Governo muda discurso para acalmar mercado: pautará reforma com ou sem votos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – A bancada governista mantem o discurso de que a Reforma da Previdência não ficará para o final do ano e a discussão começa no dia 20 de fevereiro, data esperada para o início da votação na Câmara dos Deputados.
 
Nesta quinta-feira (15), o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que tem o papel de articulação com parlamentares, afirmou que mesmo se o governo não alcançar os votos suficientes para a aprovação da medida, a proposta da reforma entrará em pauta na próxima terça.
 
O objetivo é, conforme antecipou o GGN, dar um ultimato aos parlamentares, indicando que o risco de não apoiar a medida impopular ainda que às vésperas de pleito eleitoral é maior: se o governo Temer não garantir os 308 votos necessários para a aprovação, em dois turnos, da emenda constitucional, o tema poderá ser engavetado.
 
Por isso, ainda que não seja a resposta definitiva do governo, que pretende reunir o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), neste final de semana para fazer as contas e definir as estratégias a serem adotadas, o recado público foi outro.
 
Sem o apoio dos parlamentares que têm interesse na aprovação das mudanças previdenciárias e diante do ápice do lobby de empresários e representantes da indústria sobre os mesmos parlamentares, a medida correria o risco de ser derrotada.
 
Nesta semana, governo conta com a colaboração de empresários para juntar votos e obter o quórum mínimo de 308 deputados. Ainda, após a aprovação em primeiro turno, uma nova sessão de votação antes de ser encaminhada ao Senado, aonde também deve ser aprovada em dois turnos. 
 
Uma das alternativas visualizadas pelo próprio mandatário e outros líderes partidários a favor da reforma é que caso o número não seja atingido até a próxima terça, a reforma seria colocada em discussão no Congresso apenas no fim deste ano, desde o zero.
 
Na esfera do Executivo, prefeitos e governadores também foram convocados a se mobilizar pela pressão sobre a pauta. Os políticos são apoio fácil com a necessidade de fôlego para as crises fiscais nas federações. Os lobbies estão sendo feitos em deputados federais indecisos, que somam cerca de 120 parlamentares atualmente. 
 
Com o fim do carnaval, a tática é apelar para as mudanças no texto de autoria de Arthur Maia (PPS-BA), apresentado na semana passada. Considerada um pouco mais flexível, a proposta traz a manutenção da pensão integral a viúvas de policiais civis, federais e rodoviários federais mortos durante o trabalho, entre outros pontos, que poderiam adquirir mais votos a favor. 
 
Assim, pubicamente, o discurso do governo mudou, de forma a tentar acalmar as pressões do empresariado. “Tenho convicção de que, independentemente dos votos que tivermos na segunda-feira, a discussão se inicia na terça”, disse Marun, demonstrando, desta vez, a confiança do governo, ainda que na prática o receio ainda é marcante.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Apenas abriu a cortina da vitrine.

    Na vitrine vários deputados esperando o assédio ( financeiro é claro) de banqueiros, CEOS, empresários , enfim do Mercado. Isto na mesma semana que saiu a notícia de que estes grupos estavam fazendo um mutirão de pressão sobre os parlamentares.

    Veremos se isto é mais forte que a Tuiuti.

  2. Pois é,
     
    o governo está

    Pois é,

     

    o governo está preocupado com os abutres do mercado financeiro (deveriam parar de dizer “mercado”) e não com o povo,

     

    governo de lojistas para lojistas é isso ai…….

  3. O mercado quer a nossa

    O mercado quer a nossa desgraça…

    Trabalhar até morrer num emprego temporário qualquer…

    Para eles especularem, queimar dinheiro…

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