Rio: guerra às drogas está longe do fim

 Objetivando repensar políticas de repressão ao comércio e ao uso de drogas ilícitas e discutir a estratégia da chamada “guerra às drogas” -não se satisfazem mais com tal doutrina- profissionais de segurança pública de 17 países, entre eles algumas autoridades que inovaram na política sobre drogas, reuniram-se dias atrás, no Rio de janeiro, à convite da Coordenadoria de Polícia Pacificadora da PMERJ, em parceria com a ONG Viva Rio.

Ao final do encontro divulgaram um documento em que enfatizaram a importância do projeto das UPPs, como merecedora da atenção da comunidade internacional, num trabalho positivo de policiamento de proximidade, que reconquista territórios, abre o caminho para a inclusão social e urbanização, além da real possibilidade de redução dos danos causados pelo uso de drogas lícitas e ilícitas. No encontro, foram apresentadas experiências de diferentes países, principalmente com relação à descriminalização de drogas e políticas de redução de danos, além de outras experiências, como o uso da maconha para fins medicinais como ocorre em 17 estados americanos.

A troca de experiências foi importante, não há dúvida. No que tange à descriminalização e legalização de drogas, vai inclusive de encontro ao discurso da chamada “corrente progressista” encabeçada no país pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O postulado central de tal militância baseia-se na certeza de que a guerra contra as drogas foi perdida no mundo. É mais danosa que o consumo e fortalece o enfrentamento violento e sangrento, num círculo vicioso sem fim, comentam.

No entanto, quando o assunto é drogas, não há verdades absolutas e acabadas. Se a política de repressão não deu tão certo, qual é a garantia que uma política permissiva dará? Por enquanto a guerra às drogas no Rio prosseguirá, ainda que enxugando gelo. Milhares de pessoas continuam sujugadas, em comunidades menos favorecidas, à opressão e ao terror do tráfico. Isso é fato real. Não há efetivo policial para implantar UPPs em todos os morros e favelas e nossas fronteiras continuam vulneráveis à entrada de armas e drogas. Também não há certeza que com a legalização de drogas bandidos deporão seus arsenais. A criminalidade do Rio é atípica. Na prática, portanto, nem sempre a experiência policial comparada prevalece. As única certeza irrefutável é que drogas não agregam valores sociais positivos e destroem seres humanos e seus familiares. Melhor que descriminalizar é prevenir.
                                                                 
                               Milton Corrêa da Costa é coronel da PM do Rio na reserva
 
 
 

Luis Nassif

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