Os clássicos de 2008 – 3

Por Marcos Doniseti

Nassif, aqui vai a minha contribuição para os ‘clássicos’ de 2008, em matéria de asneira, é claro. Creio que o texto abaixo deve ser a ‘obra-prima’ da ‘Doutora’ e ‘Especialista em Epidemias’, Eliante Cantanhede:

“Alerta amarelo!

Com sua licença, vou usar este espaço para fazer um apelo para você que mora no Brasil, não importa onde: vacine-se contra a febre amarela! Não deixe para amanhã, depois, semana que vem… Vacine-se logo!

A febre amarela é uma doença infecciosa causada por vírus e pode ser fatal. Hoje mesmo (terça, 08/01), morreu um homem de 38 anos em Brasília, plena capital da República, com febre alta, dores musculares, náuseas e vômitos. Possivelmente, foi vítima da doença. O alerta nem é mais amarelo, já é vermelho. E a vacina é altamente eficaz. Tomou, está livre da doença.

Desde 1942 a febre amarela urbana era considerada extinta no Brasil, onde ainda ocorrem casos esporádicos de febre amarela silvestre, ou seja, originada nas matas e florestas. O vírus causador, os sintomas e os riscos são praticamente iguais nas duas formas, que se distinguem apenas pela área geográfica da contaminação.

As pessoas não transmitem a doença umas para as outras. A via de contaminação é o mosquito, inclusive aquele nosso já bem conhecido Aedes aegypti, agente transmissor também da dengue. Se alguém vai a uma bucólica cachoeira em Mato Grosso, sem vacina, pode voltar contaminado de lá e sair espalhando o vírus para os mosquitos urbanos que tanto nos incomodam – e podem nos matar. Foi só o Aedes voltar ao Brasil, lá pelo final da década de 80, para que a dengue voltasse junto com ele e que o fantasma da febre amarela viesse novamente nos assustar.

Agora, ele está aí, pairando não apenas nas áreas mais habituais, que são Norte e Centro-Oeste (regiões de extensas e lindas florestas e matas), mas sobre todo o país, tanto nas regiões silvestres como nas urbanas e rurais. Com o detalhe de que essa maldita doença é restrita à América do Sul, à América Central e à África. Tanto que a vacina já é obrigatória para quem vai à Venezuela, por exemplo.

Além da vacina, o Estado é responsável pelo “fumacê” para matar os mosquitos, mas você também tem de fazer a sua parte e tomar todos aqueles cuidados que cada um de nós deve também ensinar às pessoas próximas, especialmente às que não tenham bom grau de acesso à informação. São os mesmo cuidados para a dengue: evitar água parada em jarros, pneus, pratos, poças, além de usar sacos fechados para jogar o lixo fora.

Bem, o Orçamento, os impostos e os cortes de gastos estão a mil por hora em Brasília neste pós-CPMF, com ministros do Executivo, todo o Legislativo e o Judiciário em pânico diante da tesoura da área econômica do governo.

O fantasma da febre amarela, portanto, paira sobre o país como um alerta num momento crucial, para que a saúde e a educação sejam preservadas antes de tudo o mais.

Senão, Lula, o aedes aegypti vem, pica e mata sabe-se lá quantos neste ano -e nos seguintes.”.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u361459.shtml

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. Ao se considerar o desamparo
    Ao se considerar o desamparo da saúde pública do Brasil nada pode ser interpretado como alarmante. A situação da saúde pública brasileira vive em eterno sobressalto e em determinados casos é um verdadeiro caso de polícia.

  2. É a irresponsabilidade social
    É a irresponsabilidade social do jornalista.
    E engraçado que nem a Justiça e o MP tem coragem de tocar neles no brasil.

  3. Eu ainda não havia lido o
    Eu ainda não havia lido o artigo, confesso que até achei exagerado a gritaria do pessoal contra ela. Mas agora que eu li eu vejo o absurdo. A folha jamais poderia ter deixado passar um artigo como esse. O aedis não tem essa capacidade de transmissão como ela diz. Ela realmente deveria ser processada.

  4. Acho mais que foi histeria de
    Acho mais que foi histeria de hipocondríaco.

    Nesta mesma época, o Dráuzio Varella aparecia na televisão, até no Fantástico, dizendo que a vacinação só era necessária para quem morasse em áreas de risco, isto é, perto de florestas no norte e centro-oeste.

    Morreu gente por tomar mais de uma dose da vacina. É, vacina em excesso também mata, assim como desinformação.

    Houve algum pedido de desculpas da jornalista ou ela ainda acredita no que escreveu?

  5. Detalhe esquecido acima: o
    Detalhe esquecido acima: o Dráuzio Varella já tinha contraído febre-amarela ao entrar na floresta Amazônica para coletar plantas. Ele contou que achou que ia morrer quando viu o resultado dos seus exames. Ele é médico e conheceu no próprio corpo os efeitos da febre-amarela; nem por isto, saiu gritando para todos vacinarem-se.

  6. Eu tinha um amigo na escola,
    Eu tinha um amigo na escola, que opinava sobre tudo, de política à semiologia. Como éramos adolescentes, ficávamos admirados com seu conhecimento. Depois, percebemos que era tudo chute, pois não dominava nenhum dos assuntos que opinava. Mas a diferença é que ele não foi trabalhar como colunista do maior jornal do país

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