Os efeitos do Bolsa Família

Por Guilherme Silva Araújo

Como este é um tema ao qual dedico meus esforços, gostaria de comentar algumas passagens da reportagem:

1. Em outras ocasiões, afirmei neste espaço que grande parte da redução dos índices de pobreza (os quais devemos tomar cuidado porque tratam a pobreza como sendo unicamente um problema de renda insuficiente) se devia aos ganhos do poder de compra do salário mínimo. Nas zonas urbanas, este fenômeno é muito mais importante do que na zona rural, pois há uma maior proporção de trabalhadores formais nas cidades e que, portanto, são diretamente afetados pela elevação do salário mínimo;

2. O Programa Bolsa-Família tem maior cobertura nas zonas rurais do que nas cidades. As chances de encontrar crianças e adolescentes beneficiados pelo PBF é cerca de duas vezes superior às de encontrar uma criança ou adolescente não beneficiado.

3. De fato, o programa Bolsa-Família têm pequeno efeito sobre o trabalho de crianças e adolescentes. Mas isto deve ser visto com cuidado. Com base em análises que fiz a partir dos microdados da PNAD 2006, o programa têm importantes efeitos na zona urbana: (i) aumenta a presença de crianças, adolescentes, meninos e meninas na escola, (ii) diminui o grau de ociosidade das crianças, adolescentes, meninos e meninas e (iii) reduz a proporção de meninos e adolescentes que apenas trabalham nas famílias beneficiadas.

4. Prometo aos amigos que, após publicação do artigo, disponibilizo os resultados neste espaço. Contudo, vocês podem consultar os resultados em minha dissertação, disponível neste endereço http://www.ie.ufu.br/mestrado/ie_dissertacoes/2009/7.pdf.

Abraços a todos 

Luis Nassif

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