“Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal”, diz Bloco, que pede ao MNE que cancele a visita

Presidente brasileiro levantou dúvidas sobre as circunstâncias da morte de um activista estudantil em 1974 que o seu próprio Governo atestara há dias que morrera por violência causada pelo Estado durante a ditadura militar.

Bloco diz que Bolsonaro “parece ignorar os fundamentos do Estado Democrático de Direito” REUTERS/ADRIANO MACHADO

do Público.pt

“Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal”, diz Bloco, que pede ao MNE que cancele a visita

por Maria Lopes

Depois de mais um episódio de declarações polémicas do Presidente do Brasil, desta vez sobre a morte de um activista em 1974, e sabendo-se que Jair Bolsonaro visitará Portugal no início do próximo ano, o Bloco de Esquerda quer que o Ministério dos Negócios Estrangeiros cancele a visita “o quanto antes”.

“Jair Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal”, diz o partido num comunicado divulgado ao início da manhã desta quinta-feira, considerando “inaceitável” a realização da visita programada para daqui a alguns meses. A concretizar-se, ela “sinalizaria ao povo irmão do Brasil que o Governo português é conivente com o constante desrespeito pela democracia demonstrado” pelo actual executivo brasileiro liderado por Bolsonaro.

“As afirmações de Jair Bolsonaro causaram uma onda de indignação generalizada, até partilhada por muitos que o têm defendido e apoiado em outras ocasiões”, diz o Bloco, exemplificando com os casos do governador e do prefeito de São Paulo, João Doria e Bruno Covas, que consideraram as afirmações do Presidente inaceitáveis.

Além disso, os comentários foram feitos poucos dias depois de a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, ligada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Governo de Bolsonaro, ter emitido o atestado de óbito do activista em que afirma que este “faleceu provavelmente no dia 23 de Fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.

O Bloco de Esquerda argumenta que “os portugueses e o Governo não podem ficar indiferentes face a um presidente que (…) parece ignorar os fundamentos do Estado democrático de direito, entre eles a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos”.

Redação

4 Comentários

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  1. E que diferença faz para o notável presidente, o fato de ir ou não a Portugal, ou melhor, fora USA, a qualquer país que seja?
    O grandíssimo presidente, ao ser indagado sobre o motivo de tantos tiroteios verbais que atingem diversas pessoas ao mesmo tempo, devolveu com um impressionante “Eu sou assim mesmo”, daí cabendo a pergunta, “assim mesmo” como? O que ainda falta no vasto repertório de asneiras e imbecilidades, para que a pessoas possam ficar preparadas e evitar surpresa?
    Quando trabalho infantil é conversa prá boi dormir; desmatamento descontrolado engorda e faz crescer; população indígena é algo sem qualquer importância, se for dizimada ninguém sentirá falta; Comissão da Verdade não passa de enorme perda de tempo; população sem renda não tem necessidade de BFamília, ao invés de dar o peixe tem que “ensiná-los a pescar”, e por aí seguindo o expressivo conjunto de barbaridades deste bárbaro miliciano, o que se pode esperar é que o boçal seja posto pra fora.
    Acontece que existe um andar de cima pronto para sustentar este camarada no trono.

    1. “E que diferença faz para o notável presidente, o fato de ir ou não a Portugal, ou melhor, fora USA, a qualquer país que seja?”:

      Hei, respeito ai!!! Bolsonaro vai ser declarado Cidadao Honorario dos Emirados Arabes a qualquer minuto agora!

  2. “À medida que a democracia for aperfeiçoada, o cargo de presidente representará, cada vez mais de perto, a alma interior do povo. Em algum grande e glorioso dia, as pessoas simples da terra vão finalmente realizar o desejo de seu coração e o Palácio do Planalto será adornado por um total imbecil.”
    Parafraseando H. L. Mencken

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