ONU: país será 90% urbano em 2020

Do O Globo

Brasil será 90% urbano até 2020, diz estudo da ONU

Relatório alerta que áreas de cidades crescem mais que a população na América Latina

RIO – Até 2020, o Brasil, que atualmente tem 86,5% de sua população morando em cidades, terá quase 90% de seus habitantes concentrados em áreas urbanizadas, mostra o relatório “Estado das cidades da América Latina e do Caribe 2012”, divulgado pela ONU-Habitat na terça-feira. Se levada em conta toda a região, a expectativa é de que a porcentagem seja alcançada até 2050.

– Se esses 90% estiverem distribuídos também entre pequenas cidades, tudo bem, mas se estiverem concentrados nas grande cidades, isso vai gerar pressão habitacional e impulsionar as favelas – opina Ana Amélia Camarano, especialista do Ipea.

Com 80% de seus habitantes concentrados em cidades, a América Latina é hoje a região mais urbanizada do mundo e, ao mesmo tempo, uma das menos povoadas em comparação com o tamanho de seu território. A contradição, alerta o relatório, reflete uma expansão desordenada e gera uma maior segmentação física e social da população.

– As cidades continuarão crescendo, e esse crescimento vai se concentrar nas favelas, uma vez que nem o mercado nem os governos têm capacidade de satisfazer a atual demanda por habitação – disse Erik Vittrup, oficial principal de assentamentos humanos da ONU-Habitat, na apresentação do relatório.

O relatório aponta que, apesar de avanços no combate à desigualdade, a questão da moradia continua um problema em evidência. O déficit habitacional na região, que em 1990 era de 38 milhões de moradias, hoje está entre 42 e 51 milhões. Proporcionalmente, a parcela de moradores de favelas na América Latina caiu nos últimos 20 anos (hoje está em torno de 25%), mas em números absolutos cresceu e, desde 1990, a quantidade de pessoas em habitações precárias passou de 106 milhões para 111 milhões.

– Esses números são dramáticos. Nossas projeções para 2050 são tão alarmantes que preferimos nem expô-las aqui. Isso gera uma sociedade segregada e não é um bom sinal para a economia urbana. Deveria servir de alerta para os governantes – assinalou Vittrup.

Ao mesmo tempo em que a mancha urbana vem evoluindo, o relatório indica que o crescimento demográfico, intenso de meados do século passado até os anos 1990 e que gerou oito das chamadas megacidades (todas com população superior a 5 milhões), finalmente perdeu força. Hoje, são os municípios com menos de meio milhão de moradores que se expandem mais intensamente. O fluxo migratório do campo para a cidade também perdeu o fôlego. As migrações são agora mais complexas e acontecem especialmente entre cidades, às vezes através de fronteiras.

Luis Nassif

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