A prisão de Zeu, por Maierovitch

Este tem credibilidade!!!

Do Terra Magazine

A caixa-preta do Complexo do Alemão e o chefão que urinou nas calças de medo 

Segundo os 007 dos serviços policiais de inteligência, os 2.600 homens das forças de ordem empregados na retomada do controle social e territorial do Complexo do Alemão enfrentariam, quando da invasão, cerca de 600 membros do Comando Vermelho, fortemente armados. Portanto, havia risco de um “banho de sangue”, com baixas de ambos os lados e perigo para os moradores.

O número 600 não foi sacado aleatoriamente. Resultou da contagem dos fujões de Vila Cruzeiro para o Alemão. Também da estimativa, por 007 infiltrados, dos “domiciliados” no Alemão e na Grota, onde foi julgado e executado o jornalista Tim Lopes, em junho de 2002.

FeliFelizmente, não houve banho de sangue e nenhum residente da comunidade saiu lesionado fisicamente.

Infelizmente o número de presos foi baixo, não passou de duas dezenas.

Os associados criminosos lograram furar o cerco. Para usar de uma imagem e mostrar que a história se repete, a Linha Maginot, construída pelos franceses para impedir a passagem dos alemães (não do Complexo do Alemão) foi outra vez contornada pelo adversário. Talvez, uma consulta à “caixa-preta” revele o acontecido: corre o boato de fuga subterrânea, pelo sistema de água e esgoto. Não se deixa de especular sobre acordo ou “vista-grossa” para evitar mortes.

Por outro lado, a caixa-preta pode demonstrar muita coisa a respeito de Elizeu Felício de Souza, apelidado Zeu.

Dois agentes que custodiavam e apresentaram Zeu afirmaram nas entrevistas ter a prisão ocorrido “no domicílio do bandido”. Um deles disse: “Fomos buscar o Zeu na casa dele”.

Zeu estava foragido da Justiça havia dois anos.

Até ontem nenhum policial sabia que Zeu tinha estabelecido “domicílio” O supracitado Zeu foi um dos coautores do bárbaro assassinato do jornalista Tim Lopes. O jornalista Tim Lopes foi submetido, na Grota, a julgamento presidido por Elias Maluco, um dos chefões do Comando Vermelho e responsável, com Marcinho VP, pela ordem de ataques espetaculares ao Estado e à população, ocorridos neste mês de novembro.

Só para lembrar, as ordens de Elias Maluco e Marcinho VP saíram do presídio dito de segurança máxima, onde estavam custodiados e com direito à visita íntima. A visita íntima, importante nos programas de emenda do presidiário, não deve ser concedida a presos em estabelecimento voltado a isolar líderes das organizações criminosas.

Depois de condenado à pena de 23 anos e seis meses de reclusão, Zeu logrou obter progressão prisional ao regime semiaberto.

Como todos sabem, os juízes, quando examinam um pedido de progressão do regime fechado para o semiaberto, consultam o laudo de exame criminológico sobre periculosidade.

Pelo laudo e decisão judicial, o facínora Zeu, com um sexto da pena cumprida, restou considerado com méritos e ausência de periculosidade, para progredir ao semiaberto. Nesse regime, saiu para trabalhar fora do presídio e não voltou mais. Surpresa ?

Para um dos agentes de custódia, Zeu esboçou resistência e chegou a trocar tiros. O outro que o custodiava sustentou que Zeu estava desarmado e acabou convencido a se entregar, com a promessa de que não seria morto. A caixa-preta deverá esclarecer qual o relato correto.

O jornal O Globo de hoje informou, isso é importante, que Zeu, de medo, chegou a perder o controle e urinou nas calças. Pela reação, Zeu só é valente quando a vítima está dominada, como sucedeu com Tim Lopes.

Na caixa-preta deve constar a informação a respeito da estratégica prisão de Sandra Helena Ferreira Maciel, apelidada de Sandra Sapatão. Ela é uma espécie de lugar-tenente de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar. Uma delação saída do Complexo do Alemão, por membro preso do Comando Vermelho, deve ter contribuído para a prisão de Sandra.

Pano Rápido. Com justa razão, a euforia toma conta dos brasileiros e o secretario da Segurança, José Mariano Beltrame, passa, com justiça, para a história do nosso país. Mostrou-se um ótimo gestor. Conseguiu integrar as forças e nunca descuidou do planejamento. Mais ainda, demoveu o governador Cabral da estratégia populista de militarização do combate.

A iniciativa bélica de enfrentamento, por meio de ações de guerrilha urbana, partiu da confederação de facções criminosas. Assim, legitimou-se a ação militarizada, que deve ser exceção. Em outras palavras, o desfalque patrimonial das organizações e a reconquista do controle social, de forma pacífica, deve ser sempre a linha política buscada.

Wálter Fanganiello Maierovitch 

Luis Nassif

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