O panorama dos cartões de crédito

Coluna Econômica – 26/05/2010

O Programa Bolsa Família e o aumento do salário mínimo estão mudando também a face dos cartões de crédito.

A cadeia produtiva dos cartões de crédito é composta pelos emissores (os bancos que emitem os cartões), as bandeiras (Visa, Mastercard, etc.) e os credenciadores (Redecard, Cielo etc).

Um dos dois maiores credenciadores de cartões de crédito, a Redecard acertou com a Caixa Econômica Federal o credenciamento de estabelecimentos por todo o país que vendam exclusivamente alimentos, para servir a uma clientela de 2 milhões de famílias com cartão.

Presidente da Redecard, Roberto Medeiros considera “maravilhosos” os novos segmentos de classe C e D, que tem um ticket (valor médio das compras) baixo mas volume fenomenal.

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A surpresa do processo tem sido a facilidade com que as pessoas interagem com a máquina.

A primeira conta do beneficiário do BF vem sempre com um cartão de débito. Hoje em dia, 100% dos estabelecimentos já têm senha no cartão de débito.

Mais que isso, as operadoras já estão trabalhando com sistemas visando a venda porta-a-porta. Coloca-se um software no celular do vendedor. O comprador fornece apenas o número do cartão, com o celular, o vendedor efetiva a transação e fornece o recibo do pagamento.

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Para 2010, o mercado estimado é composto de 38 bancos emissores, 571 milhões de cartões e 7,1 bilhões de transações, 1,5 milhão de lojistas atendidos, R$ 534,7 bilhões de crédito concedido.

O crescimento da economia tem levado ao aparecimento de diversas bandeiras regionais, especialmente ligadas às cooperativas de crédito.

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Pelo menos 67% dos brasileiros já dispõem de algum meio eletrônico de pagamento, com 81% da classe superior, 81% das classes A e B, 84% de quem ganha mais que 10 salários mínimos e 36% das classes D e E.

Em uma época de mudanças tecnológicas, as três grandes bandeiras – Visa, Mastercard e Amex – conseguiram consolidar a liderança anterior. Em parte pelo caráter internacional, em parte pela capilaridade da rede de estabelecimentos associados.

Ao lado da nota fiscal eletrônica, os cartões tiveram papel relevante na formalização da economia. 100% das transações são reportadas para o Banco Central.

País com características semelhantes ao Brasil, no México é ínfima a penetração dos cartões, devido à resistência do lojista em recolher tributos. Todo ano, a clientela brasileira de cartões cresce o equivalente a um México.

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Mesmo o aumento das transações eletrônicas não tirou a vantagem das grandes bandeiras. Hoje em dia há outras formas de pagamento com o Paypall e outras moedas eletrônicas. Mas o cartão continua liderando.

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Ainda há grande espaço para o crescimento dos cartões no Brasil. Hoje em dia, 21% do consumo médio dos brasileiros são pagos com cartões. Nos Estados Unidos o percentual chega a 45%.

Por aqui, os médicos estão sendo gradativamente incorporados ao mercado de cartões, assim como o segmento de distribuição nas pequenas cidades, em que se vende de doces a botijões de gás através de caminhões.

Luis Nassif

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