Desafio de Eduardo Cunha é aprovar distritão contra a vontade da maioria

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Eduardo Cunha (PMDB) pretende votar entre terça (26) e quinta (28) o pacote da reforma política encaminhado pela comissão especial, mas o primeiro item, o chamado “distritão”, terá forte resistência entre PT, PSDB e membros do próprio partido do presidente da Câmara.

Cunha, assim como Michel Temer, presidente nacional do PMDB, é favorável ao distritão, modelo pelo qual se elegem dos deputados mais votados em cada estado. Embora alguns apontem que o modelo melhoraria a representatitivade, detratores salientam que a proposta tende a aumentar a influência do poder econômico nas eleições, além de reduzir o papel dos partidos políticos e dos parlamentares que defendem a bandeira das minorias.

Segundo artigo do jornal Valor desta segunta-feira (25), Eduardo Cunha disse que, para ele, tanto faz se o distritão vai ser aprovado ou não, pois ele consegue se eleger em qualquer sistema estabelecido. Mas, na opinião do presidente da Casa, “Se fizer um plebiscito hoje, vai dar distritão, não tenho nenhuma dúvida disso, porque o eleitor entende que os mais votados entram. O outro modelo você tem que explicar que vai beneficiar o partido que faz a política e que representa a minoria. Explicou demais, ninguém entende.”

O professor de filosofia política da Unicamp, Marcos Nobre, autor do artigo, chamou atenção para o que não parece ser negociável para Cunha e o PMDB: o financiamento privado de campanha.

Sem financiamento privado – algo que poderia acontecer, como já manifestado na opinião da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, com exceção de Gilmar Mendes – a estrutura do PMDB se inviabiliza, pois o partido trabalha com a lógica personalista do candidato com a campanha mais rica – e nesse sentido, Cunha se destaca por ser “solidário” com correligionários.

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Segundo o Estadão, o senador Valdir Raupp (PMDB) lidera um grupo de parlamentares que trabalha para enfraquecer o apoio ao distritão. O partido estaria dividido e uma parcela considerável prefere manter o sistema como está, ou adotar o distrital misto, defendido também do PSDB. No caso, metade dos deputados são eleitos pelo sistema majoritário e a outra metade, escolhidos em lista fechada pelos partidos. “Sem apoio para defender o modelo [exclusivo] de voto em lista, o PT se viu obrigado a unir forças com o PSDB na defesa do voto distrital misto”, publicou o jornal.

Na visão de Cunha, de acordo com o Valor, “o problema é que o PT tem histórico de fazer campanha de partido, não de candidato. E é o único que se beneficia do processo de lista porque é o único que faz campanha partidária.” 

Os líderes partidários se reúnem com Cunha hoje para definir os temas que serão votados. A ordem, segundo informações da Agência Câmara, é a seguinte: sistema eleitoral; financiamento de campanhas; proibição ou não da reeleição; duração dos mandatos de cargos eletivos; coincidência de mandatos; cota de 30% para as mulheres; fim da coligação proporcional; e cláusula de barreira.

Caso o “distritão” consiga o apoio de 308 deputados, o Plenário passará para o próximo tema, o financiamento. Do contrário, o Plenário discutirá uma outra opção de sistema, o distrital misto. Se esse tema perder, será analisado então o sistema de listas partidárias. E se os três modelos forem rejeitados, mantém-se o atual.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Desafio de Eduardo Cunha

    “Se explicar demais ninguem entende”? E chama os eleitores de ignorantes. Por isso, talves, é que ele se elege em qualquer sistema? Com a palavra os que votam nele.

  2. Então vamos seguir o conselho

    Então vamos seguir o conselho dele e fazer um plebiscito para a tercerização também. O Congresso aprovará o que o povo quer, na linha de raciocíno dele, certo? Não precisa explicar muito que o povo vai entender rápidamente o que ela significa.

  3. Mas que arrogante e abusado,

    Mas que arrogante e abusado, hein!? E como é pretensioso e auto-suficiente esse pilantra! Então ele já sabe que se elegerá em qualquer sistema? Como assim? Então bastam os votos dele, da família, dos cupinchas e dos empresários que ele representa? Que tal ele falar isso em rede nacional, especialmente aos incautos eleitores fluminenses, sobretudo do interior, que votaram nele? O canalha assume que o PMDB não é um partido, mas um amontoado de fisiologistas interesseiros. Sim, quem faz campanha partidária é o PT, o único que faz jus ao nome PARTIDO, com todas as qualidades e defeitos que conhecemos. Sub-repticiamente o deputado assume que um dos objetivos da contra-reforma política por ele capitaneada é aniquilar o único partido de esquerda que conseguiu chegar ao poder federal.

  4. Que fala! Além de chamar os

    Que fala! Além de chamar os eleitores de idiotas, afirma que se elege em qualquer sistema (desde que com muuuuito $, é claro, vindo a gente sabe de onde). Ele esquece um pequeno detalhe: sua superexposição deve estar deixando claro até para os eleitores idiotas (palavras do deputado) quem ele é, que interesses representa. Talvez esteja um tiquinho enganado

  5. Mas é de uma arrogância impar

    Mas é de uma arrogância impar este Cunha. Quando e quem está disposto a dar um choque de realidade â capivara?

  6. Eduardo Cunha e a Reforma Política

    Mas quem é inocente, ingênuo, de se espantar com algo vindo deste cidadão? Ele vive na era da ditadura da mídia, aquela que constrói e destrói reputações,  e está à serviço dela, e de seus aliados, nem sequer precisa estar aliado ao tucanato, sua reputação é muito mais blindada, está prestando serviço à eles (mídia). O que quer na verdade é o lugar preferencial dos tucanos na preferência dos patrões, só quem pode nos salvar dele são os próprios tucanalhas, ao verem um estranho tomando seu lugar no ninho, global-americanófilo-mercantil-bancário. Vai vender nossas almas bem baratinho, sem refinamento-elitista-tucanalha-apaulistado.Se ele conseguir mostrar eficiência na aprovação destas matérias estapafúrdias, vai postular um cargo de presidente. E os aliados midiáticos-bancários-mercantilistas-americanófilos vão lhe dar. Até primeira-dama global já tem. E não precisa explicar muito, os Brasileirinhos aceitam, acreditam em tudo. Ê povinho!!!!!!

    Colocando-me sempre à disposição, desde já, agradeço;

    JoãoTeodoro.

  7. TAPETE VERMELHO

    O escroque Cunha, será derrubado  pela arrogância, pela prepotência, pela ambição e pela lÍngua ferina que não cabe na boca.

    O Janot e o Teori só vão puxar o tapete vermelho que tanto ele gosta.

  8. Na verdade o desafio do Eduardo Cunha é garantir o financiamento

    Na verdade o desafio do Eduardo Cunha é garantir o financiamento privado das empresas. Nada degenera mais a política brasileira do que a ação nefasta desses lobbies empresarias. A reforma política em questão nada mais é do que uma contrarreforma para assegurar a hegemonia do capital no Congresso Nacional.

    Caso Eduardo Cunha consiga manter o financiamento privado das empresas nas campanhas eleitorais, terá prestado um serviço decisivo à banda podre do capitalismo periférico brasileiro,

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