Com ataques no Rio, bandidos provocaram a união da população

 



RIO – A guerra incendiária do tráfico teve um efeito que ninguém imaginava. Das zonas Norte à Sul, a cidade do Rio está unida, pela primeira vez, em torno do tema segurança, que sempre dividiu opiniões e suscitou críticas em relação à ação da polícia. Ao atear fogo no primeiro carro, no domingo, as facções criminosas, que se aliaram contra a política de segurança que tem como diferencial a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em morros e favelas, acenderam a fagulha de um sentimento de coletividade que estava apagado, estimulou cariocas a acreditar na polícia, que no passado andava desacreditada, e que é possível resgatar a paz do Rio. Nas ruas, o que se vê é a população com medo, mas convencida de que o governo não pode retroceder e a guerra ao terror é um mal necessário.

O momento decisivo vivido pelo Rio contagiou a todos, de moradores à elite intelectual do país, artistas e representes de entidades de classe. O músico Wagner Tiso diz que, em seu dia a dia, tem percebido que as pessoas estão muito assustadas, mas confiantes:

– Com as UPPs, os chefes do tráfico resolveram impingir à sociedade um pânico generalizado, queimando ônibus e colocando em risco a vida das pessoas. Diante disso, o governo não pode recuar – acredita. – Minha percepção é que os moradores têm medo, mas também esperança e aplaudem a ação.

O baterista do Paralamas, João Barone, acha que o Rio está dando o primeiro passo de uma grande jornada.

– Havia mesmo um poder paralelo, opressor e inclemente. Mas o nível de organização deles não suportou uma investida desta envergadura. Agora é torcer para vir junto o plano nacional de segurança, impedindo que cheguem drogas e armas com esta facilidade ao Rio, a reforma das polícias etc.

No Twitter, a atriz Fernanda Paes Leme e o humorista Bruno Mazzeo trocaram as fotos de seus perfis por imagens com a frase “Eu amo o Rio”. O autor de novelas Aguinaldo Silva destacou a importância da união dos cidadãos: “A palavra de ordem, não só para as forças da lei, mas também para os cidadãos, que não podem ficar reféns da desordem, é: resistir! A intenção dos bandidos é semear o medo e a desordem, e desestabilizar a vida dos cidadãos de bem. Não podemos permitir que isso aconteça”. O apresentador Serginho Groisman tem a mesma opinião: “Aqui no Twitter as manifestações são de apoio às ações do governo contra a onda de violência no Rio. População carioca atenta e forte”.

Na política, também houve gestos de solidariedade. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende a descriminalização da maconha, disse que os ataques terroristas não podem intimidar o governo:

– O Rio esta reagindo da maneira que precisa reagir, não pode aceitar que parte do território fique sob controle de traficantes.

Entre os empresários, Eike Batista lembrou que se trata de uma iniciativa inédita.

– Fico triste com o que estamos passando, mas estou confiante de que vamos superar este momento. Nunca antes houve tanta vontade de consertar o Rio – observou Eike.

Mesmo com os prejuízos econômicos, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, lembrou que fundamental é restaurar a paz e salvar vidas.

– As pessoas estão pensando em uma vida melhor para todos. Não importa quanto se perdeu em termos econõmicos. Qualquer valor que se fale é incomparavelmente menor em relação às vidas que foram perdidas nos últimos anos.

O Chefe do Departamento de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, disse que, com o advento das UPPs, o confronto “estava escrito”.

 

– Agora, é a hora de pacificar a cidade. Existe uma luz no fim do túnel – analisa. – Tem que se passar pelo processo, é um mal necessário.

http://goo.gl/keXnc

 

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