No Rio, Sérgio Cabral defende que jogos de azar sejam legalizados
DO RIO – O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), defendeu ontem a legalização do jogo no país. Para ele, a proibição de jogos de azar é uma “demagogia e hipocrisia” que o deixam impressionado.
A declaração ocorreu um dia depois de Cabral defender a modificação da lei sobre o aborto. “Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar? Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é”, afirmou o governador.
Ontem, Cabral disse ser favorável a que as regras de fiscalização e controle se intensifiquem para evitar lavagem de dinheiro por meio do jogo.
“Quando [o jogo] é ilegal, não vai para vocês, não vai para instituições como a Andef [instituição de caridade]. No mundo inteiro, quando é legal, vai para aplicação e recursos meritórios”, afirmou.
Ao defender que haja mais controle, o governador lembrou o episódio do ex-deputado federal João Alves, que afirmou ter ganho várias vezes em loterias. Alves foi acusado de desviar verbas do Orçamento e lavar dinheiro nas loterias.
“Não teve até deputado que ganhou loteria para ganhar dinheiro? E a loteria não foi proibida. Tem que fazer o controle”, afirmou.
Comentário
O governador não é ingênuo para montar essas analogias. No caso do deputado, ele comprava bilhetes premiados para esquentar dinheiro. Cometia crime fiscal mas o crime de antecedente não se dava na loteria – dava-se nas propinas do orçamento.
Já o bingo tem relação direta com o crime organizado e com a corrupção policial, conforme exaustivamente demonstrado.
Cabral conhece seguramente essas implicações. Ontem, falou em instituições beneficentes explorando o bingo e desdobrou outros argumentos que depõem duplamente contra ele. Mostra que é despreparado – ao supor que esse tipo de discurso possa comover pessoas bem informadas – e lança dúvidas sobre suas reais motivações.
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