Os flagrantes de trabalho escravo no Brasil

Por Antonio C.
 

De Repórter Brasil

Especial: flagrantes de trabalho escravo na indústria têxtil no Brasil

Confira links e informações de todas as denúncias de escravidão na indústria da moda divulgadas pela Repórter Brasil nos últimos três anos

Por Repórter Brasil*

Repórter Brasil acompanha as fiscalizações realizadas no setor das confecções desde 2009, quando foi lançado o Pacto Municipal Tripartite Contra a Fraude e a Precarização, e pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo, do qual a Repórter Brasil é signatária.

Confira os principais casos já divugados durante estes três anos.

Caso Talita Kume – julho 2012

Um grupo de oito pessoas vindas da Bolívia, incluindo um adolescente de 17 anos, foi resgatado de condições análogas à escravidão pela fiscalização dedicada ao combate desse tipo de crime em áreas urbanas. A libertação ocorreu no último dia 19 de junho. Além dos indícios de tráfico de pessoas, as vítimas eram submetidas a jornadas exaustivas, à servidão por dívida, ao cerceamento de liberdade de ir e vir e a condições de trabalho degradantes. O grupo costurava para a marca coreana Talita Kume, cuja sede fica no bairro do Bom Retiro, na zona central da capital.

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Saiba mais:
Trabalho escravo abastece produção da marca Talita Kume
Donos da Talita Kume podem ser convocados pela CPI do Trabalho Escravo

 

Caso Gregory – maio 2012

No mesmo dia em que a grife de roupas femininas Gregory lançava a sua coleção Outono-Inverno 2012 com pompa e circunstância, uma equipe de fiscalização trabalhista flagrava situação de cerceamento de liberdade, servidão por dívida, jornada exaustiva, ambiente degradante de trabalho e indícios de tráfico de pessoas em uma oficina que produzia peças para a marca, na Zona Norte da cidade da capital paulista. O conjunto de inspeções resultou na libertação de 23 pessoas, todas elas estrangeiras de nacionalidade boliviana, que estavam sendo submetidas à condições análogas à escravidão.

Saiba mais:
Fiscalização associa Gregory à exploração de trabalho escravo

Após flagrante de escravidão, Gregory é questionada pelo Facebook

 

Caso Zara – agosto 2011

Confira a série especial de reportagens publicadas sobre o flagrante de trabalho escravo na cadeia produtiva da grife de moda Zara, da empresa espanhola Inditex. A Repórter Brasil acompanhou as investigações do Ministério do Trabalho e Emprego e as fiscalizações in loco e trouxe o caso à tona, que ganhou repercussão internacional.

Saiba mais:
MPT destina parte de verba da Zara para libertados 
Acordo entre Zara e MPT descarta dano moral coletivo  

Zara recusa acordo com Ministério Público do Trabalho
 
Cobranças públicas dirigidas à grife Zara são intensificadas
Após desculpas, Zara anuncia “acordos” ainda não fechados
Zara não comparece à Assembleia Legislativa; CPI é defendida
Fabricantes da Zara não foram revisitados por auditorias em 2010
Roupas da Zara são fabricadas com mão de obra escrava  

Caso Collins – maio 2011

A Defensoria Pública da União em São Paulo (DPU/SP) ajuizou ação civil pública contra a empresa de vestuário Collins, envolvida em flagrante de trabalho análogo à escravidão em agosto de 2010. Trata-se da primeira ação coletiva apresentada pelo órgão ao Judiciário trabalhista. “Por falta de defensores, não há como atuarmos também na Justiça do Trabalho. Contudo, quando há uma relação com questões de direitos humanos, como é o caso do tráfico internacional e do trabalho escravo, nós atuamos”, observa Marcus Vinícius Rodrigues Lima, do Oficio de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da DPU/SP, que moveu a ação.

Saiba mais:
DPU ajuíza ação contra a Collins por trabalho escravo 

 

Caso Pernambucanas – abril 2011 
A casa branca, localizada em uma rua tranquila da Zona Norte da capital paulista, não levantava suspeita. Dentro dela, no entanto, 16 pessoas vindas da Bolívia viviam e eram explorados em condições de escravidão contemporânea na fabricação de roupas. O grupo costurava blusas da coleção Outono-Inverno da Argonaut, marca jovem da tradicional Pernambucanas, no momento em que auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) chegaram ao local. A marca este envolvida em dois flagrantes: um em março de 2011 e outro em setembro de 2010.

Saiba mais:
Trabalho escravo é flagrado na cadeia da Pernambucanas
Rede Pernambucanas esteve envolvida em flagrante anterior

 

Caso 775 – novembro 2010
Fiscalização encontrou duas bolivianas em condição de trabalho escravo no meio urbano e providenciou abrigo às vítimas. Submetidas a uma rotina de violências físicas e morais, elas costuraram exclusivamente para a marca 775.

Saiba mais:
Costureiras são resgatadas de escravidão em ação inédita


Caso IBGE- outubro 2010 

Vencedora da licitação dos 230 mil coletes deixou quase toda a produção (99,12%) para terceiros. Um deles, que não tinha nem registro básico, repassou parte da demanda para oficina que mantinha trabalho escravo.

Confira a matéria sobre o flagrante na produção dos coletes do IBGE:

Escravizados produziram coletes de recenseadores do IBGE


Caso Marisa – março 2010

Etapas do processo desde o aliciamento até as lojas do magazine foram apuradas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), que aplicou 43 autos de infração, com passivo total de R$ 633,6 mil.

Saiba mais:
Escravidão é flagrada em oficina de costura ligada à Marisa
Marisa assina Pacto contra escravidão e anuncia mudanças

*Atualizada na tarde de 18/07/2012 para edição de informações.

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