Beltrame e a segurança no Rio

Por Fernando Augusto Botelho

Beltrame: a política atrapalhou a segurança no Rio

13 de junho de 2010 • 23h44 • atualizado em 14 de junho de 2010 às 00h05

Gaúcho de Santa Maria, “dependente químico de chimarrão”, como ele mesmo brinca, José Mariano Beltrame abriu seu gabinete ao Jornal do Brasil na segunda-feira passada. Em pouco mais de 40 minutos, o secretário de Segurança falou sobre o que leva o ser humano a usar drogas, criticou a descriminalização sem que o Estado propicie condições de recuperação ao dependente, pediu maior presença nas favelas libertas pelas UPPs, disse que os números da violência na Tijuca são descendentes e anunciou que, se Cabral não for reeleito, sai com ele. Para Beltrame, a situação da violência no Rio só chegou ao nível atual por questões políticas.
Em 2008, quando o entrevistei, o senhor garantiu que não seria candidato e cumpriu, quebrando uma longa sequência de secretários que terminavam eleitos.

Qual a importância desta atitude?

Isso ajudou a dar credibilidade ao trabalho, mas acho que o grande paradigma a ser quebrado era o do planejamento. A instituição dá o exemplo é pelo planejamento, pois hoje a polícia sabe onde chegar. Não fazemos mais nada por achismo ou empirismo. A gente trabalha o planejado.

Se o governador Sérgio Cabral for reeleito, o senhor continua à frente da secretaria?

Tenho a intenção de continuar sim, mas é cedo para falar e o cargo é dele. Porém, aqui se trabalha para a frente e tenho um plano para bom tempo.
E se ele não se reeleger?

Em tese, não continuo. Sou muito grato ao governador, e ele tem um valor muito grande porque é uma pessoa que não se mete…Não há interferência política na Secretaria de Segurança, e ele confia no trabaho. É como um bom juiz de futebol, que passa despercebido. Mas qualquer atitude ou ação que tome, dou ciência.

A segurança no Rio sempre foi um problema, e o senhor falou que, hoje, não há ingerência política na secretaria. A política atrapalhou a segurança no Rio?

Entendo que sim. A estrutura do serviço público estadual ficou muito abandonada. A segurança é importante, mas tem que ver a saúde, o transporte. No Rio, não se fazia planejamento prospectivo do que vai ser a cidade em 2015, 2020. O Estado não se organizou para atender à demanda…

Fale mais sobre isso…

Antes, nestas comunidades, havia a desculpa da atuação do tráfico para não haver professor, médico… Agora que os muros da violência caíram, o Estado não tem a velocidade que gostaríamos para atender a demanda.
Nas comunidades pobres, o traficante se transformou no exemplo. E nas UPPs, os policiais já são ídolos, referência para estas comunidades?
É o que pretendemos. Os resultados são muito positivos porque o policial… 

Luis Nassif

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