Trabalhadores vão às ruas hoje dizer não à ‘reforma’ da Previdência

Ao menos 78 cidades organizam atividades hoje contra o pacote de propostas que altera as regras para aposentadorias da população, sem combater privilégios e favorecendo o sistema financeiro

Atos nesta sexta-feira (22) ocorrem em todos os estados do país e no Distrito Federal (ROBERTO PARIZOTTI/CUT)

da Rede Brasil Atual

Trabalhadores vão às ruas nesta sexta dizer não à ‘reforma’ da Previdência

São Paulo – Todos os estados do país e o Distrito Federal organizam manifestações para o Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência, nesta sexta-feira (22), em resposta à proposta de “reforma” apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro. Ao todo, atos, panfletagens e outras ações contra a retirada de direitos devem ocorrer ao menos em 78 cidades brasileiras.

Na capital paulista, a concentração está marcada para as 17h, em frente ao Masp, na Avenida Paulista. Na região do ABC, haverá passeata logo cedo saindo da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo. No Rio de Janeiro, o ato ocorre às 16h, na Candelária, região central. Em Belo Horizonte, a manifestação começa também às 17h na Praça Sete, no centro da cidade. Há ainda na parte da manhã atividades nos bairros Barreiro e Venda Nova.

Reunião, seminários, assembleias, atos e paralisações estão previstas para denunciar os riscos dos trabalhadores com a “reforma” da Previdência em Brasília, além do ato agendado para as 17h, na Praça Zumbi dos Palmares, no Setor de Diversões Sul. Em Manaus, a concentração está prevista para as 15h, na Praça da Polícia e deve seguir até a Praça da Matriz, no centro.

Além das capitais, outras 51 cidades das regiões metropolitanas e no interior também programam atos contra a “reforma” da Previdência. As adesões às atividades também acontecem por categorias, como os bancários, que abrirão o dia de manifestações com diversas atividades em agências e concentrações de trabalhadores do ramo financeiro, de acordo com informações da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Desde terça-feira (19), por meio do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a categoria tem se articulado na região central da cidade para alertar a população sobre os riscos da proposta de destruição da Previdência pelo governo Bolsonaro.

Com o mesmo intuito, a CUT lançou ainda uma campanha e um site Reaja agora” informando sobre os pontos da “reforma” e seus impactos sobre os trabalhadores, além de peças e materiais informativos que podem ser acessados por aqui.

Toda a mobilização é, no entanto, um “esquenta” para uma greve geral, caso a proposta de retirada dos direitos trabalhistas seja levada adiante pelo Congresso. A exemplo das paralisações que ocorreram em 28 de abril de 2017, os dirigentes sindicais e movimentos sociais avaliam a campanha como um passo essencial para frear os retrocessos do governo Bolsonaro.

Com informações da CUT

Confira a programação completa dos atos

Acre
Boa Vista: Palácio do Rio Branco, às 8h

Alagoas
Maceió: Praça Centenário, às 15h
Arapiraca: Praça da Prefeitura, às 9h

Amapá
Macapá: ato às 9h, em frente a agência do INSS, na Avenida Marechal Rondon

Amazonas
Manaus: concentração na Praça da Polícia, às 15h, seguindo em passeata para a Praça da Matriz (Centro) às 16h

Bahia
Salvador: ato na Rótula do Abacaxi, às 9h

Ceará
Fortaleza: ato na Praça da Imprensa (Dionísio Torres), às 8h
Juazeiro do Norte: ato no Giradouro, às 16h
Iguatu: ato com concentração na Praça da Caixa Econômica, às 8h
Sobral: Praça de Cuba, às 7h30
Chorozinho: Praça da EEF Padre Enemias, às 8h
Morada Nova (ato regional): Praça da Matriz, às 7h
Russas: Praça Monsenhor João Luiz, às 7h
Aracati: Praça do Prazeres, às 8h
Jaguaruana: Praça da Prefeitura, às 9h
Itaiçaba: EEF Dulcineia Gomes Dinis, às 7h
Solonopole: Ginásio Poliesportivo, às 9h30
Pereiro: Praça da Matriz, às 7h
Itapipoca: Praça dos Motoristas, às 8h
Tianguá: Praça dos Eucaliptos, às 8h
Acopiara: Praça da Matriz, às 8h
Paracuru: Sindicato Rural, às 8h
Crateús: Coluna da Hora, às 7h
Camocim: Pracinha do Amor, às 8h
Paraipaba: Praça do Hospital, às 15h30
Martinópole: Galpão dos Feirantes, às 16h
Jaguaribe: Praça do Fórum, às 16h

Distrito Federal
Praça Zumbi dos Palmares (SDS), às 17h

Espírito Santo

Vitória: Caminhada de Jucutuquara até o Palácio Anchieta, às 8h

Goiás
Goiânia: ato perto da Serra Dourada, na altura do Km 153 da BR, às 6h

Maranhão 

São Luís: INSS no Parque Bom Menino (Centro), às 8h
Imperatriz: Praça de Fátima, às 8h

Mato Grosso
Cuiabá: Praça Ipiranga, às 16h

Mato Grosso do Sul
Campo Grande: Praça do Rádio Clube, às 9h

Minas Gerais
Belo Horizonte: Ato na Praça Sete, às 17h
Montes Claros: Praça do Automóvel Clube, às 16h
Cidade de Timóteo: Praça 1º de Maio, às 17h
Coronel Fabriciano: Praça da Rodoviária, às 9h
Ipatinga: Praça 1º de Maio, às 14h
João Monlevade: Praça do Povo, às 9h 

Ouro Preto: Panfletagem

Pará
Belém: concentração no Banco do Brasil da Ponte Vargas às 7h30, com caminhada até o INSS da Av. Nazaré às 9h
Marabá: em frente ao INSS (manhã), seminário sobre reforma da Previdência na Faculdade Carajás, às 15h
Parauapebas: Praça de eventos no bairro Cidade Nova, às 6h

Paraíba
Campina Grande: Praça da Bandeira, 10h

Paraná
Curitiba: concentração na Boca Maldita, às 9h; ato e panfletagem no INSS da Rua João Negrão, às 11h

Pernambuco
Recife: Praça do Derby, às 15h

Piauí
Teresina: INSS (Praça Rio Branco), às 8h

Rio de Janeiro
Rio de Janeiro: Candelária, com caminhada até a Central do Brasil, 16h

Rio Grande do Norte
Natal: INSS da Rua Apodi, 2.150, às 15h e segue para a Praça dos Três Poderes
Mossoró: Manifestação na base da Petrobrás, às 6h e, concentração no INSS, às 8h e seguem pelas ruas do centro da cidade

Rio Grande do Sul
Porto Alegre: Esquina Democrática, às 18h
Caxias do Sul: Praça Dante Aligheri, às 17h
Santa Maria: Praça Saldanha Marinho, às 17h30
Pelotas: Mercado Público às 18h
Passo Fundo: Esquina Democrática, às 17h

Rondônia

Porto Velho: Praça Marechal Rondon, a partir das 17h

Roraima

Boa Vista: debate sobre a “reforma” da Previdência no auditório Jornalista Alexandre Borges, na Universidade Federal de Roraima (UFRR). Ato em frente à Assembleia Legislativa, às 16h

Santa Catarina
Florianópolis: Ticen, às 17h
Blumenau: em frente ao INSS, às 10h
Joinville: Praça da Bandeira, às 14h
Criciúma: Calçadão da Praça Nereu Ramos, às 13h30
Itajaí: ato em frente à Igreja Matriz, às 16h
Lages: “aulão” popular sobre a “reforma”, no Calçadão Tiago Fiúza de Carvalho, às 17h

São Paulo
São Paulo: Masp, Avenida Paulista, às 17h
São Bernardo do Campo, 10h Largo Rudge Ramos, Praça São João Batista, em frente à igreja; saída da porta da Mercedes-Benz e da Ford, às 7h

São Carlos: praça em frente ao Mercado Municipal, às 9h
Bauru: audiência Pública na Câmara, às 14h
Campinas: ato dos Servidores Públicos no Largo do Rosário, às 10h; Concentração para o ato e panfletagem na rua 13 de Maio e terminais de ônibus, às 16h30; ato político às 18h
Mogi das Cruzes: Largo do Rosário (Praça da Marisa), às 10h
Ribeirão Preto: Concentração na Esplanada Dom Pedro II, às 17h
Osasco: ato público em frente à Estação de trem de Osasco, às 9h
Carapicuíba: ato público em frente à estação de Carapicuíba, às 5h30 e Ato público no Calçadão, às 9h
Ubatuba: ato no Ipiranguinha, Posto BR, às 10h, e no calçadão do Centro, das 11h30 às 18h
São José dos Campos: Praça Afonso Pena, às 10h

Sergipe
Aracauju: ato com concentração em frente à Deso, na Rua Campo do Brito, às 15h

Tocantins
Palmas: em frente ao INSS, às 8h

Redação

2 Comentários

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  1. Acabei de receber por email da editora Boitempo o post abaixo, do professor Luis Felipe Miguel, com vídeo de 25/04/2018 (o fato de o vídeo e o debate serem anteriores ao momento atual dão à reflexão uma perspectiva “retrospectiva” sobre o que nos trouxe até aqui, uma rememoração necessária nos tempos desmemorializantes da atualização permanente que ofusca ou oblitera os jogos de poder em andamento, a “memória de palimpsesto” de redes sociais) de debate dele com a professora Esther Solano. Sobre o post, não o subscrevo completamente mas considero importantes muitas de suas ideias e provocações, e a idéia central de que o debate público está interditado e que esta condição precisa ser superada. Sobre o vídeo, ainda assistindo, não posso comentar mas a sugestão se justifica pela qualidade dos debatedores e do tema.
    Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4Lf1q4WbV1A

    “O Olavo do mercado
    A mídia gosta de diferenciar os olavetes e fanáticos religiosos, que formariam a “ala psiquiátrica” do governo, de seu homem no Ministério da Economia. Mas Paulo Guedes não é tão diferente do guru de Richmond, em seu apego a teorias sem fundamento e em sua arrogância e truculência na discussão pública.
    Publicado em 22/03/2019 // 2 comentários

    Por Luis Felipe Miguel.
    Nas eleições do ano passado, diante da inviabilidade eleitoral de seus candidatos, os grupos dominantes do Brasil se viram frente a uma encruzilhada. Podiam reabrir um caminho de negociações com o PT, que lançara um candidato presidencial mais do que palatável, Fernando Haddad, e assinalava com clareza sua disposição para pactuar um lulismo 2.0, adequado às condições adversas do pós-golpe de 2016. Esse caminho implicava restabelecer algum grau de vigência da Carta de 1988 e alguma moderação no frenesi pela destrutiva de direitos e de políticas de proteção social. A outra opção era apoiar um candidato destemperado e despreparado, notabilizado por seu discurso histriônico de apologia à violência e com notórias ligações suspeitas com grupos criminosos. A burguesia, as elites políticas tradicionais, a imprensa e as classes médias não titubearam e escolheram a segunda opção.

    Com Bolsonaro na presidência batendo o recorde mundial de vexames por minuto, muitos desses setores estão preferindo guardar distância de seu eleito. Da goiabeira ao golden shower, passando por Queiroz e pelos laranjais, são muitos os motivos para evitar associação com o novo governo, que agora apanha até em editoriais do Estadão. Mesmo o ex-juiz Sérgio Moro, o herói da cruzada para salvar o Brasil do petismo, desmoralizou-se rapidamente. Sobra apenas um pilar do bolsonarismo no poder, o tsar da economia, Paulo Guedes, avalista do apoio do capital ao ex-capitão, até então visto com desconfiança, como um estatista autoritário – o problema, claro, residia no “estatista”, não no “autoritário”.

    A cobertura da imprensa é significativa. Guedes é tratado como alguém que sabe o que faz e um dos problemas centrais de Bolsonaro seria não priorizar, na presidência, a defesa das “reformas” prometidas por seu ministro. Mas a competência e a sensatez de Paulo Guedes podem entrar na conta das fake news.

    “Paulo Guedes é o arauto de uma forma de fundamentalismo de mercado que bem pode ser descrita como uma espécie de terraplanismo econômico.”
    Não se trata só da ignorância absoluta sobre a gestão do ministério, ilustrada pelo episódio da célebre conversa com o então presidente do Senado, Eunício Oliveira, em que Guedes desdenhou a aprovação do orçamento da União dizendo “o orçamento eu faço depois”, ou pela exoneração sumária de todos os funcionários com cargo de confiança que haviam trabalhado nos governos petistas, paralisando as atividades por longo período – não era possível nomear outros para seus lugares, porque até os funcionários que sabiam como fazer as nomeações tinham sido afastados… Nem é apenas a incapacidade de discutir e negociar, com grupos sociais ou com o parlamento, adotando sempre um tom de ameaça.

    Mais do que isso, Paulo Guedes é o arauto de uma forma de fundamentalismo de mercado que bem pode ser descrita como uma espécie de terraplanismo econômico. Todas as evidências mostram que a brutal desregulamentação que ele advoga não leva ao crescimento, mas somente à concentração da riqueza e à pauperização da população. A privatização ensandecida de Guedes e de seu assessor Salim Mattar não equilibrará as contas públicas e privará o Estado brasileiro de receitas e de instrumentos de ação. Sua fúria contra o funcionalismo público, que o leva a aventar o fechamento de instituições como o IBGE, só pode ser classificada de irracional: não é possível imaginar um Estado moderno, mesmo mínimo, que se prive dos instrumentos básicos de aferição da situação da sociedade que ele quer comandar.

    Guedes gosta de reciclar o velho dito de que a esquerda tem coração e a direita tem cérebro, mas parece que a ele faltam ambos. Ele é imune ao raciocínio lógico, ao aprendizado com a experiência histórica e à realidade factual. A reforma da Previdência, prioridade máxima dele e do capital hoje, serve de exemplo. O modelo pinochetista, que ele deseja implantar no Brasil, é um perfeito case de fracasso – exceto para os especuladores que roubaram a poupança da classe trabalhadora. Mesmo com ajustes que foram feitos para minorar a situação (com intervenção, vejam só, do Estado!), os aposentados recebem em média menos da metade do que lhes havia sido prometido. Mais de 90% deles ganham cerca de metade do salário mínimo. Os jornais noticiam uma onda de suicídios de idosos, o que talvez seja mesmo a solução ideal para Guedes.

    “Guedes gosta de reciclar o velho dito de que a esquerda tem coração e a direita tem cérebro, mas parece que a ele faltam ambos.”
    A insensibilidade das nossas elites para com a situação da classe trabalhadora é notável e se manifesta com especial virulência no debate sobre a previdência. Guedes não tem o monopólio dela. Rodrigo Maia, por exemplo, interveio para dizer que “todo mundo consegue trabalhar até os 80 anos” (como a expectativa de vida está em 75 anos, percebe-se que muitos vão ter que procurar emprego na condição de almas penadas). Mas essa cegueira de classe, ainda que comum, é indesculpável naqueles que deveriam governar a totalidade dos brasileiros. Para Maia, como para Guedes, aposentadoria é o que se dá à mão de obra tornada inservível e o aposentado não conta como um ser humano que ainda tem uma vida a viver. Para o trabalhador e a trabalhadora, ao contrário, a aposentadoria é a ansiada alforria. O momento em que eles podem alcançar um pouco da liberdade existencial de que os burgueses desfrutam. Para isso, é preciso que tenham duas coisas: alguma tranquilidade material e suficiente saúde.

    Essa perspectiva é silenciada sistematicamente no debate brasileiro sobre a reforma da Previdência. Um debate limitado, enviesado, com dogmas que, justamente por serem tão frágeis, não podem sofrer questionamentos. Esses dogmas incluem o enquadramento da questão exclusivamente sob o ângulo contábil e a “bomba relógio” do “indiscutível” desequilíbrio estrutural. Outro dogma é a ideia de que trabalhador existe para trabalhar, isto é, para gerar mais-valor, enquanto tiver um sopro de energia no corpo.

    Guedes é, hoje, o repetidor-mor desse discurso dogmático. Seu papel é enunciar certezas e impedir o debate sobre elas. A mídia gosta de diferenciar os olavetes e fanáticos religiosos, que formariam a “ala psiquiátrica” do governo, de seu homem no Ministério da Economia. Mas Paulo Guedes não é tão diferente do guru de Richmond, em seu apego a teorias sem fundamento e em sua arrogância e truculência na discussão pública. Faltam o charuto, o licor de laranja e o tapete com a pele do pobre urso bebê, mas, a seu modo, ele é o Olavo do mercado.

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    Acontece hoje, sexta-feira 22 de março, a Mobilização Nacional contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro e em defesa da aposentadoria e dos direitos. Manifestação unitária organizada pelas Centrais Sindicais, Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular no Brasil todo estão organizadas para ocuparem as ruas. Confira a agenda de atos na sua cidade clicando aqui.
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    Luis Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades – Demodê, que mantém oBlog do Demodê, onde escreve regularmente. Autor, entre outros, de Democracia e representação: territórias em disputa (Editora Unesp, 2014), e, junto com Flávia Biroli, de Feminismo e política: uma introdução (Boitempo, 2014). Colabora com os livros de intervenção Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil (Boitempo, 2016) e O ódio como política: a reinvenção das direitas no Brasil (Boitempo, 2018). Seu livro mais recente é Dominação e resistência: desafios para uma política emancipatória (Boitempo, 2018). Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente às sextas.” (in https://blogdaboitempo.com.br/2019/03/22/o-olavo-do-mercado/).

    Sampa/SP, 22/03/2019 – 12:41

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