Cunha tentar contornar derrota do financiamento empresarial

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Rumores na Câmara Federal no início da tarde desta quarta-feira (27) dão conta de que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), ainda não se deu por vencido mesmo após a dupla derrota na votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma política nesta madrugada. Os parlamentares rejeitaram adotar o distritão como sistema eleitoral e não quiseram escrever na Constituição o aval ao financiamento empresarial a candidatos. 

Mas, segundo o deputado Jean Wyllys (PSOL), Cunha tenta contornar a derrota e pretende colocar ainda hoje o financiamento privado na pauta novamente. “Nós teremos, pelo menos, mais três votações hoje. Vamos votar agora o financiamento de pessoas físicas. Se isso não atingir 308 votos favoráveis, votaremos o financiamento público; se não atingir 308, tem o texto original, que é o financiamento só para partidos e não para candidatos”, admitiu Cunha.

A votação que culminou na derrota de Cunha e do PMDB ocorreu após acordo de líderes feito ontem, que previa a discussão de doações por pessoa física e jurídica (empresas) no mesmo pacote. Rejeitada a proposta, nesta quarta (27), os deputados discutiriam o financiamento público exclusivo.

Leia mais: Reforma política de Eduardo Cunha e PMDB está sepultada

Porém, em nova reunião de líderes partidários, pela manhã, Cunha deu sinais de que pretende desmembrar o financiamento empresarial para votar de novo o financiamento por pessoa jurídica a partidos políticos – o que, na prática, significa tornar constitucional o financiamento privado aos candidatos, apontou Wyllys, pois as agremiações fazem os repasses de recursos.

“Quem perdeu foi o povo’

Por volta do meio dia desta quarta-feira, Eduardo Cunha comentou a decisão do Plenário de não mudar o sistema eleitoral para o distritão e manter o modelo atual de eleição para deputados e vereadores. “Ontem, quem foi derrotado foi o povo, porque todos os modelos foram derrotados. Recusaram a lista, o distrital misto, o distritão e o distritão misto. Então, na prática, a decisão é: não tem reforma”, resumiu.

“A Casa definiu que não quer fazer a reforma política. Ela se dissociou da sociedade quando pregou na campanha eleitoral que queria uma reforma política e, quando teve a oportunidade, não se manifestou por nenhum dos modelos. Quando não se pronuncia por nenhum, opta pelo que já existe”, avaliou o presidente, ao chegar à Casa.

O presidente prevê que haverá pouco ou nenhum avanço nas votações que ficaram para hoje. “Provavelmente, não haverá nenhuma alteração substancial. Acho muito pouco provável que passe alguma coisa.”

Ainda falta votar o fim da reeleição, o tempo de mandato de cargos eletivos, a coincidência de mandatos, cota para as mulheres, fim das coligações, cláusula de barreira, voto obrigatório e
data da posse presidencial.

***

Por Jean Wyllys (deputado federal do PSOL)

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Cunha e seus asseclas, derrotados na sua intenção de inscrever na Constituição a prática do financiamento de empresas às campanhas políticas, ainda não se deram por vencidos. Os rumores que correm pela Casa são de que provavelmente irão quebrar o acordo de líderes e colocar uma nova matéria em votação, ainda hoje, com uma sutil diferença: permitir a doação destas empresas aos partidos – e não mais diretamente às campanhas -, o que, na prática, é basicamente a mesma coisa.

A intenção de reformar a política para reforçar suas mazelas está clara, e não podemos baixar nossas guardas, pois, como bem se vê, a prática é rasteira!

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Uma coisa temos que

    Uma coisa temos que reconhecer. O cara trabalha pelas suas necessidades. E ele sabe que o momento mais fraco do parlamento é agora. A curva esta iniciando a inflexão, o que pode indicar mudança no comportamento. Tá explicado a pressa. Mas que ele é um workaholic, ah, isto é. Repito o Jean, atentos!!!!

  2. A matéria legislativa

    A matéria legislativa (financiamento privado de campanha) foi rejeitada. Se a submeter novamente à apreciação do Plenário o presidente da Câmara cometerá uma evidente violação da CF/88 e do regimento da Câmara. Falta de decoro parlamentar que pode resultar na cassação do mandato dele. 

    1. E…………………

      Não sei não Fábio, se bem que gostaria de qque fosse como vc diz, mas ………..

      ” … Cunha deu sinais de que pretende desmembrar o financiamento empresarial para votar de novo o financiamento por pessoa jurídica a partidos políticos -… “, e eles são capazes de tudo, e se o Regimento da Câmara permitir, é o que farão – desmembrarão o financiamento empresarial, para votarem em separado, ai………… f…………..!!!!!!!

  3. Eu sabia que a vitória de

    Eu sabia que a vitória de ontem tava boa demais pra ser verdade… Esse maquiavélico já tá se movimentando de novo!

  4. Concordo

    Em uma coisa, mesmo não gostando deste cara, o povo perdeu. Por que?

    Porque, na proxima eleiçao veremos casos como este.

    Deputado X  recebeu 200 mil votos e não foi eleito,

    Deputado Y recebeu 30 mil votos e foi eleito,

    E o que teremos aqui no site um post enorme reclamendo desta injustiça e varios comentarios de pessoas indignadas com o caso dizendo que o processo é injusto e que devemos ter uma reforma eleitoral.

    E ai podemos dizer que não ha reforma minima pois os politicos eleitos preferem fazer picuinhas politicas a realmente oferecer alguma mudança para o pais.

  5. Sabe aquela história de

    Sabe aquela história de “acuse-os do que você faz”? Pois é, Cunha veio uma vez com a história de que o PT só ganhava quando a câmara ficava com dó. Cunha deixou-se derrotar – e por pouca margem, ainda – nessa história de “distritão” para ficar com o financiamento de campanhas pela iniciativa privada. E ainda me vem com esse blá, blá, blá de “todos perdemos”… que coitadinho, né? Que cara-de-pau, isso sim! Se ficou como era antes, os conservadores ganharam, oras. Esse cara é um manipulador, além de achacador, que não titubeia em alternar arrogância com coitadismo para chegar onde quer. E quer chegar justamente em entregar a gestão pública à iniciativa privada. Alguém aqui acha que a iniciativa privada se importa com injustiças sociais, com desigualdades de poder político ou econômico?

     

    É pastor achacando – e ameaçando – fiel de sua igreja, é empresário tomando conta do erário público, é corrupção sendo institucionalizada bem nos nossos narizes.

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