Egito reage a declaração de Bolsonaro e se nega a receber chanceler brasileiro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Fala de Bolsonaro provoca cancelamento de encontro com Aloysio Nunes e irrita governo Temer (Pedro França / Agência Senado)

do Congresso em Foco

Egito reage a declaração de Bolsonaro e se nega a receber chanceler brasileiro

Por Fábio Góis

Uma declaração do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), levou a um atrito diplomático entre Brasil e Egito  mesmo antes de o novo governo começar. O governo egípcio cancelou um compromisso oficial com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, depois que Bolsonaro defendeu o reconhecimento  de Jerusalém como capital de Israel, e não da Palestina – tema caro a judeus e palestinos em uma região de conflito que dura mais de meio século.

A ida do chanceler ao país árabe estava prevista para a próxima quarta-feira (7), e incluiria uma série de compromissos diplomáticos entre os o dias 8 e 11 deste mês. Hoje (segunda, 5), o governo brasileiro foi informado por autoridades egípcias que uma mudança na agenda resultaria no cancelamento do encontro com Aloysio Nunes – o que, na comunidade diplomática, soa como um desconvite. O Brasil tem relações comerciais bilionárias com 22 países árabes, todos eles contrários à transferência da capital.

À parte o caráter de desfazimento de compromisso oficial, o cancelamento foi feito em cima da hora, a dois dias da agenda bilateral. Desmarcar encontros diplomáticos às vésperas é algo incomum no protocolo das relações internacionais e uma demonstração clara de descontentamento, o que pode se desdobrar em crise na política externa.

Além da transferência da capital, Bolsonaro cogitou mudar também a embaixada brasileira de Tel Aviv, segunda maior cidade de Israel, para Jerusalém, dando-lhe o status de sede da representação do Brasil. As declarações enfureceram comunidades árabes mundo afora e já provocam prejuízo para atores envolvidos no encontro, como empresários brasileiros que já haviam desembarcado no Egito para acompanhar o ministro.

Reportagem veiculada na tarde desta segunda-feira (5) no site do jornal Folha de S.Paulo informa que, segundo relato de diplomatas, a Liga dos Países Árabes enviou nota à embaixada do Brasil no Cairo, capital do Egito, para manifestar repúdio às declarações de Bolsonaro. Além da comunidade árabe, membros do alto escalão do governo de Michel Temer (MDB) se irritaram com a postura do presidente eleito.

A revolta tem explicação de ordem não só diplomática, mas também comercial. Os países árabes são, juntos, o segundo maior grupo comprador de proteína animal produzida no Brasil. No ano passado, as exportações brasileiras para o mundo árabe somaram 13,5 milhões de dólares, em um contexto em que o superavit brasileiro foi de 7,1 bilhões de dólares.

Imbróglio chinês

Essa não é o primeiro ruído diplomático que Bolsonaro gera com suas palavras nos últimos dias. Nos últimos dias, o governo chinês também reagiu a uma declaração do deputado fluminense sobre a conduta comercial do país asiático diante do mundo.

Na linha do que tem dito o presidente norte-americano Donald Trump mesmo antes de ser eleito, em novembro de 2016, Bolsonaro classificou a China, ainda durante a campanha, como um “predador que busca dominar setores-chave da economia brasileira”. Maior parceiro comercial do Brasil, a China usou seu veículo oficial de imprensa em língua inglesa para advertir Bolsonaro.

“O custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão na história”, diz trecho de editorial chamado “Não há razão para que o ‘Trump Tropical’ revolucione as relações com a China”, publicado na semana passado pelo jornal estatal China Daily. Uma visita recente de Bolsonaro a Taiwan, república considerada como uma cidade rebelde pela China,

A advertência parece ter surtido efeito. Hoje (segunda, 5), depois de ter recebido em sua casa no Rio de Janeiro os embaixadores da China e da Itália, Bolsonaro amenizou o discurso e disse que as relações comerciais entre Brasil e China podem ser ampliadas em seu governo. Empresários chineses estão “em compasso de espera” por sinalizações de Bolsonaro antes de fechar novos negócios, declarou nesta segunda-feira o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, à agência Reuters.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

14 Comentários

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  1. Quem negocia com

    Quem negocia com golpistas,como o motorista do marighela,negocia com qualquer um.É evidente que,em fim de feira,e com as declarações do defenestrado do exército,eleito presidente,nosso irmãos egípcios preferiram negociar com os novos golpistas,só para saber para onde vai a lama.

  2. Brasil sera apartado do
    Brasil sera apartado do mundo. Por 4canos viraremos parias. Duvido q fique alguem no plenario da Onu quando o bolsonaro for discursar representando o Brasil na abertura da Assembleia. Se não perdermos esse privilegio histórico.

  3. Prejuízo comercial e possível

    Prejuízo comercial e possível entrada do Brasil na rota do terrorismo. O Brasil desafia os limites da insanidade auto-destrutiva.

    O grande problema é que o “Trump tropical” não tem bala na agulha para ficar de bravatas a torto e a direta como seu modelo da potência mundial. É como aquele cachorrinho marrento, o Pincher que é igualzinho ao doberman só que dez vezes menor. 

    Vai ter que botar o rabo entre as pernas a cada vez que rosnar para os cachorros grande do canil, se não quiser ser comido

    1. O sonho  de invador a

      O sonho  de invador a Venezuela acabou cedinho……

       

      Foi só a China e a Russia declararem apoio que os valentões se borraram todos……

  4. Segredo de Polichinelo

    O Egito sabe – como todo mundo – que Bolsoraro é a continuação de Temer, que o governo de ambos é exercido na verdade pela mesma turma: a turma do golpe, a turma do capital internacional baseado nos EUA.

    Se até as forças armadas dos EUA – que no papel são instituição pública – estão há muito tomadas pela iniciativa privada, voltando-se inclusive contra o próprio povo dos EUA, com que facilidade o capital privado assalta as instituições públicas brasileiras.

    Se bem que o povo dos EUA é muito mais privatista em sua cultura do que o brasileiro…

  5. Os primeiros resultados da política externa “não-ideológica”

    O Brasil é um país de pauta de exportações de produtos primários; arrumar briga com compradores de seus produtos – que, lembremos, são commodities – é uma ideia ainda pior nesta situação.

    Além disso, ambos os alvos da ideologia bozo tem muito capital e poderiam participar caso realmente haja o tal programa de privatização-até-da-mãe.

     

    O que o bozo faz? Cria uma má vontade nesses compradores, e potenciais investidores, por motivos puramente ideológicos.

     

    Mas tá, né? Ideológica era a política externa de Lula e Dilma.

  6.  
    A ELEIÇÃO DE UM ORANGOTANGO

     

    A ELEIÇÃO DE UM ORANGOTANGO PARA GOVERNAR O BRASIL, PROJETA TORNAR O PAÍS, COMO O MAIOR ZOOLÓGICO A CÉU ABERTO DO MUNDO.

    Coitado do capitão de pijama. O Boçalnato não faz isso por mal. Na verdade o cabra tem a idade mental de um orangotango adolescente. Agora meus caros, é aguardar que os veterinários e domadores das FA, responsáveis por cuidarem da fera, ao cabo,  consigam manter sob controle os instintos do bicho.

    E seja como o diabo deseja.

    Orlando

  7. Espero que as retaliações dos Árabes sejam apenas econômicas

    e diplomáticas. Mas se algum kamikaze forçar um piloto a se dirigir ao Palácio do Planalto?

    Aí aquela faquinha do Adélio nem existe.

  8. Tem que recolocar a focinheira no Bolsa de Bosta imediatamente

    Acharam que o Bolsonaro já podia cagar com a boca e removeram a focinheira. Tá dando muita bosta.

  9. Acertando os ponteiros

    Nassif: tenho que dar razão ao daBala. Se para ele todo negro é bandido (inclusive os que pesam menos de 7 arrobas) e todo árabe, terrorista, que interesse tem o governo dele em manter contato com qualquer desses dois grupos sociais espúrios? Temos que respeitar seu ponto de vista. Hitler tinha o dele e raríssimos alemães o contrariava.

    Quanto a China, outra coisa que eu acho ele deveria manter e intensificar o afastamento total. Afinal, trata-se de Kummunistas. Ele, ouvi dizer, até hoje não se conforme por terem soltado aqueles 9, em 1964. O novo ministro da (in)Justiça já foi incumbido de arranjar uma maniera de declarar o Dr. Sobral Pinto Traidor da Pátria.

    Finalmente, quanto essa de levar a embaixada para Jerusalem, esse foi o cobrado pelo grupo antigamente que carregava (em Varsóvia) a EstrelaAmarela. E vão até passar algum knowhow do Campo de Dachau para que oCoiso, pelo seu home de confiança no Serviço deInteligência, possa purificar a raça ariana-tupiniquim.

    E olhe que estamos só na fase de transição…

  10. A primeira de muitas trapalhadas

    não foi por falta de aviso.

    Agora é só vexame

    Com um detalhe, nem assumiu ainda.

    Vai ser um tal de revogar o revogado.

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