Banco de sêmen busca diversidade genética

Por wilson yoshio.b…

Da BBC Brasil

Com excesso de ‘loiros’, maior banco de sêmen do mundo quer diversidade

É grande a demanda por traços étnicos diferentes, em especial de pessoas que tenham olhos castanhos - PA

Maioria dos doadores tem traços escandinavos, mas procura tem sido maior por outras características étnicas

O excesso de doadores tipicamente escandinavos – loiros com olhos claros – está fazendo com que o maior banco de sêmen do mundo, na Dinamarca, precise buscar maior diversidade étnica, para atender às demandas de seus clientes.

PAÉ grande a demanda por traços étnicos diferentes, em especial de pessoas que tenham olhos castanhos

“Paramos de receber amostras de loiros de olhos claros, porque já temos uma lista de espera de 600 candidatos (a maioria com essas características)”, disse à BBC Brasil Ole Schou, diretor do banco de esperma Cryos International.

E, no momento, é grande a demanda por traços étnicos diferentes, em especial de pessoas que tenham olhos castanhos. Esses tipos de doadores são os únicos aceitos no momento pela empresa.

Isso porque casais heterossexuais com problemas de fertilidade – que respondem por 60% da clientela do Cryos – em geral buscam amostras de esperma de doadores com traços semelhantes ao homem infértil.

“O problema é que o típico caucasiano de olhos claros não reflete a demanda”, explicou Schou, que tem uma importante parcela de sua clientela em países mediterrâneos, por exemplo. “Nossos doadores são simplesmente loiros demais.”

Esse tipo de doador escandinavo, em contrapartida, tem mais apelo perante outra clientela crescente do Cryos: o de mulheres solteiras que querem engravidar ou de casais de lésbicas que desejam ter filhos.

Doadores 

O Cryos informa em seu site registrar dois tipos de doadores: um de perfil “estendido”, em que são contidas informações como histórico (educação e relações familiares) e descrições feitas pela equipe do banco de sêmen. O segundo tipo contém apenas um “perfil básico”, com raça, traços étnicos, cor de olhos e cabelos, altura, peso, tipo sanguíneo e educação e ocupação do doador.

Dependendo dos casos, a identidade do doador pode ou não ser revelada.

Eles recebem, segundo Schou, entre 250 e 500 coroas dinamarquesas (entre R$ 79 e 158), após passar por testes que garantam a qualidade do esperma e a saúde do doador.

“Doadores só podem fornecer amostras se viverem na Dinamarca ou perto de um de nossos escritórios (por exemplo, em Nova York ou Mumbai)”, explicou o diretor. “Podem doar quantas vezes quiserem. Alguns doaram mais que 500 vezes.”

As amostras escolhidas pelos clientes do Cryos costumam ser enviadas para países do mundo todo, prosseguiu ele.

Schou, que criou o banco de sêmen em 1987, disse que busca atualmente parceiros na América do Sul, onde acredita que poderia obter a diversidade étnica que necessita para um mercado em expansão.

“Precisamos de mais bancos de esperma no mundo”, disse. “A infertilidade é um problema global.”

Mas, ao se espalhar por diferentes países, o banco precisa se adequar a variadas legislações sobre reprodução assistida. No caso do Brasil, por exemplo, poderia revelar características físicas e de escolaridade do doador de sêmen, mas não poderia fornecer dinheiro pela doação.

Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que data de janeiro deste ano regula as práticas no setor, determinando, entre outros fatores, que “a doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial” e que “os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa”.

Luis Nassif

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