Ataque de traficantes ao Complexo do Alemão consolida união das forças de segurança no Rio

Das mais importantes, para a sensação de segurança da sociedade fluminense, o que demonstra a perfeita integração entre as forças legais, a entrevista coletiva que reuniu, após o desfile cívico-militar de 07 de setembro, na sede do Comando Militar do Leste, as autoridades máximas do Exército e do Estado, responsáveis pelo processo de pacificação em morros e favelas do Rio. A análise conjuntural evidencia que é muito sintomártico que o ousado ataque de traficantes à Força de Pacificação do Exército, no Complexo do Alemão, após 10 meses ali instalada, com demonstração de poderio bélico, através do emprego de armas de guerra com munições traçantes, tenha ocorrido pouco tempo depois dos conflitos entre militares e moradores da localidade.

A televisão mostrou as barreiras já postadas em entradas de vielas com o intuito de dificultar e mesmo impedir o avanço de militares, além do ponto de comércio de drogas em pleno funcionamento. Fica demonstrado, claramente, que os moradores foram orientados por traficantes para se insurgirem e conflitarem com integrantes da força transitória de pacificação, até que se exarcebassem e fizesssem o uso talvez desproporcional da força naquele momento, na clara tentativa de desmoralizar, perante à opinião pública, a política meritória e obstinada do governo do Estado no processo de pacificação de morros e favelas do Rio. Até 25 de novembro de 2010 o Complexo do Alemão era considerado o ponto mais estratégico (‘Quartel General’) do narcoterrorismo no Rio.Todos sabemos.

O recente ataque de traficantes demonstra também que munições e armas de guerra continuam chegando facilmente em morros e faverlas do Rio. Impressiona as cenas de munição traçante cortando e iluminando os céus. Uma ousada tentativa de intimidar as forças legais que não podem jamais recuar. É ledo engano imaginar, no entanto, que a guerra do Rio está próxima do fim. A doutrina narcoterrorista permance claramente atuante, onde bandidos contiunam cumprindo ordens de lideranças recolhidas a penitenciárias de segurança máxima, especialmente os que cumprem pena fora do Estado. Talvez nunca mesmo se rendam.

Constata-se, inclusive, que a participação das Forças Armadas, em sua missão constitucional (subsidiária) de manutenção da lei e da ordem, a partir de agora, atuando ombro a ombro com o aparelho policial do Estado, torna-se mais do que nunca imprescindível no complexo processo de pacificação do Rio. Não há dúvida. Os recentes acontecimentos demonstram tal assertiva. Talvez não imaginassemos mais, pelo menos na área das cercanias do Complexo do Alemão, ver o ousado desfile de munições traçantes. A Guera do Iraque também é aqui.

Registre-se que a polícia ostensiva, durante alguns anos — não se sabe ao certo até quando — não terá efetivo suficiente para atender as demandas de implantação de novas Unidades de Polícia Pacificadora no Rio e a estratégia do novo modelo de policiamento comunitário, que enfraquece e atormenta narcoterristas, precisa prosseguir resgatando a cidadania dos que ainda vivem sob a escravização do tráfico. Doravante como uma política de estado e não mais de governos. Tal e qual no Alemão, a Rocinha e o Jacarezinho, por exemplo, face a extensão territorial e a densidade demográfica de tais comunidades, são favelas onde o Exército, após passar a missão para a Polícia Militar no Complexo do Alemão, será imprescindível também como força transitória precursora.

O fato é que a demonstração de união das forças de segurança, reunidas através de seus representantes máximos, na sede do Comando Militar do Leste, para divulgar novas estratégias de policiamento, vigilância e contra-ofensiva, foi sem dúvida o ponto mais alto do Dia da Pátria,no Rio. Mãos à obra. Cumpra-se agora, irmanados, a difícil missão de pacificação. O preço da paz e da liberdade é a eterna vigilância. A cidade partida tem que deixar de existir e a lei e a ordem precisam ser mantidas. A segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos. 

                                       Milton Corrêa da Costa é coronel da PM do Rio na reserva

Redação

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