Discussão da reforma política será retomada até março, diz Rossetto

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O novo secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, comprometeu-se em retomar o debate da reforma política, e determinou prazo: até março, a discussão será reiniciada. “Vamos cumprir nossa responsabilidade política, que ninguém duvide disso”, afirmou o ministro, durante um café da manhã com jornalistas, nesta terça-feira (13).
 
Durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff defendeu as diretrizes e modificações sugeridas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que encabeça, ao lado de outros movimentos sociais, um projeto de lei de iniciativa popular sobre a reforma. 
 
Rossetto anunciou que já foi marcada uma reunião com representantes da OAB, mas lembrou que a palavra final irá depender do Congresso, o que exigirá um grande esforço e diálogo. “Temos que respeitar um tempo político, a partir de fevereiro. O novo Congresso terá que ser sensível a esse tema”, disse. 
 
Só na Câmara dos Deputados, a reforma é discutida há 20 anos, e o papel da presidente Dilma com as alianças e apoio no Congresso será decisivo para destravar temas como esse. “É uma agenda em aberto porque temos que repactuar alguns acordos”, confirmou o ministro.
 
Outro ponto de espera é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o financiamento privado de campanha, que para o ministro é o tema principal da reforma política. Uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que busca proibir empresas financiarem partidos políticos, candidatos e campanhas eleitorais ainda tramita na Suprema Corte.
 
A ação já foi votada por seis dos onze ministros do STF, em abril de 2014, mas está congelada graças a um pedido de vista de Gilmar Mendes, atrasando o andamento em dez meses. Na ocasião, votaram a favor da proibição os ministros Luiz Fux, relator do processo, Ricardo Lewandowski, Dias Toffolli, Luís Roberto Barroso, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello. Teori Zavaski votou contra, e Rosa Weber, Cármen Lúcia e Celso de Mello não votaram.
 
E o terceiro fator necessário para que a reforma avance, segundo Rossetto, é a mobilização pública. “A sociedade quer uma reforma política”, entende o ministro, reconhecendo que a participação também influirá sobre a forma de consulta popular, seja o plebiscito ou referendo. 
 
“Nenhuma das ideias foi descartada, nem a do plebiscito. A ideia forte é de uma consulta popular. Temos opinião e achamos que plebiscito cria condições melhores para expressar essa opinião [popular]”, afirmou o secretário-geral.
 
Os temas da reforma política ainda serão definidos, ainda que as bases são os projetos já existentes no Legislativo, as propostas da OAB e da sociedade civil.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. O fator Gilmar Mendes

     Sim, se o financiamento privado de campanha está a depender de Gilmar Mendes, a quem se deve recorrer para que o ilustre ministro seja convencido a deixar o processo andar? 

  2. Marcar reforma política é o

    Marcar reforma política é o mesmo que datar pra parar de beber ou pra fazer regime.

           É JÁ,

            E ainda pra  março?

       Até lá dá  pra beber vários barris e degustar   incontáveis porcos.

       ASSIM fica mais difícil pro propósito.

              Antonio Francisco é um trovador.

                 Gosto dele.

  3. Gilmar e a contradição da hipocrisia.

    Em entrevista, Gilmar Dantas, digo, Mendes, disse que só vai liberar seu voto no final do ano, para que as empresas privadas possam financiar os futuros prefeitos e vereadores Brasil afora, Brasil adentro. Todos sabem que os resultados de 2016 terão forte influência nos resultados de 2018.

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