FBI é responsável por ataque hacker a site do governo brasileiro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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de O Globo

Informante do FBI coordenou ataque hacker contra site do governo brasileiro

  • Em 2012, integrante do grupo Anonymous explorou vulnerabilidades em páginas de governos de vários países e transferiu os dados para servidor monitorado pelo FBI
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Hector Xavier Monsegur, o Sabu, participou de ataques contra empresas como PayPal e MasterCard e, depois de preso, se tornou colaborador dos policiais
Foto: Reprodução/NYT
  • Hector Xavier Monsegur, o Sabu, participou de ataques contra empresas como PayPal e MasterCard e, depois de preso, se tornou colaborador dos policiais Reprodução/NYT
     

WASHINGTON – Um informante do FBI coordenou, em 2012, centenas de ataques contra sites estrangeiros, incluindo páginas dos governos de Brasil, Irã, Síria e Paquistão, de acordo com documentos e entrevistas com pessoas envolvidas nos ataques.

Explorando vulnerabilidades em um popular software de hospedagem de sites, o informante orientou pelo menos um hacker na extração de grandes volumes de dados – de registros bancários a informações de login – dos servidores de governos de vários países. As informações foram transferidas para um servidor monitorado pelo FBI, de acordo com um processo judicial.

Até agora, detalhes sobre os ataques vinham sido mantidos em segredo, já que só foram relatados em sessões fechadas de um tribunal federal de Nova York e em documentos censurados. Embora os documentos não indiquem que o FBI ordenou diretamente os ataques, eles sugerem que o governo americano usou hackers para reunir informações no exterior – mesmo enquanto os investidores tentavam desmantelar grupos como Anonymous e mandavam hackers para a prisão.

Os ataques foram coordenados por Hector Xavier Monsegur, que sob o pseudônimo Sabu se tornou um proeminente membro do grupo de hackers ativistas Anonymous e participou de ações contra PayPal e MasterCard. No início de 2012, Monsegur já havia sido preso pelo FBI e passava meses colaborando com os policiais na identificação de outros membros do Anonymous, de acordo com documentos judiciais divulgados anteriormente.

Um deles era Jeremy Hammond, então com 27 anos, que, como Monsegur, tinha se juntado ao Antisec, uma dissidência do Anonymous. Os dois hackers haviam trabalhado juntos em dezembro de 2011 na sabotagem dos servidores da Stratfor Global Intelligence, empresa de inteligência privada com sede em Austin, Texas.

Logo após o caso Stratfor, Monsegur começou a fornecer a Hammond listas de sites estrangeiros vulneráveis ​a ataque, segundo disse o próprio Hammond em entrevista e como mostram os registros de chat entre os dois. O “New York Times” solicitou ao tribunal no ano passado o acesso a versões não censuradas desses documentos, e eles foram apresentados à corte na semana passada com alguns dos trechos revelados.

– Depois da Stratfor, ficou praticamente fora de controle a quantidade de alvos a que tínhamos acesso – disse Hammond, em entrevista este mês na prisão federal onde cumpre pena de 10 anos.

O hacker se declarou culpado e foi condenado por sua participação no caso Stratfor e em outros ataques dentro dos EUA, mas não foi acusado de nenhuma invasão contra países estrangeiros.

Hammond não revelou quais sites de governos estrangeiros Monsegur pediu que ele atacasse. Os nomes dos países-alvo também estão censurados nos documentos do tribunal .

Mas de acordo com uma versão não censurada de declaração judicial feita por Hammond que vazou na internet no dia de sua condenação, em novembro, a lista de alvos incluiu mais de 2 mil domínios. Segundo aquele documento, Monsegur orientou Hammond a hackear sites dos governos de Brasil, Irã, Nigéria, Paquistão e Turquia, além de outras páginas governamentais, como os da Embaixada da Polônia na Grã-Bretanha e do Ministério de Eletricidade do Iraque.

Com relação aos ataques ao site do governo brasileiro, os documentos judiciais afirmam que Monsegur cedeu os alvos a um hacker brasileiro. O hacker – ou grupo hacker, não se sabe -, que usa o nome Havittaja, postou na internet algumas de suas conversas Monsegur nas quais encomenda ataques contra sites do governo do Brasil.

Uma porta-voz da FBI e os advogados de Monsegur e Hammond não quiseram comentar o assunto.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Urgente – Grupo Saravá está

    Urgente – Grupo Saravá está prestes a perder seu principal servidor!
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    PRIMEIRO ROUBO DE DADOS APÓS APROVAÇÃO DO MARCO CIVIL:
    ATAQUE POLICIAL À PRIVACIDADE PODE OCORRER DEPOIS DE EVENTO NETMUNDIAL.

    Publicado em https://www.sarava.org/pt-br/node/102

    Por conta de um processo que corre em segredo de justiça contra a Rádio Muda, a mais antiga rádio livre em operação no Brasil, o principal servidor do Grupo Saravá poderá ser apreendido nesta próxima segunda-feira 28/04 às 13:00.

    A Rádio teve seus equipamentos apreendidos mais uma vez em 24 de fevereiro deste ano[1]. Na esteira desse processo, a procuradoria do Ministério Público Federal prosseguiu o inquérito, desta vez mirando os dados disponíveis no site
    da rádio que possam identificar seus participantes. Uma requisição do MPF assinada pelo Procurador Edilson Vitorelli Diniz Lima formalizou o pedido.

    O servidor do Grupo Saravá que está localizado na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, hospedava a plataforma radiolivre.org, incluindo o site da Rádio Muda – muda.radiolivre.org, e hospeda outros diversos projetos de pesquisa e de extensão, relacionados além da Unicamp a outras universidades públicas brasileiras.

    O Saravá é um grupo de estudos que há dez anos oferece infraestrutura tecnológica, reflexão política e sistemas de comunicação autônomos e seguros de forma gratuita a grupos de pesquisa e movimentos sociais[2]. Em 2008 um dos seus servidores já foi apreendido e até hoje não foi devolvido[3].

    Agora, em 2014, logo após a aprovação do Marco Civil da Internet [4] e a realização de uma conferência mundial sobre a internet na qual o Brasil tentou figurar como bastião da proteção da liberdade na internet, nos deparamos com mais uma tentativa de sequestro de dados, prejudicando a privacidade de projetos de pesquisas e o livre acesso a informações com o fechamento de listas de discussão, sites e ferramentas.

    Julgamos desproporcional a quebra de sigilo de comunicação para os fins do inquérito do MPF. Ademais, o servidor não possui registros que possam identificar usuários/as como parte de sua política de privacidade[5].

    Pedimos solidariedade a todos os grupos, indivíduos e instituições que lutam por uma sociedade e uma internet livre. Na próxima segunda-feira 28/04 às 13h haverá uma manifestação na frente do prédio do Centro de Processamento de Dados do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, todo apoio é bem vindo.

    Pela internet, haverá manifestação em redes sociais e através do envio de mensagens de repúdio ao Ministério Público Federal. Hashtags: ‪#‎SaravaLivre‬,
    ‪#‎netmundial1984‬‪#‎sarava‬‪#‎privacidade‬‪#‎OurNetMundial‬,‪#‎marcocivildainternet‬

    Exigimos a imediata interrupção das investidas policiais contra o servidor do Grupo Saravá e os dados dos/as usuários/as.

    [1] http://intervozes.org.br/fechamento-da-radio-muda-e-mais-um-atentado-contra-a-liberdade-de-expressao-no-brasil/
    [2] Princípios do Saravá: https://www.sarava.org/pt-br/principios
    [3] Sequestro do Saravá em 2008: https://www.sarava.org/pt-br/node/44
    [4] Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm
    [5] https://www.sarava.org/pt-br/privacidade

    1. “Por conta de um processo que

      “Por conta de um processo que corre em segredo de justiça contra a Rádio Muda, a mais antiga rádio livre em operação no Brasil, o principal servidor do Grupo Saravá poderá ser apreendido nesta próxima segunda-feira 28/04 às 13:00.”:

      AGORA eles vem falar que o “segredo de justica” nao era contra eles mas sim contra uma “Radio Muda” que nem foi mencionada no primeiro release, Nilva?????

      Tem alguma coisa erradissima aqui, nao sei o que ela eh.

  2. Impossível!!!!

    Nosso A.M.Araoojow já disse que o FBI não se mete em assuntos externos aos EEUU.

    E, como ele, eu acredito peremptoriamente nesta “vêidadi”!!!

    Portanto, este post não passa de intriga de petistas!

    Infiltrados na Globo.

  3. Que bagulhada sem nexo, e uma

    Que bagulhada sem nexo, e uma estoria muito mal contada, sem pé nem cabeça, atacou sites para que? Com que finalidade? O que se gasta de espaço com bobageira incoerente é impressionante. É mais uma 4ª Frota do Alem.

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