Invasão do molusco chinês – ‘Crowdfunding’ científica

Nassif, car@s, o blog está com notícias da pesada, graves, e infelizmente publico mais uma.

Ajudem!

Abraços, Gustavo Cherubine.

Família da pesada – Internautas ‘versus’ invasor cascudo                        

O ‘crowdfunding’ científico

“Originário da China, o molusco invasor chegou à bacia do Prata e do Guaíba trazido na água de lastro de navios e hoje espalha-se pelos rios Paraná, Paraguai e Tietê, pelo Pantanal e pode chegar à Amazônia em breve. Sem grandes predadores, a espécie atua como um ‘engenheiro de ecossistemas’, que transforma e homogeneíza o ambiente ao seu redor, graças a rápido desenvolvimento sexual (pode passar de cinco exemplares a 150 mil em apenas um ano), a grande capacidade de fixação a todo tipo de superfície e a fácil adaptação a diferentes temperaturas e graus de salinidade.”

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2013/06/internautas-2018versus2019-invasor-cascudo

Internautas ‘versus’ invasor cascudo

Iniciativa da UFRJ aposta no ‘crowdfunding’ para tentar sequenciar genoma do mexilhão dourado, invasor que tem causado danos ambientais e prejuízos pelo país. Colaboradores virtuais terão proteínas e genes batizados em sua homenagem.

Por: Marcelo Garcia

Publicado em 03/06/2013 | Atualizado em 03/06/2013

Impulsionado por sua biologia privilegiada e com uma ajudinha humana em sua dispersão, o mexilhão dourado se espalhou do sul do Brasil ao Pantanal e agora ameaça a Amazônia. Conhecê-lo melhor pode ser a chave para deter seu avanço. (foto: Marcela Uliano)

A união faz a força. Até hoje, esse lema foi levado a sério pelo mexilhão dourado, em sua escalada de terror pelas bacias hidrográficas sul-americanas. Mas, se depender de um projeto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é bom ele colocar as conchas de molho, porque vai provar do próprio veneno. A iniciativa, que recebe colaborações até 11/06, aposta no crowdfunding para custear o sequenciamento genético do Limnoperna fortunei, com o objetivo de desenvolver novas estratégias para combater essa praga que tem afetado os ecossistemas aquáticos do sul do continente. 

A intenção é arrecadar R$ 40 mil para sequenciar o DNA do mexilhão dourado e quem colaborar vai ser homenageado no batismo das proteínas e dos genes descobertos

Ainda pouco disseminado no Brasil, o crowdfunding científico tem se tornado mais popular nos Estados Unidos e na Europa. A ideia é estimular a comunidade de internautas a patrocinar pesquisas que considerem interessantes, em troca de algum tipo de recompensa caso elas se concretizem. No caso do projeto coordenado pela bióloga Marcela Uliano, da UFRJ, a intenção é arrecadar R$ 40 mil para sequenciar o DNA do mexilhão dourado e quem colaborar vai ser homenageado no batismo das proteínas e dos genes descobertos.

Originário da China, o molusco invasor chegou à bacia do Prata e do Guaíba trazido na água de lastro de navios e hoje espalha-se pelos rios Paraná, Paraguai e Tietê, pelo Pantanal e pode chegar à Amazônia em breve. Sem grandes predadores, a espécie atua como um ‘engenheiro de ecossistemas’, que transforma e homogeneíza o ambiente ao seu redor, graças a rápido desenvolvimento sexual (pode passar de cinco exemplares a 150 mil em apenas um ano), a grande capacidade de fixação a todo tipo de superfície e a fácil adaptação a diferentes temperaturas e graus de salinidade.

“O mexilhão dourado dedica-se basicamente a duas coisas: se reproduzir e comer. Ele se fixa nas conchas de outros bivalves, matando-os, e sua ação filtradora homogeneíza as populações locais de bactérias, algas e até de peixes”, explica a bióloga Marcela Uliano, da UFRJ, responsável pelo crowdfunding. “Além disso, podem causar grande prejuízo, por exemplo, ao entupir tubulações de usinas hidrelétricas.”

Veja vídeo em que bióloga explica a pesquisa que pretende conduzir 

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=1vaEUPCAEQQ

Sequenciar para combater

Segundo a bióloga, atualmente a ação mais importante para conter o molusco é a educação das populações ribeirinhas locais, para evitar seu avanço para outros rios. “Boa parte da dispersão do mexilhão é responsabilidade do homem”, explica. “Ele chegou ao Pantanal, por exemplo, incrustado em embarcações de visitantes atraídos pela atividade de pesca na região”, lembra. Nesse sentido, os esforços já levaram à criação de programas de mobilização e até de uma lei específica sobre águas de lastro no país. 

Uma das características principais do mexilhão dourado é sua capacidade de se fixar em todo tipo de superfície. Estudo de seu genoma pode dar pistas importantes sobre esse processo e servir de base para novas estratégias de controle do invasor. (foto: Marcela Uliano)

O projeto de sequenciamento do DNA do mexilhão pretende atuar em outra área: ao reunir mais conhecimentos sobre o invasor, pretende servir de base para estratégias específicas de combate. “Por exemplo, vamos estudar os genes responsáveis pela secreção da estrutura que forma o ‘pé’ do mexilhão, que pode ser dez vezes mais resistente que um tendão humano e é responsável por sua fixação”, afirma Uliano. “Será possível impedir sua formação?”, questiona. 

O laboratório já realizou a descrição completa do transcriptoma – parte do genoma efetivamente expressa, cerca de 8% do total – do mexilhão dourado. “Temos uma ideia das enzimas responsáveis por sua robustez bioquímica”, avalia Uliano. “Mas como o genoma conta com grandes regiões não expressas que influenciam as demais, o sequenciamento completo nos ajudará a compreender melhor o L. fortunei.” 

Um gene para chamar de seu

Quando o trabalho estiver concluído, o grupo deve se tornar um dos primeiros do Brasil a descrever o genoma completo de um organismo complexo. E também é pioneiro em sua aposta no crowdfunding para patrocinar um projeto científico no país. A bióloga acredita que a alternativa representa uma boa forma de diversificar as fontes de financiamento dos estudos brasileiros.  

“Há muitas linhas de pesquisa relevantes e não há dinheiro público para financiar integralmente todas”

“Há muitas linhas de pesquisa relevantes e não há dinheiro público para financiar integralmente todas”, acredita Uliano. “No nosso caso, o recurso será complementar à verba do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e da Fundação Nacional do Meio Ambiente, mas fundamental para dar tranquilidade para a pesquisa e um maior grau de confiabilidade na montagem do genoma, que é complexa.”

Para se tornar patrocinador da pesquisa – e quem sabe ganhar um gene ou proteína com seu nome –, basta acessar a página do projeto no Catarse e doar a quantia desejada até o início da próxima semana (11/06). Até o momento, o projeto recebeu 229 doações e arrecadou cerca de metade do dinheiro necessário. 

Ah, e não precisa se preocupar: se no fim do prazo a meta de financiamento não for atingida, o dinheiro volta para os doadores. Vale o investimento?

Família da pesada

Se o mexilhão dourado representa uma ameaça à biodiversidade na América do Sul, um primo dele também tem causado dor de cabeça no norte. De origem russa, o mexilhão zebra (Dreissena polymorpha) infesta quase metade das águas continentais nos Estados Unidos e no Canadá e está espalhado por toda a Europa, colocando em risco a biodiversidade e gerando gastos de centenas de milhões de dólares em medidas de contenção. Numa comparação ‘familiar’, no entanto, testes recentes têm mostrado que o dourado é ainda mais resistente que seu parente e poderia gerar muitos problemas numa eventual reintrodução. 

Marcelo Garcia

Ciência Hoje On-line

Luis Nassif

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