Kit de volta às aulas faz marketing infantil nocivo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Um kit de volta às aulas com diversos produtos é colocado em armários de alunos, instalados em escolas paulistas. A ideia parece atraente, do ponto de vista de quem “ganha” os vouchers e guloseimas que vêm dentro do kit. Mas, o que se esconde dentro dessa iniciativa são a agressividade e ilegalidade do uso impróprio de Marketing à audiência infantil.

Foi com esse motivo que o Instituto Alana se mobilizou para denunciar as empresas Global Box, Bauducco, Colgate-Palmolive, Starpoint, Daquiprafora e Hershey´s, que fazem parte da estratégia.

O objetivo era que, no primeiro dia letivo, mais de 15 mil alunos dos ensinos Fundamental II e Médio de 220 escolas de São Paulo encontrassem kits com produtos como cookies e wafer cookies’n cream da Bauducco, Hershey’s Cocada Candy Bar, entre outros.

Assim, o Alana enviou notificação a todas as empresas, solicitando que cessem a ação e deixem de desrespeitar os direitos das crianças.

Na notificação enviada, o instituto aponta que “por meio da oferta de ‘presentes’ as crianças são expostas intensivamente às marcas em seu ambiente escolar, com a clara intenção de aproveitar-se da sua deficiência de julgamento e experiência com fins mercadológicos”.

A diretora de Defesa e Futuro, Isabella Vieira Machado Henriques, e a advogada, Ekaterine Karageorgiadis, que assinam o comunicado, esclarecem que há exploração quando fazem as crianças vivenciarem os conceitos daquelas marcas durante um momento importante de suas vidas, quando voltam às aulas.

“O direcionamento da ação de comunicação mercadológica para crianças constitui prática abusiva, pois se aproveita de indivíduos hipossuficientes. Aponta-se que todo esse proveito da vulnerabilidade da criança com o objetivo de promover vendas é uma conduta descomprometida com a ética, a moral e os princípios relativos à proteção integral da criança, previstos em lei”, aponta o comunicado.

No relatório, é apresentado um encarte da Global Box para angariar empresas que façam parte do kit. Neste encarte, é divulgado que a Logomarca que fizer parte da Cota Master, por exemplo, não terá limite de inserção de produtos. Também não há exigências ou critérios sobre os tipos de produtos – entre comidas consideradas nocivas à saúde ou produtos de higiene e uso pessoal.

Ao final do comunicado, o Alana repudia a ação mercadológica que, segundo o Instituto, viola as normas legais de proteção da infância, e notifica as empresas que apresentem esclarecimentos e deixem de realizar a ação, “sob pena de estas abusivas práticas comerciais virem a ser noticiadas aos órgãos competentes, os quais certamente tomarão as medidas legais cabíveis no sentido de coibi-las”.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. eu nao sei nao. mas eu acho


    eu nao sei nao. mas eu acho que esses itens aparecem de vez em quando na merenda… nao é sempre… e as crianças gostam…. é produto bom. e por que nao uma vez ou outra? até adulto gosta, imagina uma criança…

  2. O que há por trás do marketing corporativo?

    Mais um exemplo dessa blitzkrieg do marketing infantil  contra a infância. O curioso é que essas empresas envolvidas com essa prática anti-ética estão associadas às palavras mágicas coprorativas atuais como “sustentabilidade”, “ética”, “consumo consciente” etc.

    Por trás dessa cantilena de relações públicas está o velho instinto do Capital de substituir o trabalho vivo pelo morto…

    Veja: http://cinegnose.blogspot.com.br/2014/01/criancas-chiliquentas-e-pais-frageis-no.html

     

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