A REBELIÃO DOS INGLESES E OS JOGOS OLÍMPICOS

          O mundo atravessa um período de turbulência (conjunta) jamais visto em outras épocas, tanto na área econômica, com o pânico e descontrole permanente do mercado financeiro, como no questionamento a sistemas políticos, na violência urbana e nas guerras sem limites. No Brasil, o bárbaro assassinato de uma exemplar juíza, em Niterói/RJ, foi uma grave ameaça ao estado de direito. A evolução tecnológica, com a diversidade das redes sociais, através da rápida e fácil comunicação entre bilhões de usuários, resultou também na perigosa e real possibilidade de aglutinação de grupos radicais, revoltosos e reacionários em todo mundo, terroristas fundamentalistas ou urbanos.
           O certo é que o Celular, o Twitter, o Facebook e os BlackBerries são hoje poderosas ferramentas digitais que arregimentam para as guerras e para os atos de vandalismo, onde revoltosos boa parte de imigrantes de diversas etnias, desempregados e marginalizados tornaram Londres e outras cidades inglesas, no início de agosto, num inferno de violência, saques, invasões, incêndios, num quadro de gravíssimo comprometimento da ordem pública, num saldo de 5 mortos e dezenas de feridos. O mais paradoxal é que o governo inglês aventa a possibilidade de controle das redes sociais o que é considerado por muitos uma ameaça à liberdade de comunicação. O estopim teria sido mais uma possível desastrada ação da polícia inglesa ao matar um suspeito de tráfico de drogas durante uma abordagem não muito explicada, como já não bastasse o lamentável incidente da morte do brasileiro Jean Charles, fato que colocou em descrédito a até então conceituada Scotland Yard.
        No entanto o que chama a atenção, em especial das autoridades inlglesas e estudiosos, é que tais distúrbios não partiram somente de minorias marginalizadas. A lista de centenas de acusados presos incluia universitários de classe alta, jovens pobres de conjuntos habitacionais, crianças e reincidentes em promover desordens, num perfil heterogêneo de desordeiros. “A polícia nos trata como vermes” diz um jovem negro de 17 anos, morador de um conjunto habitacional de Totteham. “As revistas feitas pela polícia ferem a auto estima de jovens. Há algo estranho quando todos os jovens negros dizem ter um pérssimo relacionamento com a polícia” comenta Mellissa Jane, assistente social que tarbalha com jovens carentes no sul de Londres.Alba Zaluar, renomada antropóloga brasileira, considera que se trata de “um conflito que mistura classes sociasi e etnias com frustração”. Já o polonês Zymund Bauman, considerado como o mais importante sociólogo vivo da atualidade, radicado em Londres desde 1968, considerou que as imagens do caos na capital britânica foi um motim de consumidores excluídos, nada mais representando que uma revolta motivada pelo desejo de consumir, não por qualquer preocupação maior com mudanças na ordem social.
       Pelo sim e pelo não, se é ou não um novo ciclo face ao desgaste do sistema político-econômico europeu e mesmo do neo-liberalismo, que enriquece cada vez mais a poucos e empurrram muitos para a exclusão social, o certo é que estamos há um ano do maior evento de competição esportiva do mundo, os Jogos Olímpicos, que ocorrerão justamente na capital inglesa. Imaginem se tal fato tivesse ocorrido aqui. Certamente que o primeiro mundo nos atacaria pela incompetência, sem dó e piedade. Londres, dos distúrbios de agosto, nada parece, em realidade, com o exemplo dado ao mundo meses atrás, com o casamento do Príncipe William e Kate. Sem dúvida, numa demonstração de ordem, pompa, fleuma e respeito às melhores tradições da monarquia inglesa. Uma imagem que parece mesmo agora fora da realidade. A Inglaterra, certamante, nunca mais será a mesma. A polícia inglesa e os ingleses mais tradicionalistas foram pegos de surpresa. Terá que provar que pode ter o controle seguro das Olimpíadas no próximo ano..
          Registre-se que além dos jovens – radicais revoltosos- a segurança inglesa terá que ter, em todos os momentos, sob controle e fiscalização, a não descartada infiltração de homens- bombas e franco atiradores, ou seja de radicais terroristas cujo alvo preferido seria sem dúvida a capital inglesa e seus arredores. Todo o cuidado e a segurança serão poucos. O preço de uma segura Olimpíadas será a eterna vigilância. O triste exemplo do ataque ao alojamento dos atletas israelenses, em 1972, nas Olimpíadas de Munique, sempre permanecerá em nossa memória quiçá o atentado às Torres Gêmeas, em Nova York, no fatídico 11 de setembro de 2001.. As autoridades governamentais e a polícia inglesa que coloquem, desde agora, suas barbas de molho. Quando o assunto é terrorismo e vandalismo todo cuidado é pouco.
                                                                      
 
                                                        Milton Corrêa da Costa 
                                                       

Redação

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