou em países europeus no II Pós-Guerra, quando a relação de forças entre as classes e frações conformou, inicialmente via governos social-democratas, um compromisso de classe entre capital e trabalho, que se tornou, no processo histórico dos trinta anos dourados do capitalismo, uma base fundamental das transformações do Estado, até a irrupção da contra-reforma neoliberal.
 
O ponto de partida da análise deve ser a alteração da relação de forças e seu impacto sobre a estrutura do Estado. Nos anos dourados e no Brasil atual, o Estado não deixou de ser capitalista. Apesar das mudanças na relação de forças reconfigurarem, de modo importante, as posições políticas relativas do trabalho e do capital, não alteraram as relações de produção, a persistência da propriedade privada dos meios de produção. Mantido o caráter capitalista da sociedade, o Estado segue submetido ao constrangimento estrutural de reproduzir as relações de produção capitalistas. Sem acumulação de capital não há lucro, emprego, salário e nem receita pública para financiar o Estado, seus funcionários e suas políticas públicas. Dada uma relação de forças que mantém características estruturais fundamentais da formação social capitalista, a tarefa primeira do Estado é propiciar as condições gerais para a reprodução das relações de produção. Os governantes do Estado, antes de tudo, são encarregados dessa responsabilidade.

 
A formulação das políticas anticíclicas keynesianas ocorreu no contexto da Grande Depressão, que gerou um desemprego fenomenal. A teoria econômica de Keynes contribuiu decisivamente para explicar e legitimar a necessidade da intervenção governamental na economia. Ela serviu como uma das bases programáticas dos governos social-democratas, já nos anos 1930, mas, sobretudo, após 1945. As políticas sociais foram a outra face da plataforma eleitoral que ensejou governos eleitos democraticamente nos quais as organizações dos trabalhadores (partidos e sindicatos) constituíam uma força social e política estruturante. Ou seja, essas vitórias eleitorais não se apoiaram em programas revolucionários anticapitalistas, mas sim em um modelo de economia mista, no qual não só o mercado jogava um papel importante, mas também o Estado, sobretudo visando evitar e combater crises cíclicas e promover políticas de bem-estar social, então alçadas à condição de direitos de cidadania. O motivo do distanciamento em relação ao programa revolucionário foi basicamente duplo. Em todos os países o proletariado era minoria numérica, sendo assim, uma vez feita a escolha de participar nas eleições para ganhar, e não apenas para registrar presença, um governo de maioria só seria possível com o apoio de outras classes, o que implicava atenuar o discurso classista e, uma vez eleito, implementar políticas de compromisso de classe. Por outro lado, certa dose de práticas e valores burgueses entre os operários, como a competição e o individualismo, também complicaram os planos socialistas de suas organizações.
 
Políticas social-desenvolvimentistas vêm sendo implementadas no Brasil desde a vitória do candidato do PT, Lula, em 2002. Elas se desenham no bojo da alteração da relação de forças entre capital e trabalho e têm sido uma alternativa ao capitalismo neoliberal, que se apoia na financeirização da economia, em detrimento dos investimentos produtivos, que geram emprego, salário e acumulação de capital produtivo. Além do incentivo às atividades produtivas, a coalizão social-desenvolvimentista demanda políticas sociais e de direitos, que requerem um Estado capacitado, em termos fiscais, organizacionais e de recursos humanos, para enfrentar o desafio de superar as desigualdades. 
 
Pode-se exigir muito menos ou muito mais de Dilma, a depender das preferências ideológicas. A direita pode desejar a contra-reforma neoliberal, que melhor atenderia aos interesses da coalizão de rentistas e financistas. A minoritária oposição de esquerda pode sonhar, irracionalmente, com a revolução socialista clássica, afinal, a democracia está em plena forma. Mas, entre uns e outros, é fato que, com todas as dificuldades, a começar pela heterogeneidade da coalizão de governo, a aliança social-desenvolvimentista à qual Dilma se vincula está fazendo a história, com políticas públicas que visam o crescimento, a inclusão social e o interesse nacional nas relações internacionais, políticas que reconstroem o Estado como pacto de dominação, regime e aparelho. O novo Estado social-desenvolvimentista representa um espectro mais amplo de interesses, estimula o aquecimento do mercado de trabalho e a acumulação de capital produtivo, busca, com resistências e contradições, enfrentar os interesses neoliberais e combater a desigualdade social. Isso tudo não é pouco. As urnas, em outubro, dirão se o eleitorado, que em 2006 pediu bis para Lula, o fará também em 2014 para Dilma.
Redação

20 Comentários

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  1. Conheço um que está

    Conheço um que está convencido que a causa do pleno emprego atual é o desemprego da era FHC. Sério, ele acredita que foi feito um grande esforço para “arrumar a casa”, e que o desemprego, portanto, foi uma coisa boa! Pra ele tudo se deve ao plano real, rsrs.

    Felezmente ele não estende o argumento. É um cara manero; manda bem no teclado….

  2. Por mais méritos que possuam

    Por mais méritos que possuam os governos Lula/Dilma na geração de empregos, é um falseamento histórico bem recorrente “linkar” o programa de governo do PT com o Welfare State posto em prática em algumas economias desenvolvidas.

    A começar pela questão do emprego: enquanto a maioria dos países do Welfare no pós-Guerra possuíam um desenvolvimento industrial altíssimo, com bons salários, sindicato forte e uma ampla gama de garantias e benefícios sociais, a maioria esmagadora dos empregos constituídos sob Lula, como bem disse Márcio Pochmann, foram criados no setor de serviços, com salários de até 1,5 Salário Mínimo.

    Aliás, nas economias mais desenvolvidas, esta migração da força produtiva, do setor industrial para o de serviços (já que as indústrias, nas últimas décadas, em grande parte estão se instalando em países com mão de obra mais barata) é um dos fatores que contribuem para o financismo pressionar alguns países a desmantelar o Estado de Bem-Estar.

    Como a maioria dos empregos criados envolvem baixa especialização e salários módicos, difícil acreditar que isto é um degrau para o Bem-Estar, caso ao mesmo tempo não estejamos observando grandes saltos de desenvolvimento industrial.

    Esta comparação torna-se mais inadequada ainda quando olhamos para a estrutura estatal. Não existe Welfare State sem sistema tributário progressivo e a liderança do poder público nos investimentos. Como temos uma das legislações tributárias mais regressivas da face da terra, e o “tripé financeiro” montado por FHC amarra o Estado numa camisa-de-força, difícil acreditar que as ideias de Keynes imperem por aqui.

    Só verificar que o governo, em 2014, cortou R$ 44 bilhões do orçamento federal, e a Selic (que retroalimenta todo este espiral de dívida pública) não para de crescer.

     

     

    1. Genéricas generalizações

      E lá vamos nós…

       

      “(…) Só verificar que o governo, em 2014, cortou R$ 44 bilhões do orçamento federal, e a Selic (que retroalimenta todo este espiral de dívida pública) não para de crescer.”

       

      O corte de R$ 44 bilhões de reais representa apenas 04% do orçamento federal e não é impositivo. A meta de superávit primário para 2014 é de 1,9% do PIB, o menor valor dos últimos 30 anos no Brasil. Para quem não lembra, nos primeiros 04 anos de governo de Lula a meta de superávit primário estabelecida era de colossais 4,25% do PIB.

       

      A Selic está hoje em 10,75% ao ano. Este é rigorosamente o mesmo percentual que Dilma herdou de Lula, em 1º de janeiro de 2011. E Lula herdou de FHC uma taxa de juros da Selic no astronômico patamar de 25% ao ano. A DSLP (Dívida Líquida do Setor Público) está hoje em 34% do PIB. Era de 30% do PIB em 1994 e foi para impressionantes 60% do PIB em 2002. Ou seja, ela está caindo nos governos de Lula e Dilma, não o contrário!

       

      Algumas taxas de juros internacionais:

       

      -EUA: 0,25% ao ano, desde dezembro de 2008;

      -Reino Unido: 0,5% ao ano, desde março de 2009;

      -Japão: 0,1% ao ano, desde dezembro de 2008.

       

      Seriam estes (e outros países com taxas de juros similares), por acaso, “keynesianos”? Porque estes países derrapam em matéria de crescimento econômico, em que pese manterem taxas de juros próximas de zero há 04 ou 05 anos consecutivos? A verdade é que o crescimento econômico não tem nada a ver com as taxas de juros praticadas pelos países A, B ou C. O que está acontecendo atualmente, com crescimento baixo do PIB em nível global desde 2008, é justamente a consequência do Crash de 2008.

       

      O mundo atravessa a pior crise econômico-financeira existente desde o Crash de outubro de 1929. Esta brutal crise iniciou com o Crash de 15 de setembro de 2008 e está longe de acabar. Dentro deste cenário, o fato do Brasil manter o pleno emprego e continuar distribuindo renda é algo simplesmente espetacular, um modelo a ser seguido por outros países que se veem fustigados pelos efeitos deletérios da crise já citada.

      1. Comparar Brasil com Estados

        Comparar Brasil com Estados Unidos e Japão, em matéria de crescimento econômico, é bem inadequado.

        Pega-se por exemplo o Japão, e sua infra-estrutura ferroviária/metroviária: lá, se você quiser viajar, consegue ir para qualquer canto do país quase de trem. E, se tiver mais pressa (e dinheiro), pode chegar em pouquíssimo tempo, via trem-bala, que interliga as principais cidades. Já se mora numa grande metrópole, tal qual Tokyo, qualquer bairro, canto ou esquina da cidade possui uma estação de metrô ou trem próxima.

        Que investimentos o Japão precisa, nesta área? E que investimentos o Brasil precisa? Eu não consigo viajar nem de Campinas a São Paulo, nem de São Paulo a Rio de Janeiro de trem. Que o diga me transportar até outras regiões mais afastadas. Nossas deficiências são notórias em relação aos países desenvolvidos, não só no transporte sobre trilhos, mas nas mais diversas áreas envolvendo infra-estrutura.

        Não se investe de forma acelerada (igual faz a China, por exemplo) porque, em grande parte dos casos, não há dinheiro. E não há dinheiro porque a ortodoxia econômica sequestrou o Estado brasileiro. Lula, e agora Dilma, só fizeram manobrar no que restou, e a margem é pequena, tanto que a União teve que conceder para a iniciativa privada vários portos, aeroportos, rodovias e ferrovias porque, dentre outras alegações, diz-se que o Estado não tem grana para bancar todos os investimentos.

        Isto não me parece lá muito uma linha “Keynesiana” de governo, igual o articulista defende.

        1. “Comparar Brasil com Estados

          “Comparar Brasil com Estados Unidos e Japão, em matéria de crescimento econômico, é bem inadequado”:

          Comparar positivamente, voce quer dizer.  Comparar negativamente pode:

          “Por mais méritos que possuam os governos Lula/Dilma na geração de empregos, é um falseamento histórico bem recorrente “linkar” o programa de governo do PT com o Welfare State posto em prática em algumas economias desenvolvidas.

          A começar pela questão do emprego: enquanto a maioria dos países do Welfare no pós-Guerra possuíam um desenvolvimento industrial altíssimo, com bons salários, sindicato forte e uma ampla gama de garantias e benefícios sociais, a maioria esmagadora dos empregos constituídos sob Lula, como bem disse Márcio Pochmann, foram criados no setor de serviços, com salários de até 1,5 Salário Mínimo.”

          1. Olha, quem defende que não se

            Olha, quem defende que não se deve comparar percentuais de crescimento de economias em diferentes graus de desenvolvimento não sou só eu, mas 100% dos economistas da face da terra. Se você entender que esta comparação é honesta, então que comparemos nosso PIB com de países africanos paupérrimos que crescem a 10% ao ano.

            Quanto ao segundo caso, quem comparou primeiro foi o articulista. O que fiz foi apenas argumentar que não existe semelhança nas políticas adotadas nos últimos anos aqui, com as colocadas em prática na Europa do pós-guerra. Este tipo de comparação, de modelos de Estado e de políticas governamentais, também 100% dos economistas da face da terra fazem.

             

             

             

             

             

             

             

             

          2. “Quanto ao segundo caso, quem

            “Quanto ao segundo caso, quem comparou primeiro foi o articulista”:

            Sim, Taguti, mas o meu ponto nao era que ele estava “certo ou errado”, mesmo porque seria igualmente absurdo ele comparar a situacao do Brasil com a de qualquer pais da Africa.

            A teoria que caberia aqui se parece mais com a teoria de Deus:  primeiro era uma luzinha, depois homem num cavalo, depois homem numa carruagem, depois matematico, depois relojoeiro, depois quantico, depois computador, depois computador quantico, etc.

            Ou melhor dizendo:  voce tem que comparar ponto por ponto eh com o melhor que houver por perto mesmo. Eh a melhor coisa que estiver aas maos.  E enquanto nao foi dismantelado pelos republicanos, o welfare state foi por decadas um dos melhores programas do mundo mesmo em termos teoricos e praticos.

          3. Ah sim, Ivan, nisso eu

            Ah sim, Ivan, nisso eu concordo com você, mas quem primeiro mencionou o assunto foi Marcus Ianoni, que quis traçar paralelos entre o Brasil atual e o Estado de Bem-Estar Social.

            O que fiz foi sustentar que este paralelo não é muito verossímil, até porque, tal qual você mesmo sustenta, o Welfare está sob constante ataque mesmo nas nações onde foi implantado.

            Creio que existem diversos aspectos a serem elogiados nos governos Lula/Dilma (como o aumento da renda, a criação massiva de empregos e a expansão dos programas sociais compensatórios), mas não acho que o caminho certo seja confundir certos conceitos da social-democracia.

    2. Arthur, suas considerações

      Arthur, suas considerações são muito pertinentes, sem dúvida. Mas não dá para dizer que a Selic não para de crescer. A trajetória de longo prazo da Selic nos governos do PT é de queda acentuada, não de alta. 

      1. Você tem razão.
        Na verdade,

        Você tem razão.

        Na verdade, quis me referir a trajetória da Selic em tempos recentes, durante o governo Dilma. Onde mostrou-se claro o poder de fogo associado ao rentismo, que conseguiu, através de pressões diversas, interromper uma boa política de governo (redução gradual dos juros), devolvendo a Taxa ao seu patamar de dois dígitos.

    3. Tua análise é bacana. Pena

      Tua análise é bacana. Pena que peque pela descontextualização. Pega um cenário de pós-guerra a partir do qual emerge uma II Revolução Industrial e quer comparar com o atual já inserido numa III Revolução Industrial. 

      Isto posto, por que, necessariamente teríamos que passar por estágios ou ciclos econômicos hoje já vencidos? 

      Essa questão da industrialização(ou desindustrialização) está se tornando um mantra. 

    4. Capitalismo e Estado se aperfeiçoam, mas são como foram pintados

       

      ArthurTaguti (terça-feira, 18/03/2014 às 14:58),

      O comentarista JB Costa, em comentário de terça-feira, 18/03/2014 às 17:39, de certo modo já disse uma crítica que eu pensei em fazer ao seu comentário. Ainda assim, depois se tiver tempo eu pretendo mencionar uma história que ajuda a esclarecer um pouco o assunto.

      Há também um rebate seu ao comentário de Ivan de Union enviado quarta-feira, 19/03/2014 às 08:12, em que ele o criticou por você não aceitar a comparação do Brasil com os Estados Unidos e Japão, mesmo tendo aceito fazer a comparação do Brasil com a Europa em relação ao Welfare State. No seu rebate enviado quarta-feira, 19/03/2014 às 10:56, você diz que quem comparou primeiro foi o articulista. Interessante que você até que não acusou o articulista por fazer a comparação no comentário que você enviou terça-feira, 18/03/2014 às 14:58. Segundo você:

      “Por mais méritos que possuam os governos Lula/Dilma na geração de empregos, é um falseamento histórico bem recorrente “linkar” o programa de governo do PT com o Welfare State posto em prática em algumas economias desenvolvidas”.

      Lá você fez uma acusação genérica, não incluindo nela o articulista. Já no seu rebate para Ivan de Union você critica especificamente o articulista por ter primeiro feito a comparação. Se você tivesse ficado só no primeiro comentário você andaria mais certo porque o articulista não “linka” o programa de governo do PT com o Welfare State. Ele apenas mostra as condições em que surgiram os governos sociais democratas no após II Grande Guerra, caracterizando nas condições o capitalismo e o Estado. Com os aperfeiçoamentos inerentes, é o mesmo Estado e o mesmo capitalismo em realidades diferentes tanto física como no tempo que se encontram presentes nas condições em que os governos do PT assumiram o poder no Brasil.

      Bem, em pouco mais de uma semana, eu fiz já dois elogios a você. Um, hoje, junto ao post “Correção da tabela pode tornar 8 milhões de brasileiros isentos do IR” de hoje, quarta-feira, 19/03/2014 09:49, em que eu, em comentário enviado quarta-feira, 19/03/2014 às 14:00, precisei mencionar o post “Tabela do IR será corrigida abaixo da inflação” de quinta-feira, 26/12/2013 às 11:43, também aqui no blog de Luis Nassif originou de sugestão sua para a matéria no Estadão intitulada “Nova tabela do IR aumenta cobrança de impostos sobre salários”. O endereço do post “Correção da tabela pode tornar 8 milhões de brasileiros isentos do IR” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/correcao-da-tabela-pode-tornar-8-milhoes-de-brasileiros-isentos-do-ir

      E a razão do elogio foi porque no post “Tabela do IR será corrigida abaixo da inflação”, você toma posição ao introduzir a reportagem do Estadão intitulada “Nova tabela do IR aumenta cobrança de impostos sobre salários”. O endereço do post “Tabela do IR será corrigida abaixo da inflação” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/tabela-do-ir-sera-corrigida-abaixo-da-inflacao

      E o segundo elogio foi há mais de uma semana, mas eu o reproduzi recentemente junto ao post “As Matrioskas do Ocidente são mais sutis” de domingo, 16/03/2014 às 17:16, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria de Gunter Zibell que utiliza como referência o post “As Matrioskas da Rússia contra o Ocidente”. O endereço do post “As Matrioskas do Ocidente são mais sutis” na página em que se encontra meu comentário enviado segunda-feira, 17/03/2014 às 20:28, para Gunter Zibell é:

      https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/as-matrioskas-do-ocidente-sao-mais-sutis?page=1#comment-251153

      E a razão do meu elogio foi um comentário seu junto ao post “A expansão da OTAN na Europa” de quinta-feira, 13/03/2014 às 07:44, aqui no blog de Luis Nassif e também oriundo de texto de Gunter Zibell. O endereço do post “A expansão da OTAN na Europa” é:

      https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/a-expansao-da-otan-na-europa

      Do meu comentário enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 22:09, para Gunter Zibell, eu tiro a seguinte passagem com elogio a você. Disse eu lá:

      “Não vou entrar muito no mérito do aspecto geopolítico até porque os comentários de Sérgio Baker – Ce, enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 11:01, de Waldyr Kopezky, enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 15:52, e o de, para minha surpresa, ArthurTaguti, enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 15:56, dão bem conta do recado. Disse que o comentário de ArthurTaguti surpreendera-me porque mais comumente vejo ele fazendo aqueles comentários retóricos que cabem em qualquer lugar do mundo em que você se encontre. (Talvez em uma ditadura você tem que explicitar que você não se refere ao governo de plantão, mas a um passado ou um futuro de oposição ou um de outro lugar)”.

      Já aqui neste post “O Estado, o capitalismo e a esquerda na coalizão governante”, o que eu censuro mais nos seus comentários não é propriamente frases retóricas. O que eu critico são estas misturas de épocas e lugares de modo confuso e inconsistente. E há um pouco de retórica também em frase como

      “Não existe Welfare State sem sistema tributário progressivo e a liderança do poder público nos investimentos”.

      Sem esquecer que os investimentos públicos podem muito bem serem, dentro da realidade atual do mundo, feitos pelo setor privado, eles são mais destinados a diretamente fortalecer o sistema capitalismo e só indiretamente fortalecem o Welfare State.

      Quanto ao sistema tributário progressivo, penso que dar prioridade a progressividade dentro da realidade política brasileira, em muito semelhante a maioria dos países em desenvolvimento que convivem com o regime democrático, só desserve a construção de um país melhor.

      A progressividade foi combatida no governo de Ronald Reagan muito com base na que ficou conhecida Lei de Lafer. Como quase tudo no governo de Ronald Reagan, trata-se mais de um achado cabalístico, sem nenhuma comprovação científica e que bem serviu a causa da direita. Ainda que a redução da progressividade (Redução porque quase todos os sistemas tributários das nações mais evoluídas, a iniciar pelos Estados Unidos, têm um pouco de progressividade) tenha origem neoliberal, ela foi feita mais com fundamento na eficiência da Administração Tributária. É muito mais eficiente administrar o Imposto de Renda sobre Pessoas Físicas existindo poucas alíquotas do que existindo muito. O grande problema é que a eficiência é, pelo menos no curto prazo, inimiga da justiça. Aliás, a busca da eficiência é o que bem caracteriza o neoliberalismo. É só lembrar que em um determinado nível de produção em escala a saída de um trabalhador menos eficiente de per si aumenta a eficiência.

      Bem fiquei de contar uma historia. Ela é mais antiga, mas na semana passada eu vi uma repercussão dela. Eu li em algum texto sobre automóveis que as empresas de softwares estavam querendo vender aplicativos para serem colocados nos painéis dos carros, mas havia muita resistência das fabricantes de automóveis, sendo que a General Motores dificilmente aceitaria porque ela vende muitos serviços.

      E a história que eu tinha para contar é a seguinte. Na década de 80 resolveram acabar com a divisão das empresas em 500 maiores da indústria e 500 maiores de serviços. A alegação para acabar era justificada com o seguinte exemplo: a Microsoft da área de serviço vende disquete e a General Motores da área industrial vende serviços de logística. A história é para mostrar como não faz sentido querer replicar agora no Brasil o que ocorreu na Europa no pós II Grande Guerra. Ainda mais que nos dois períodos já bem distintos no tempo a densidade populacional das duas regiões é totalmente diferente.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 19/03/2014

  3. “discutido as causas do pleno

    “discutido as causas do pleno emprego no governo Dilma” 

    Se houvesse um pleno emprego não haveria necessidade de bolsa familia, fora os demais subsidios que o governo da para uma parte da sociedade, e isso inclui  setores da economia.

    São 5% do PIB em desonerações pra uma parte priveligiada do empresáriado.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=cRMtIkgfazw%5D

    1. E mais 10 %.

      E mais 10% de sonegação. Se a sonegação caisse pra 5% teríamos um crescimento chinês.

      Quanto ao pleno emprego, não creio que as pesquisas que medem a ocupação ocorram em Coité do Noia ou Afogados da Ingazeira. Por melhores que sejam, as estatísticas sempre serão falhas.

      Existem muitos lugares neste país que nem sequer existe a possibilidade de emprego. Daí a necessidades de políticas sociais.

      E não pense que falo só dos grotões. Em São Paulo e Rio por seu inchaço já ha lugares onde as pessoas ja acham dificuldades de se empregarem. A cidade cresceu, inchou, mas não houve um planejamento pra descentralizar a atividade que gera empregos, assim, quem está desempregado não tem grana pra bancar transporte e procurar emprego.

      Em locais como Goianazes e Cidade Tiradentes já existe um exército de desempregados ou sub empregados.

      Tal como o artista, o planejamento tambem deveria ir aonde o povo está.

       

    2. E mais 10 %.

      E mais 10% de sonegação. Se a sonegação caisse pra 5% teríamos um crescimento chinês.

      Quanto ao pleno emprego, não creio que as pesquisas que medem a ocupação ocorram em Coité do Noia ou Afogados da Ingazeira. Por melhores que sejam, as estatísticas sempre serão falhas.

      Existem muitos lugares neste país que nem sequer existe a possibilidade de emprego. Daí a necessidades de políticas sociais.

      E não pense que falo só dos grotões. Em São Paulo e Rio por seu inchaço já ha lugares onde as pessoas ja acham dificuldades de se empregarem. A cidade cresceu, inchou, mas não houve um planejamento pra descentralizar a atividade que gera empregos, assim, quem está desempregado não tem grana pra bancar transporte e procurar emprego.

      Em locais como Goianazes e Cidade Tiradentes já existe um exército de desempregados ou sub empregados.

      Tal como o artista, o planejamento tambem deveria ir aonde o povo está.

       

  4. a política de inclusão do

    a política de inclusão do governo diz respeito à compra de celulares e geladeiras, o que não deixa de ser algo importante; no entanto, no campo da política é a mais pura exclusão: usam os mesmos mecanismos que a era FHC legou ao Estado brasileiro para governar, criou uma nova milicia militar para reprimir as manifestações sociais, cada vez mais se utiliza de financiamentos privados que diz ser contra num projeto de reforma que nunca ganhou força. Governabilidade para empurrar uma Copa do Mundo para a população vale, mas de maneira estranha ela não funciona na hora de fazer uma reforma política dar certo. Parece que essa governabilidade só serve para governar enquanto os empresários lucram e a direita avança a sua pauta.

    a esquerda minoritária não está buscando uma revolução socialista. Essa leitura é de algum um pouco míope. Buscam apenas fazer a crítica ao capitalismo “bem gerenciado” do PT, no que diz respeito ao fato do capitalismo explorar os trabalhadores e manter a população pobre como inimiga interna, especialmente sob o regime militar das PMs que em TODOS os Estados fazem o que querem na hora de manter a ordem e o progresso (ordem e progresso que não inclui todo o povo brasileiro, que o diga os Douglas, as Claudias e muitas outras vítimas do Estado).

    1. Criou?

      Dilma criou uma milicia militar?

      De onde você tirou essa idéia? A estrutura das polícias no Brasil é resquício da Ditadura Militar. É um vespeiro que não depende exclusivamente do Governo Federal, do executivo, para reestruturar essas instituições.

      Por exemplo, para o Governo de São Paulo, a PM e a Civil, são braços de apoio a política de exclusão e de terror instauradas, o PCC não é enfrentado pelo PSDB, como deveria, porque é uma forma de manter Alckmin com o status de Governador forte, destemido, enfrentador, ou você acreditou na versão do atentado e da fuga hollywoodiana que a imprensa “furou”.

      Lembre-se do massacre do carandiru, da Rota na rua do Maluf.

      Os governos do PT foram e são liberias, ainda longe de um socialismo, longe porque vivemos sobre um regime político de coalizão de forças, de interesses diversos e conflitantes, uma base aliada que infelizmente não está ligada por ideais políticos ideológicos, é uma base fisologista, que o governo tem que gerenciar todo o dia.

      As reformas políticas não dependem também do Gov. Fderal, dependem muito mais do Congresso. Vá falar me financiamento público de campanha nesse Congresso que reune PP – PSC – DEM – PSDB – PPS  e outors mais, vá falar disso para os parlamentares desse partidos.

      É mole?

  5. Um post que precisa ser repaginado várias vezes

     

    Mário de Oliveira,

    Um artigo fenomenal este a que você deu destaque. O elogio é sempre o auto elogio, pois elogiamos aqueles que defendem as mesmas idéias que a gente defende. Não é, entretanto, por isso que eu vou deixar de elogiar o Marcus Ianoni. E nem vou deixar de agradecer a você por ter deixado o texto disponível aqui.

    O melhor deste artigo “O Estado, o capitalismo e a esquerda na coalizão governante” de Marcus Ianoni e publicado no Jornal do Brasil e por sua sugestão transformado neste post “O Estado, o capitalismo e a esquerda na coalizão governante” de quarta-feira, 19/03/2014 às 07:19, aqui no blog de Luis Nassif foi trazer duas instituição importantes que raramente são apresentadas como elas foram neste artigo como algo da nossa realidade, mas sim como algo da nossa idealização.

    Nas apresentações de Luis Nassif, alguém de esquerda embora ele não goste se se classificar como tal, o Estado é uma instituição neutra. Nas apresentações de uma direita como AliancaLiberal que desta vez menciono na presença virtual dele uma vez há comentário dele enviado terça-feira, 18/03/2014 às 15:39, aqui neste post, o capitalismo que existe é o capitalismo ideal, da concorrência perfeita, em que o melhor vence o pior e assim só sobrevivem os melhores. E então quando se diz para ele que este capitalismo não existe, que quem vence é o maior, o mais forte, e que com a vitória fica ainda maior e mais forte, ele sai pela tangente recriminando a crítica à acumulação de capital. Não é bem assim, eu sou a favor da evolução do capitalismo e, portanto, defendo a acumulação do capital tanto assim que defendo o fomento a formação das campeãs nacionais.

    A propósito, aproveitando a presença de Paul Krugman, lembro que Paul Krugman combateu a idéia dos campeões nacionais, mencionando que apenas a França teria adotado política semelhante. Para mim, considerando o após II Grande Guerra, a Alemanha, a Itália, o Japão e a Coreia, todos exemplos de países com alta taxa de crescimento econômico dependeram muito neste crescimento da formação de grandes grupos nacionais. Sobre esta questão menciono o post “GOL contra” de quarta-feira, 05/06/2013, no blog de Alexandre Schwartsman, A Mão Visível, onde enviei quinta-feira, 06/06/2013 às 23:46, um comentário para junto do comentário de João Paulo Rodrigues enviado 05/06/2013 às 13:17. Em meu comentário já quase no fim do post, eu deixo alguns links onde houve algum espaço para a discussão sobre os campeões nacionais. O endereço do post “O Gol contra” é:

    http://maovisivel.blogspot.com/2013/06/gol-contra.html

    Outro a propósito é lembrar que só quando vi a data do comentário de AliançaLiberal é que eu pude ver que este post foi repaginado pois ele é datado de quarta-feira,19/03/2014 e o comentário de AliancaLiberal é do dia anterior terça-feira. Merecida esta repaginação do post. Aliás, quando li todo o artigo e vi as idéias que eu defendo sendo apresentadas de modo muito mais condensado e muito mais consistente, eu tratei logo de procurar saber quem era Marcus Ianoni. E a informação que eu obtive dá o respaldo acadêmico à boa satisfação que o artigo dele me causou. Ele é doutor em Ciências Sociais (PUC-SP, 1997). É procurar mais tentos dele para leitura.

    Lembro ainda que venho insistindo em fazer esta distinção entre Estado real e Estado idealizado e entre capitalismo real e capitalismo idealizado, e percebo que há muita confusão nos comentários que tratam do Estado e do capitalismo. E há uma terceira idealização que eu considero que é ainda a mais nociva para o entendimento da realidade. É a confusão entre democracia ideal e democracia real. Enquanto na academia não se dá importância ao Estado ideal ou ao capitalismo ideal, se percebe que a democracia é idealizada mesmo na academia. Pelo menos é o que me pareceu se compreender do entendimento de democracia expresso por Aldo Fornazieri no post “Clientelismo e corrupção do sistema político, por Aldo Fornazieri” de segunda-feira, 10/03/2014 às 08:18,  aqui no blog de Luis Nassif, sendo que ele se apresenta como Cientista Político e Professor da Escola de Sociologia e Política. O endereço do post “Clientelismo e corrupção do sistema pol[ítico, por Aldo Fornazieri” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/clientelismo-e-corrupcao-do-sistema-politico-por-aldo-fornazieri

    E vale lembrar que me pareceu que o Aldo Fornazieri faz também um pouco a idealização do Estado, no seu estamento burocrático, a julgar pelo que eu li no post “Crise de liderança: o gestor e o político, por Aldo Fornazieri” de segunda-feira, 17/03/2014 às 08:28, aqui no blog de Luis Nassif e também da lavra de Aldo Fornazieri. O endereço do post “Crise de liderança: o gestor e o político, por Aldo Fornazieri” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/crise-de-lideranca-o-gestor-e-o-politico

    Enfim, espero utilizar este post “O Estado, o capitalismo e a esquerda na coalizão governante” como referência e meus comentários sobre Estado e capitalismo daqui por diante.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 19/03/2014

  6. Keynes e Newton

    Um particular sobre Keynes era o seu vívido interesse pelos manuscritos ocultistas e alquímicos do Newton, que forjaram o seu pensar e influenciaram sua doutrina.

    Nem preciso dizer, mais um que prezava a Astrologia, o Tarot e a Geometria.

    At the auction many of these documents were purchased by economist John Maynard Keynes, who throughout his life collected many of Newton’s alchemical writings. Much of the Keynes collection later passed to eccentric document collector Abraham Yahuda, who was himself a vigorous collector of Isaac Newton’s original manuscripts.

    Many of the documents collected by Keynes and Yahuda are now in the Jewish National and University Library in Jerusalem. In recent years, several projects have begun to gather, catalogue, and transcribe the fragmented collection of Newton’s work on alchemical subjects and make them freely available for on-line access. Two of these are The Chymistry of Isaac Newton Project[8] supported by the U.S. National Science Foundation, and The Newton Project[9] supported by the U.K. Arts and Humanities Research Board. In addition, The Jewish National and University Library has published a number of high-quality scanned images of various Newton documents.[10]

    http://en.wikipedia.org/wiki/Isaac_Newton%27s_occult_studies

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