O Outro – “Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.” José Saramago

É tempo de dar espaço à vida. Sim, ela existe todo o tempo, mas a linguagem tem teimado – há mais de 4 mil anos – escamoteá-la, colocá-la em segundo plano, até que a capacidade da abstração pudesse tentar ao máximo publicar, editar, divulgar que a vida estaria agonizante. Ledo engano.

Quanto mais se tenta informar que a vida é menor do que a linguagem e a representação que se faz dela, mais ela cria alternativas de se fazer notar em facetas não tão agradáveis, quanto gostariam os escritores, os editores, os produtores de informação e decodificação da vida. E quanto mais complexo vai se tornando o trabalho de leitura e edição da realidade, mais esta realidade vai mostrando suas faces, neste caso provenientes de uma escuridão fundamental inerente à vida, que – qual espelho – o ser humano se recusa em aceitar.

Ao retardar o processo de aceitação da escuridão fundamental inerente na vida, retardarmos o amor, o exercício da afetuosidade, a ampliação do repertório para saber lidar com as novidades que esta complexa relação causal tem proporcionado.

Os movimentos sociais, por terem saído da própria escuridão fundamental em que tantas pessoas estiverem submersas, esquecidas dos grandes centros de poder, puderam desenvolver meios e repertórios amplos para aprender lidar com esta falta temporária de luz para saber lidar com fome, falta de saneamento básico, de acesso à saúde, de condições básicas para ter uma vida minimamente digna.

São eles agora que demonstram detenção de um conhecimento capaz de conceder respostas e abrir os braços para acolher aqueles que viveram num tempo sem contato com este tipo de saber.

Basta saber se haverá interesse na conexão.

Redação

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