Calheiros grava vídeo para criticar Temer e reforma da Previdência

Presidente “fala coisas, mas não faz as coisas que fala”, diz senador; veja ainda cinco mentiras das campanhas do governo federal 
 
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Jornal GGN – O senador Renan Calheiros, colega de partido e Temer (MDB) divulgou nesta quarta-feira (07) um vídeo criticando o presidente e a reforma da previdência. Ele aponta o dedo lembrando que o emedebista é muito semelhante ao personagem “João 1” que aparece em uma propaganda do governo, para explicar a reforma, como funcionário público que se aposenta cedo e com salário elevado. 
 
“Essa propaganda do governo Federal sobre a reforma da Previdência é maravilhosa”, ironiza Calheiros, completando em seguida:  
 
“Queria sugerir os marqueteiros do governo que mantivessem a campanha, que é boa, mas trocassem os personagens. Ao invés de dois Joões colocassem dois Micheis. O Michel privado, cidadão e o Michel presidente. O Michel cidadão, que se aposentou aos 55 anos de idade, ganhando inicialmente R$ 48 mil de aposentadoria e hoje ganha R$ 68 [mil] e acha que fez por merecer. Inclusive, deixou de atualizar suas informações para fazê-lo depois de votar a reforma no congresso. E o Michel 2, presidente, que é sabido que quer a reforma e que os outros contribuam até os 75 anos. Esse é o problema dessa reforma das aposentadorias. O Michel presidente fala coisas, mas não faz as coisas que fala.”
 
 
“Nova Previdência” já foi dada como morta 
 
Se já estava difícil para o governo Temer conseguir apoio para a reforma da Previdência, mesmo com os grandes números deficitários do INSS apresentados na imprensa e apontados para justificar as mudanças, as últimas informações é que as condições do governo estão piorando. 
 
Segundo publicação do Painel da Folha, na segunda-feira (05), a “nova Previdência” foi dada como morta em um almoço realizado na semana passada entre o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e no Congresso, André Moura (PSC-SE). No mesmo dia, o deputado e líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE) disse que o governo “não tem sequer 250 votos.” Para passar o pacote em primeiro turno na Casa, Temer necessita de 320 votos dos congressistas. 
 
Outras mentiras nas propagandas 
 
Veja a seguir cinco informações falsas que Temer e o governo utilizam nas campanhas da reforma da Previdência, levantadas pelo jornal Brasil de Fato:
 
1 – A Reforma da Previdência vai “igualar as pessoas”
 
Uma das principais linhas discursivas do governo é a de que a reforma da Previdência trará maior igualdade social, uma vez que supostamente combateria os privilégios previdenciários dos mais ricos.
 
Uma série de imagens, trazendo fotografias de pessoas que representariam trabalhadores e frases como “o fim dos privilégios, ou fim das aposentadorias”, estão sendo publicadas na internet pelo governo. Em um site oficial da reforma, criado pelo governo, é possível ainda encontrar a seguinte informação: “Os privilegiados estão espalhando boatos para manter os privilégios. (…) A nova lei para aposentadoria não retira direitos, pelo contrário: ela promove igualdade”.
 
As afirmações dizem respeito ao fim de especificidades na aposentadoria do funcionalismo público. Com a reforma, as categorias só poderiam receber a integralidade da aposentadoria alcançando a idade mínima de 62 anos para mulheres, e 65 anos para homens. No entanto, o tom dado pelo governo, de que a diferença entre o regime geral e o regime público de aposentadoria é causa importante da injustiça social no país, é amplamente criticado.
 
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, existem sim privilégios para categorias no funcionalismo público, mas as regras específicas da Previdência não faz parte deles.
 
“O governo fala como se todo trabalhador funcionário público recebesse salários abusivos, sendo que a grande maioria tem salários baixos. Essa aposentadoria diferenciada vem para proteger os trabalhadores para que ele venha prestar serviço de qualidade para o Estado, para atender corretamente a população. Não é uma mordomia. Ele dá a impressão que todo mundo que trabalha em um posto do INSS é marajá, e não é, como parte do Ministério Público que recebe auxílio moradia mesmo tendo moradia. Essa é a diferenciação que temos que fazer”, apontou.
 
Vagner destaca ainda o impacto dos “privilégios” concedidos à iniciativa privada, quando não há a tributação correta da Previdência dos trabalhadores. “O empresariado sonega e não paga. Você tem uma lista de empresas devedoras da Previdência enorme, outras são sonegadoras, que não repassam para a Previdência o que descontam dos trabalhadores. Por isso, a CUT sempre fala que uma reforma da Previdência é realmente necessária, mas o que estão fazendo não tem nada a ver com isso”, afirmou.
 
2 – Previdência “abocanha” orçamento e faz governo economizar em direitos
 
A ideia de que a Previdência é um dos maiores “gastos” do governo e de que isso está por trás da falta de orçamento para áreas sociais também vem sendo amplamente divulgada por Temer. “Além de criar um grupo de privilegiados, isso faz a Previdência abocanhar a maior parte do orçamento, impedindo o governo de aumentar os investimentos em educação, segurança, saúde e em outras áreas também importantes para a vida do brasileiro”, diz o site oficial da reforma.
 
Em entrevista ao Programa de Silvio Santos no final de janeiro, Temer afirmou que caso não haja a reforma, o Brasil vai sofrer os mesmos cortes de orçamento que vitimou países como a Grécia. Para o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), Floriano Martins de Sá Neto, a conta divulgada pelo governo não atende os procedimentos determinados pela Constituição Federal.
 
“A campanha que o governo vem utilizando é mentirosa. O governo faz um terrorismo para justificar a reforma, que vem no sentido de diminuição de direitos, dizendo que a Previdência está quebrada, mas ela não está quebrada, não está falida”, afirmou.
 
De acordo com de Sá, a forma como o governo calcula os gastos com a Previdência considera também outros dois pontos do tripé da Seguridade Social: a assistência social e a área da saúde. Paralelamente, as contas não incluem parte das arrecadações de outras fontes orçamentárias que deveriam ser revertidas para o Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), como o Cofins, contribuição calculada sobre a receita bruta das empresas.
 
Em paralelo, para Vagner Freitas, a ideia de que o governo investiria o dinheiro economizado com a Previdência em áreas sociais também é mentirosa, tendo em vista o congelamento dos investimentos pelos próximos vinte anos aprovado pelo governo Temer no final de 2016.
 
“Se quisessem investir em saúde e educação, não teriam estabelecido um teto de investimento do Estado nesses setores que são os mais importantes. Quando esse governo faz o planejamento dos recursos da união, ele já deixa claro que não tem como prioridade a saúde e educação a partir do momento que trata como gasto e não como investimento”, disse.
 
3 – Rombo na Previdência
 
A justificativa principal do governo para a reforma da Previdência é um suposto rombo que se aproximaria dos R$ 300 bilhões. De acordo com o site oficial do governo, o déficit na Previdência já representa 9,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e, com o envelhecimento da população, se acentua anualmente.
 
De acordo com a professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Esther Dweck, que escreveu um artigo ao Brasil de Fato sobre o tema, o discurso sobre o déficit é “falacioso”.
 
“O regime geral de previdência social (RGPS) e os benefícios assistenciais têm reconhecido efeito distributivo e de garantia de uma renda estável, ao longo de toda a vida, para grande parte da população brasileira. A Previdência se encontra relativamente equilibrada. Enquanto a economia cresce, as receitas da seguridade cresciam mais do que as despesas, principalmente entre 2006 e 2013”, afirmou.
 
Em relação ao envelhecimento da população, Dweck destaca: “Até 2030, o Brasil estará vivendo o chamado “boom demográfico” com a menor razão de dependência, a população em idade ativa será muito superior à população de crianças e idosos, o que não demandaria qualquer alteração durante esse período por questões demográficas”.
 
De acordo com os dados da Anfip divulgados em 2015 sobre a Seguridade Social, somando-se às despesas de benefícios previdenciários as contribuições previdenciárias, que tem boa parte de suas receitas não contabilizadas nos dados divulgados pelo governo, temos um saldo superavitário de R$11 bilhões.
 
4 – Aposentadoria rural não será mais prejudicada
 
Um dos temas mais polêmicos do antigo projeto de reforma da Previdência era o fim das especificidades da aposentadoria rural. Os trabalhadores rurais têm uma redução de cinco anos na idade mínima de suas aposentadorias, devido aos riscos e características próprias da profissão.
 
No site da reforma da Previdência, o governo garante que o novo texto, de relatoria do deputado Arthur Maia (PPS-BA), mantém os direitos dos trabalhadores rurais. “A nova lei para aposentadoria tem como um de seus pontos mais essenciais a proteção para quem trabalha na agricultura e na pecuária”, diz o site.
 
Para o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gilmar Mauro, no entanto, os direitos dos trabalhadores rurais continuam ameaçados, mesmo com a manutenção da aposentadoria rural na reforma. “Os camponeses são uma parte dessa classe trabalhadora, mas os filhos dos camponeses, a juventude que hoje estuda, vai para muitas outras categorias. Então a juventude das pessoas, seja do campo ou da cidade, estará completamente comprometido se essa reforma passar”, afirmou.
 
O dirigente completa ainda que o MST continuará mobilizado contra a reforma, também em apoio às demais categorias afetadas. “A questão que está colocada é que a reforma da Previdência interessa ao capital financeiro, que tem empresas de Previdência privada, para usar os recursos do povo brasileiro em benefício próprio. Então não se trata de uma categoria específica, é uma luta da classe trabalhadora, derrotar a reforma da Previdência é fundamental para a garantia de direitos da população brasileira”, afirmou.
 
5 – “A população está sendo convencida da necessidade da reforma”
 
Houve diversas tentativas de votar a reforma da Previdência ao longo de 2017, que acabaram sendo adiadas pelo governo por conta da baixa popularidade do tema. Em entrevista ao programa da jornalista Mariana Godoy, realizada nesta segunda-feira (5), no entanto, Temer destacou que acredita que a reforma da Previdência será aprovada, pois está ocorrendo um “convencimento popular da invencibilidade da Reforma”, e de sua necessidade.
 
As afirmações do presidente não condizem com as pesquisas de opinião realizadas ao longo do ano. Em maio de 2017, uma sondagem divulgada pelo Datafolha mostrou que 7 em cada 10 brasileiros se diziam contrários à reforma. Já em dezembro de 2017, um levantamento realizado pela empresa MindMiners mostrou que 68,7% das pessoas eram contrárias à versão atualizada da reforma, e 18,8% não souberam opinar.
 
Em paralelo, a popularidade do governo Temer continua a mais baixa da história do país, tendo alcançado 3% de aprovação em setembro de 2017, de acordo com a pesquisa do CNI-Ibope. Já um levantamento do grupo Eurasia, especializado em análise de risco para investidores, colocou o emedebista como campeão em rejeição entre os líderes do mundo todo, com apenas 7% de aprovação.
 
 
 
Redação

8 Comentários

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  1. Conveniências… E só!
    Renan Calheiros é um sujeito de conveniências. Votou pelo impeachment de Dilma e qdo viu os índices de popularidade cair vergonhosamente em sua base, resolveu apoiar e declarar apoio a Lula.

  2. Ué,
     

    desencalharam o calheiros?

    Andava sumido, o pobre.

    Esse é um político notável.

    Plástico, maleável, conveniente. Assume qualquer forma.

     

     

  3. Reforma da Previdência

    Estão adiando agora, no entanto, temos que ficar atento para a votação que eles estão planejando para novembro depois que passar a eleição.

    O perigo mora aí.

  4. Cala a boca, golpista. Te

    Cala a boca, golpista. Te deixaram de fora das comissões  do feirão da Petrobrás, Eletrobrás etc e  vem dar pitaco para conseguir um espaço porque não estão repartindo o butim com ele. Foi ele, como presidente do senado,  que permitiu a cassação da Dilma portanto wtnk.

  5. Clareza e privilegios

    Sem questionar o lado fisiologico do senador Renan, é preciso reconhecer que esse pronunciamento ou vídeo expõe com muita clareza uma situação real: o oportunismo e a mentira do governo com o insistente desejo da reforma da previdência. Mas seria bom se viesse acompanhada de uma manifestação de sensibilidade de Renan se ele explicitasse  com a mesma veemênci os privilegios dispendiosos (bota dispendiosos nisso) dos membros do Poder Legislativo, do Judiciário e de muitos ministérios. São privilegios que oneram o custo Brasil, que ofendem o povo, o trabalhador e o aposentado que recebe hoje valores continuamente defasados da ralidade econômica do país. Abra mão dos privilegios, Renan

  6. Existe um ditado em Alagoas

    Existe um ditado em Alagoas que é o seguinte: se Renan pular do alto de um prédio de 10 andares, pode segui-lo sem medo, pois tem água embaixo. Esse daí é um sobrevivente político desde os tempos do Collor. Vê uns dez lances na frente e sabe que o golpe tem vida curta. E que o futuro político do país será, por ainda muito tempo (muito mais do que se imagina), em volta da figura de Lula. Este é o futuro e o referencial político, em relação ao qual tudo o mais se moverá (contra, a favor, orbitando, seja lá como for). Independentemente das qualidades políticas ou ideológicas de Renan (ou da falta delas), ele serve como um sinalizador, um indicador de onde vai a política. Renan apenas tenta se acomodar na futura ordem política, onde Lula será o protagonista.

  7. Mais um detalhe jamais lembrado

    O servidor publico tem um desconto previdenciário com percentual calculado  com relação a o total dos proventos e não  os 8%

    Art. 1º

    -A partirde 1º de julho de 1997 e até a data da publicação da lei quedisporá sobre o Plano de Seguridade Social previsto no art. 183 da Lei 8.112, de11 de dezembro de 1990, a contribuição mensal do servidor público civil, ativo einativo, dos três Poderes da União, para o financiamento do custeio comproventos e pensões dos seus servidores, será de 11% (onze por cento),incidente sobre a remuneração conforme definida no inciso III do Art. 1º da Lei8.852, de 4 de fevereiro de 1994 e sobre o total de proventos.   No caso do servidor privado o desconto alcança no máximo o teto do INSS.  Assim um empregado do setor privado  que ganhe $20000,00 reais paga 621,0um funcionario do setor privado que ganhe 10 000,00 para os mesmos 621,00 Um funcionario publico teria descontado em seu contracheque 2000,00 e 1000,00 respectivamente.  De onde se conclui que há uma manipulação pela desinformação.

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