Não destruam por arrogância a relevante imagem dos médicos

Por Marcelo Macêdo

Comentário ao post “Não joguemos pedras nos médicos brasileiros

Nassif,

Tenho muito respeito e gratidão aos médicos brasileiros, pois em momentos em que mais precisei de seus trabalhos, pude contar com os mesmos de forma eficaz.

Meu filho, acometido de câncer aos nove anos, hoje dentro das estatísticas dos curados – agora ele está com 19 -, fez todo o tratamento quimioterápico em minha cidade, no interior de Pernambuco. Em nenhum momento deixei de ter atenção, presteza e capacidade da equipe que cuidou dele, ao longo de 1 ano e 6 meses. Além do desafio de enfretar essa batalha e superá-la, tenho tido a mesma eficácia no tratamento que é dado a minha filha, que apresenta um atraso em seu desenvolvimento neuropsicomotor. Por essas razões, a minha estima pelos médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde do país.

No entanto, conheço um outro lado da história, a dos atendimentos realizados de forma superficial, cujo resultados sempre apontam para o dignóstico de uma “virose”. Atendimentos esses que ocorrem de forma super rápida, sem que o médico sequer faça algum exame físico no doente, resumindo-se a ouvir as queixas do paciente e ao preenchimento de uma ficha, com a prescrição, quase sempre, da mesma medicação. Isso sem falar das demoras intermináveis para que o enfermo seja atendido. Já enfrentei essa situação tanto em hospítais e clínicas públicas como em particulares.

Hoje, diante da celeuma em torno do programa “Mais médicos”, não posso ficar do lado da categoria, por ver na atitude da maioria deles apenas uma visão corporativista, elitista que não traduz uma preocupação com as necessidades da população mais necessitada de atendimento. Já ouvi de certos médicos que seus colegas de profissão não se interessam por clinicar, preferindo ser especialistas em alguma área, porque podem obter muito mais vantagens financeiras em determinada especialidades. Isso é notório, basta que se tenha cuidado em levantar a situação a respeito desse fato, que se encontrarão exemplos que comprovam tal realidade.

Ser contra o projeto do governo federal, alegando que os médicos estrangeiros são menos capazes e que porão em risco a vida dos pacientes, não se justifica. Não são poucos os exemplos de erros cometidos por nossos médicos, quer sejam em certos procedimentos como em determinados diagnósticos. Um outro ponto que me parece relevante, é a impressão que é nos é passada por certos médicos: os mesmos só se atrevem a determinar que temos algum problema, mediante exames laboratoriais ou de outros tipos. Parece que há insegurança em alguns desses profissionais ou então é por comodismo, pois é muito mais fácil ler resultados, laudos do que, através do exame físico, apontar certos problemas dos pacientes.

Sublinho, entretanto, que não são todos os médicos que conheço que se enquadram nesse perfil, há um sem número de “doutores” que honram a sua profissão. E é em nome desses que peço aos representantes da categoria bem como aos profissionais que empunham cartazes preconceituosos e descabidos, como o que vi em um “post” anterior, que revejam sua postura, pois a mesma está colocando na berlinda toda a categoria e não somente aqueles que não têm a altivez necessária de reconhecer a necessidade da população mais carente. Não é só por nnão ter boas condições de trabalho que leva à falta de médico em certos lugares. E o pior é que esses médicos sabem disso.

Atrevo-me, pelo apreço e respeito que tenho a certos profissionais que conheço, a dar um conselho a muitos médicos brasileiros: vocês podem sair perdendo muito mais do que uma oportunidade de trabalho com essa postura, em alguns casos, injustificável, uma vez que nem assumem as vagas existentes nem querem que outros o façam. Não destruam por arrogância a relevante imagem da classe médica diante da população, respeitem o árduo que muitos, antes de vocês, construíram ao longos do tempo. Abram os olhos antes que seja tarde demais. Não há como se justificar a perda de ente da família por falta de atendimento, sejam quais forem as razões que levaram a isso.  

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador