Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
[email protected]

PSOL erra ao votar contra o aumento do fundo partidário, diz Maringoni

“Quem defende o financiamento público de campanha deve, por coerência, defender o aumento do fundo partidário, acompanhado da proibição do financiamento empresarial”, afirma

Jornal GGN – Gilberto Maringoni, jornalista, professor de Relações Internacionais da UFABC e ex-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL, criticou nesta terça-feira (21) a reação de seu partido à sanção do aumento do fundo partidário pela presidente Dilma Rousseff (PT). Enquanto o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) condena a iniciativa do Congresso em nome de correligionários com mandato, Maringoni afirma que aumentar o fundo não só é necessário como precisa vir acompanhado do debate em torno do fim do financiamento empresarial de campanhas.

“Quem defende o financiamento público de campanha deve, por coerência, defender o aumento do fundo partidário, acompanhado da proibição do financiamento empresarial. É correto e mais transparente. Financiamento estatal pode ser fiscalizado de forma clara. Financiamento privado, não. Veja-se os escândalos da Petrobrás, todo marcado por financiamento aos grandes partidos, PT, PSDB e PMDB”, escreveu Maringoni em sua página pessoal no Facebook.

Na visão do socialista, declaradamente contrário ao ajuste fiscal com tom neoliberal encampado por Dilma neste segundo mandato, o argumento de que o fundo possibilita a formação de oligarquias partidárias “não procede”. “As oligarquias se formam especialmente com o financiamento privado. Sua constituição é complexa e está ligada à formação de oligarquias na própria sociedade. Ou seja, com a estrutura de classes no Brasil”, disse.

“Há argumentos colocando que não se deveria aumentar o fundo partidário em tempos de ajuste fiscal. No fundo, trata-se de dizer que já que há ajuste fiscal, deveria haver corte de verbas para os partidos. O que não deve haver é ajuste fiscal. O PSOL erra ao votar contra o aumento”, acrescentou.

Dilma, ao que tudo indica, decidiu não criar mais um impasse com o Congresso e aprovou o aumento do fundo partidário de R$ 289,5 milhões para R$ 867,5 milhões. O salto foi sugerido pelo relator do Orçamento 2015, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Segundo ele, os partidos temem que a arrecadação de recursos privados fique inviabilizada com os desdobramentos da Operação Lava Jato. As legendas queriam, aliás, um valor total de R$ 1,2 bilhão para o fundo.

Outro lado

Em sua página pessoal no Facebook, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) escreveu que é “absurda essa triplicação dos recursos para o fundo partidário.”

“O PSOL, que votou contra a Lei Orçamentária 2015 – por também assegurar cerca de 40% para juros e amortização da dívida, isto é, para o capital financeiro -, vai enviar, amanhã [quarta-feira, 22], ofício à presidente Dilma, para que contingencie esses valores elevadíssimos (já que não os vetou, como esperávamos)”, disse o parlamentar. Segundo ele, o PSOL ainda vai pedir a outros líderes partidários que assinem o pedido de contingenciamento. “Que ajuste injusto é esse, que corta direitos dos trabalhadores e não tem limites para quem já tem recursos suficientes?”, disparou.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

20 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Essa atidude só supota a

    Essa atidude só supota a ideia de que o PSOL é o adolescente que o PT foi quando não tinha a responsabilidade do Poder. Os PSOlistas  liderados por Genro e outros coustumam atribuir os erros do PT à traição do pensamento de esquerda. São essas pessoas que na verdade alimentam a retórica anti-progressita que atua no Brasil e que se encontra em polvorosa. Ser radical só gera desconfiança, seja qual ideologia  for. 

    Vemos o caso da PLFA da terceirização. Podemos ter avanços SIM caso tudo no Brasil seguisse conforme o script. Mas essa PL ainda soa como uma espécie de cavalo de tróia para enfiar o carvão vcs sabem onde no  de quem.

  2. Defeito de fabricação

    O grande defeito de fabricação do PSOL é esse, não tem feeling para o poder. Só é atiradeira e não está no seu DNA ser vidraça. Excelentes deputados e péssimos administradores. A sorte deles é que o povo ainda não elegeu eles para um cargo executivo para ver o que eles fazem.

    Quanto ao voto, é oportunismo em estado puro da matéria, mas isso vem desde os tempos do PT, quando eram os partidários do quanto pior melhor.

  3. Esquece PSOL.
    Isso vive em
    Esquece PSOL.
    Isso vive em uma realidade paralela que só existe na cabeça dos seus integrantes.
    Esquece porque não pode ser usado.

    Melhor contar com o PMDB!

  4. Um impasse político

    Um impasse político intrincadíssimo: se por um lado o aumento guarda coerência com a real possibilidade de redução ao mínimo – até mesmo a anulação – do financiamento empresarial, obviamente que um fundo partidário mais robusto seria uma compensação ao menos parcial. O questionamento se dá na triplicação dos recursos num período de contingenciamento até para atividades cruciais, o que certamente não passará desapercebido por uma opinião pública refratária ao atual sistema político devidamente açulada pela imprensa liberal-conservadora. 

    De outra feita, se a presidente vetasse teria que apresentar um quantitativo para um Congresso cuja característica básica é “primeiro nós, depois nós de novo e que o resto se lasque”. Abrir-se-ia mais uma confusão nas já turbulentas relações com o Legislativo. A oposição e a extrema esquerda decerto iriam tirar suas casquinhas. 

    O que fazer? E eu lá sei. Apenas recomendo ao PSOL, em nome da coerência,  simplesmente abdicar da sua parte nesse quinhão. Faz um DARF e devolve à Fazenda Pública. 

    Como faz falta uma reforma política nessa hora!

     

    1. Essa é a atitude extremamente

      Essa é a atitude extremamente danosa que está enraizada na cultura do brasileiro.

      Achar que recurso público é um banquete ilimitado à disposição para se pegar o quanto quiser, a hora que quiser, e o hipócrita que entender que isso é errado basta não se lambuzar ou abrir mão da sua parte… Assim é o argumento dos nababos gestores de recursos públicos, como se o objetivo fosse ter sempre o máximo possível para gastar.

      O que precisaríamos entender é que todo recurso público deve ser disponibilizado e utilizado com racionalidade. Tão simples quanto isso.

  5. QUE VERGONHA !
    Enquanto são 

    QUE VERGONHA !

    Enquanto são  exigidos sacrificios para os brasileiros,corte de verbas para a educação (500 milhões ),economia no lombo dos desempregados (seguro desemprego ),etc.. ,se aumenta em mais de 500 mihões o Fundo Partidário que vai beneficiar os partidos.Levi Fidelix ,Eymael ,Paulinho ,Lupi,Waldemar Costa Neto ,e  etc..gostaram muito desse aumento .

    DILMA,SE NÃO DEU PARA VETAR ,CONTINGENCIAR PODE ?

  6. Isso é obvio !! Quem defende

    Isso é obvio !! Quem defende o financiamento público de campanha deve, por coerência, defender o aumento do fundo partidário, acompanhado da proibição do financiamento empresarial, Quem tem poder economigo, logo nao precisa do financiamento publico!!

  7. Em tempos de ”aperto do

    Em tempos de ”aperto do cinto” é ,no mínimo, uma excrecência triplicar o fundo partidário.

        Lembrem-se  que não é apenas pro PT e outros.

             Partidos que não elegeram UM deputado tbm se beneficiam.

                Como pode Dilma pedir austeridade e fazer isso?

                  Depois reclama.

                  Ela pensa que Joaquim Levy é milagreiro.

                       ps: Ontem o Uol colocou em sua capa, quase o dia inteiro, que se o mesmo aumento dado aos fundos partidários fosse dado ao salario mínimo nos últimos 20 anos, este salário seria de 77 mil reais.

                     O que é mais importante? O fundo partidário ou o salário mínimo?

                           Este é um governo de ”esquerda” mesmo?

                              Ah…vá….

    1. fundo partidário

      Ah sei, então Dilma iria ficar sozinha contra todos os partidos…?

      é por essas contas mirabolantes que a Folha nao paga as contas..tá fechando memsmo se beneficiando

      do subsidio de nome “papel imune”

  8. Verba de publicidade.

    Caramba, é uma fortuna. É quase o que a “Grobo” sonegou.

    Pensando bem, é pouco, muito puoco mesmo perante a Zelotes, o Swissleak e o Petrolão e o Trensalão.

  9. Fundo Partidário e as reações

    Nassif
    Concordo com Marigoni e mais. Chico Alencar tem se mostrado muito estranho após a saída do PT.
    Contraditório, muitas vezes vota contra o Governo por “convicção” ( quem sabe mágoa) e acaba favorecendo as teses da Direita e da Ultra-direita.
    Fato que me chamou mais atenção do que a reação de Chico foi a do Renan.
    Me explico:
    Partidos sem dependência do dinheiro dos empresários voam mais leve e em questão de tempo podem tornar o PMDB e os Renans figuras desnecessárias.
    Finalizo:
    Se Renan reclamou, se Joaquim Barbosa e a Mídia reclamaram é porque Dilma está no caminho correto.

    Detalhe: 
    Sobre o contingenciamento acho que ele pode ser necessário mas há uma decisão sobre que pertence aos partidos: Usá-lo nos limites de responsabilidade entendendo o momento.
    Sei que partidos agirem assim é demais.
    Vida que segue. 

     

  10. Nem São Francisco de Assis…rsss

    O PSOL tem como referencia Madre Tereza de Calcutá: enquanto seus concorrentes tem dinheir para fazer sua propaganda e até fazer viagens, o PSOL resolveu adotar a pobreza franciscana para vencer…hum…

  11. A base do discurso do PSOL é

    A base do discurso do PSOL é o moralismo (barato) por isso tornou-se conhecido como a UDN de esquerda, salva-se no partido Jean Wylys, Marcelo Freixo e as vezes Marigoni cuja a crítica estou totalmente de acordo.

     

  12. Errado. Voces estão há 12

    Errado. Voces estão há 12 anos e não fizeram nenhuma reforma importante. Sempre sob a alegação que não havia correlação de forças para isso. A direita foi chegar a presidência da Câmara e já tentou reformas que há muitos anos estava guardada e tentou passar como rolo compressor sobre os trabalhadores. Vão ser frouxos assim lá no diretório nacional.

  13. Carroça na frente dos bois…

    Mas o financiamento público não foi aprovado ainda. Porque não aumentar o fundo depois de aprovada a medida _ se aprovada, claro?

  14. Só no Brasil

    Só no Brasil eleição proporcional é em lista aberta. Só no Brasil existe fundo partidário sem clausula de desempenho fazendo com que o dinheiro do povo sustente vagabundos que se auto-concedem salários enquanto dirigentes de siglas fictícias que não elegem sequer um vereador.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador